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Estado de Minas DESENHO FIDEDIGNO AOS MOVIMENTOS

Pintura corporal substitui o uso de cad�veres e ganha espa�o em cursos de medicina

T�cnica relativamente recente no Brasil ganha espa�o como alternativa para as aulas de anatomia


postado em 11/01/2014 10:00 / atualizado em 11/01/2014 10:50

Uma das vantagens da técnica apontada por professores e alunos é o fato de ela permitir a interação do
Uma das vantagens da t�cnica apontada por professores e alunos � o fato de ela permitir a intera��o do "modelo vivo" com os estudantes (foto: Mauricio Machado/Divulgacao)
J� se foi o tempo em que cad�veres (humanos e de animais) se constitu�am como �nica op��o de faculdades e universidades para o ensino da anatomia. Depois dos Estados Unidos, onde foi descrita pela primeira vez como estrat�gia de ensino, em 2002, a t�cnica da pintura corporal (bodypainting) ganha adeptos no Brasil. A come�ar do pioneirismo de S�o Paulo, pela Universidade Anhembi Morumbi, seguido pelo Centro Universit�rio Ritter dos Reis (UniRitter) e Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs), ambas em Porto Alegre, as duas cidades sediam a rede internacional Laureate International Universities, que conta com 29 institui��es de ensino em pa�ses da Am�rica, �sia e Europa.


“Ela faz parte de um conjunto de outras t�cnicas, como proje��o corporal, anatomia palpat�ria e anatomia digital, que integram um rol de ferramentas que resultam em uma nova metodologia de ensino da anatomia", explica a psic�loga Juliana Bredemeier, professora respons�vel pela implementa��o da metodologia do ensino da nova anatomia na Fadergs. Segundo ela, a proposta da institui��o para o ensino da anatomia prev� o uso apenas de laborat�rios secos (sem cad�ver) e leva em conta as particularidades de aprendizagem presentes em jovens adultos.

“Adultos necessitam saber o motivo pelo qual devem realizar determinado aprendizado, al�m de aprenderem melhor com a experi�ncia. Eles tamb�m concebem a aprendizagem como resolu��o de problemas e conseguem compreender melhor quando o t�pico tem valor imediato”, acrescenta Juliana, admitindo que os motivadores mais potentes para a aprendizagem do adulto s�o internos.

“Assim sendo, buscamos ferramentas adequadas ao ensino da nova anatomia para esse perfil de aluno adulto trabalhador.” Conforme lembra Juliana Bredemeier, tais ferramentas t�m como embasamento o envolvimento do aluno de forma ativa no aprendizado, saindo da posi��o passiva (em que o professor � detentor do conhecimento) para a investiga��o, o questionamento, o estudo aut�nomo e, principalmente, o envolvimento e o encantamento com a forma��o.

(foto: Mauricio Machado/Divulgacao)
(foto: Mauricio Machado/Divulgacao)
Trazida ao Brasil pela Rede Laureate em 2008 – aqui representada pela Universidade Anhenbi Morumbi–, a t�cnica permitiu que profissionais pudessem desenvolver estrat�gias de ensino em sa�de em cursos como biomedicina, enfermagem, farm�cia, fisioterapia, nutri��o, psicologia, medicina veterin�ria, entre outros. A Fadergs, de acordo com Juliana, come�ou a capacitar uma equipe de professores para a nova t�cnica em novembro de 2012. Na institui��o, a t�cnica j� foi utilizada para trabalhar os sistemas esquel�tico, muscular e cerebral.

O custo � praticamente o mesmo tanto para o uso da pintura quanto do cad�ver. “Al�m de termos investido em mais de 60 horas de capacita��o de professores, a cada aula com bodypainting h� o pagamento para o artista pl�stico e para o modelo, al�m de custos com a compra de material como tinta, espuma, pinc�is e aer�grafo (micropistola de pintura)”, acrescenta Juliana. “� uma t�cnica inovadora que, juntamente com os modelos em resina, exames de imagem, anatomia palpat�ria, livros-atlas, atlas interativo, bodypainting e bodyprojection, proporciona um excelente aprendizado, uma vez que a colora��o � mais pr�xima do natural, em compara��o com o cad�ver, al�m da oportunidade de os alunos poderem observar o corpo em movimento”, atesta a bi�loga e professora Cinara Garrido.

m�sculos e cores Na pintura corporal, de acordo com o artista pl�stico Euler Silva, s�o usadas basicamente tr�s cores: vermelho (tons da carne, para mostrar os m�sculos), branco (tend�es do m�sculo, a parte que une o m�sculo aos ossos) e amarelo com um pouco de branco (ossos). “A pintura corporal segue todas as linhas da musculatura, o que permite acompanhar o movimento do m�sculo (no corpo do modelo), tanto no alongamento quanto na contra��o”, compara Euler, ao lembrar que “no processo tradicional, com o uso de cad�veres que passam por processos qu�micos, para n�o apodrecer, os m�sculos acabam enrijecendo”. “Quando voc� pinta a musculatura no corpo humano, a impress�o que d� � de que foi retirada a pele para a exposi��o da musculatura no corpo. Os alunos ficam impressionados”, acrescenta o artista pl�stico.

