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Estado de Minas

Cabelos grisalhos est�o por um fio

Ap�s desvendar o que provoca o surgimento de pelos brancos, cientistas conseguem reverter o processo. Al�m de ter potencial uso est�tico, o estudo deve beneficiar pacientes com vitiligo


postado em 02/06/2013 00:12 / atualizado em 02/06/2013 09:28

Ciência reverte surgimento dos indesejáveis cabelos brancos (foto: Anderson Araújo/CB/D.A/Press )
Ci�ncia reverte surgimento dos indesej�veis cabelos brancos (foto: Anderson Ara�jo/CB/D.A/Press )
No futuro, disfar�ar os cabelos brancos n�o ser� um problema resolvido nos sal�es de beleza, mas no consult�rio m�dico. Um estudo recente abre caminho para tratamentos que esconder�o um dos sinais mais cl�ssicos do envelhecimento de dentro para fora, dispensando o uso de pigmentos qu�micos. Ap�s anos de pesquisa, cientistas europeus decifraram a raiz do mecanismo molecular que causa o esbranqui�ar dos fios e desenvolveram uma forma de revert�-lo. Al�m dos benef�cios est�ticos, o estudo, publicado on-line pela revista cient�fica The Faseb Journal, promete ajudar tamb�m pessoas com vitiligo, doen�a que causa a despigmenta��o da pele e, em muitos casos, dos pelos do corpo — a revers�o dos fios brancos foi comprovada em 10 pacientes com a enfermidade.

Para chegar ao resultado, a equipe de estudiosos — liderada por Karin Schallreuter, do Departamento de Ci�ncias Biom�dicas e Dermatologia Cl�nica e Experimental da Universidade de Bradford, no Reino Unido — partiu de uma pesquisa realizada em 2009, quando foi poss�vel confirmar uma antiga suspeita: a de que o envelhecimento capilar est� ligado ao estresse oxidativo do organismo.

O estresse oxidativo se relaciona com a teoria do envelhecimento por meio dos radicais livres, mol�culas altamente reativas que provocam a oxida��o celular, um processo natural que ocorre desde o nascimento e � balanceado com a a��o dos antioxidantes. Quando o organismo � jovem, existe um equil�brio entre a produ��o de esp�cies reativas de oxig�nio (EROs, um tipo de radical livre), e a desintoxica��o do organismo, por meio de sistemas biol�gicos que as removem ou reparam os danos causados por elas. Ao envelhecer, a produ��o desses radicais livres tende a superar a capacidade protetora do corpo, levando ao estresse oxidativo.

Em humanos, esse desequil�brio est� ligado a uma s�rie de problemas, alguns graves, como os males de Parkinson e de Alzheimer. E, segundo os pesquisadores europeus, ele leva tamb�m � mudan�a na cor dos fios. Nesse caso, devido a um estresse oxidativo massivo e pontual, por meio do ac�mulo de per�xido de hidrog�nio na raiz mais profunda dos fios, o fol�culo piloso. Esse dano faz com que o fio que cresce naquele local sofra uma altera��o em sua pigmenta��o e cres�a cada vez mais grisalho, at� tornar-se branco.

O primeiro grande feito da equipe de Schallreuter foi entender o que provoca esse ac�mulo de per�xido de hidrog�nio (H2O2) na raiz dos fios. Ap�s examinar em laborat�rio culturas de c�lulas de fol�culos capilares humanos, o grupo descobriu que ele se deve � redu��o de uma enzima chamada catalase, capaz de quebrar o H2O2. Al�m disso, o dano causado pelo excesso do composto n�o � reparado por causa dos baixos n�veis de enzimas denominadas MSR A e B. Essas duas condi��es afetam a forma��o da tirosinase, outra enzima que conduz � produ��o de melanina nos fol�culos pilosos. A melanina � o pigmento natural do organismo respons�vel pela cor do cabelo, cor da pele e cor dos olhos.

Resultados animadores
Depois de decifrarem a combina��o de mudan�as que leva aos fios brancos, os cientistas partiram para uma forma de reverter o processo, ou seja, fazer com que o corpo volte a produzir fios escuros. No estudo divulgado h� poucos dias, foram feitos testes em 10 pacientes com vitiligo — nessa doen�a, n�o s� a pele mas tamb�m cabelos, sobrancelhas, c�lios, barba e pelos do corpo podem sofrer despigmenta��o.

Os participantes receberam um tratamento especialmente desenvolvido pelos pesquisadores e descrito como um composto t�pico ativado com raios UVB, chamado pseudocatalase modificada (PC-Kus). O m�todo mostrou-se eficaz para reduzir o ac�mulo maci�o de per�xido de hidrog�nio. Como consequ�ncia, o aspecto da pele de pacientes teve melhoras e pelos do corpo que estavam despigmentados voltaram � cor original.

O resultado � considerado muito animador pelo pesquisador da Universidade de Nova York e editor-chefe no Faseb Journal, Gerald Weissmann. “Por gera��es, in�meros rem�dios foram desenvolvidos para esconder os cabelos grisalhos, mas pela primeira vez um tratamento de verdade, que chega � raiz do problema, foi desenvolvido”, afirma em um comunicado � imprensa. “Essa not�cia � empolgante, mas ainda mais animador � que ela tamb�m funciona para vitiligo. Essa condi��o, embora tecnicamente cosm�tica, pode ter s�rios efeitos sociais e emocionais nas pessoas. Desenvolver um tratamento efetivo para essa condi��o pode melhorar radicalmente a vida de muitas pessoas”, completa.

Os cientistas respons�veis pelo estudo lembram que outras pesquisas ser�o necess�rias, tanto para aprimorar a t�cnica quanto para torn�-la realmente eficaz. A l�der da investiga��o, no entanto, n�o esconde seu entusiasmo, especialmente a respeito do impacto que pode haver na vida de pacientes com vitiligo. “N�o h� d�vidas de que a perda localizada e repentina da cor heredit�ria da pele e dos cabelos pode afetar as pessoas de muitas formas. A melhoria da qualidade de vida ap�s a repigmenta��o total ou mesmo parcial est� muito bem documentada”, diz Schallreuter, em um comunicado. “(A pesquisa) abre novas janelas para a preven��o e poss�vel revers�o desse processo.”

Para a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Denise Steiner, a ideia de usar a pseudocatalase n�o � exatamente uma novidade. “Essa hip�tese j� foi aventada numa certa ocasi�o, h� algum tempo atr�s, e houve trabalhos realizados por grupos alem�es. Inclusive, havia a tentativa de produzir uma medica��o, mas depois, n�o sei qual foi o impedimento, o trabalho parou”, recorda. Para ela, a proposta ainda precisa de maiores comprova��es cient�ficas, mas � baseada em uma hip�tese que faz bastante sentido. “Acreditamos que, com o passar do tempo, voc� aumenta a oxida��o das c�lulas do organismo e tem a degrada��o de v�rias condi��es, sendo que uma delas facilmente pode estar relacionada � pigmenta��o”, diz.


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