Aluna do curso de enfermagem da Fadergs, Nadia de Castro Tavares lembra que o bodypainting n�o tem o odor caracter�stico dos corpos preservados, al�m de facilitar a visualiza��o do que est� sendo ensinado em sala de aula. “Prefiro a pintura porque ela � din�mica, possibilita observar o movimento, ajudando no entendimento/visualiza��o, tanto do m�sculo quanto do movimento executado”, garante a estudante, admitindo que a nova t�cnica � uma experi�ncia �nica no aprendizado.

Como faz quest�o de observar a professora Cinara Garrido, as pessoas envolvidas no ato da pintura corporal (alunos, modelo vivo e artista pl�stico) recebem um termo de consentimento informado para uso de imagens. “H� uma quest�o pedag�gica que envolve o respeito ao ser humano. Os alunos s�o estimulados a desenvolverem uma postura respeitosa frente ao corpo, de modo que precisam entender que o ambiente todo faz parte do aprendizado. N�o podem produzir imagens, devem entender os limites para os momentos de toque e de palpa��o, devem usar jaleco no laborat�rio e condutas de boa higiene com o espa�o”, pontua a professora.

 

Tend�ncia na pr�tica � usar outros materiais

 

No Brasil, o uso de cad�veres em estudos da �rea da sa�de � permitido pela Lei 8.501, de 1992, que sofreu altera��o em 2011, quando ficou definido que o cad�ver n�o reclamado junto �s autoridades p�blicas, no prazo de 30 dias, poderia ser destinado �s escolas. Em 2011, a Comiss�o de Assuntos Sociais do Senado aprovou projeto de lei que estendeu esse direito a cursos como educa��o f�sica, enfermagem, farm�cia, fisioterapia, fonoaudiologia, nutri��o e odontologia, j� que anteriormente o uso de cad�veres para fins cient�ficos era restrito � medicina.

A op��o das universidades da rede Laureate em n�o usar corpos de pessoas mortas, segundo professores da institui��o, visa mesclar a aprendizagem t�cnica com a �tica no contato dos alunos com outras pessoas. Segundo dizem, as aulas pr�ticas com pessoas vivas, al�m de atrair maior aten��o dos alunos, trabalham a conduta e o respeito no grupo. Como gostam de lembrar, a t�cnica � constru�da com a forma��o, mas a �tica vem de ber�o.

Integrante do Comit� de �tica no Uso de Animais (Ceua) da PUC Minas, a professora Maria da Consola��o Magalh�es Cunha lembra que sua experi�ncia na �rea se d� em dois momento. O primeiro diz respeito � utiliza��o do animal em aulas pr�ticas, cuja tend�ncia crescente � de substitui��o por uma s�rie de din�micas, entre as quais pode figurar o bodypainting. J� em um segundo momento, que diz respeito � pesquisa, a tend�ncia � de n�o extrapolar a diretriz dos tr�s erres: replacement (substitui��o), reducement (redu��o) e refinement (refinamento), do Conselho Nacional de Controle e Experimenta��o Animal (Concea), ligado ao Minist�rio da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o (MCTI). A Lei 11.794, de 2008, regulamentou a quest�o no Brasil.

“No ambiente da PUC Minas, o que se percebe em rela��o � pesquisa � o respeito a essas diretrizes”, diz Maria da Consola��o Cunha, salientando que, em se tratando de aulas pr�ticas, a situa��o � um pouco mais complexa. “N�o h� mais d�vida, por�m, de que em futuro muito pr�ximo os animais ser�o substitu�dos por filmes, em aulas demonstrativas, e maquetes, que os laborat�rios de anatomia j� utilizam.” Segundo a professora, tanto o uso da maquete quanto o de animais, que tiveram morte natural ou por atropelamento e foram tratados com a t�cnica de Lacen, � cultural. “N�o h� d�vida de que no ensino o uso de animais � perfeitamente substitu�vel por t�cnicas ou um rearranjo na matriz curricular. J� na pesquisa, basta obedecer a diretriz dos tr�s erres”, acrescenta.


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