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Estado de Minas

Novo equipamento impede funcionamento de carros atrav�s de ondas eletromagn�ticas

M�quina ajudar� policiais a encerrar persegui��es de forma mais segura


postado em 27/02/2014 09:02 / atualizado em 27/02/2014 09:05

Isabela de Oliveira

(foto: Arte D.A Press)
(foto: Arte D.A Press)

Bras�lia – Na luta contra o crime, Batman usa facilidades tecnol�gicas que parecem poss�veis apenas na fic��o. Uma delas, mostrada no filme O cavaleiro das trevas, � uma arma que n�o dispara proj�teis ou fogo, mas sim pulsos eletromagn�ticos capazes de danificar equipamentos el�tricos ao redor. Pois o artefato deve deixar de ser exclusividade do Homem Morcego e pode estar dispon�vel para policiais europeus em 2016.

Um cons�rcio de pesquisadores trabalha no desenvolvimento de um equipamento semelhante ao do super-her�i. Com financiamento de 4,3 milh�es de euros, o Savelec (sigla para controle seguro de ve�culos n�o cooperativos por meio de meios eletromagn�ticos) tem a miss�o de parar carros em fuga de maneira mais segura. A ideia � que, com os pulsos eletromagn�ticos, os policiais sejam capazes de danificar os circuitos eletr�nicos dos ve�culos e n�o precisem manter persegui��es perigosas nem recorrer a armas de fogo ou choques propositais.

O projeto � desenvolvido desde 2012 – coincidentemente, o mesmo ano em que o filme de Christopher Nolan foi lan�ado – por empresas, universidades e institutos de pesquisa de Fran�a, Alemanha, Gr�cia, Espanha e Su�cia, com coordena��o do Instituto Tecnol�gico de Informa��o, Aplica��es e Comunica��es Avan�adas de Val�ncia.

Apesar de parecer surpreendente, a tecnologia de emiss�o de ondas eletromagn�ticas j� � estudada por for�as militares. Seu uso � pol�mico, por poder danificar de maneira indistinta diversos tipos de infraestrutura, incluindo, por exemplo, equipamentos hospitalares e marca-passos. Por isso, segundo o Direito Internacional dos Conflitos Armados (Dica), esse recurso seria uma viola��o aos princ�pios de distin��o entre alvos civis e militares.

Desafios

Diante de tantos riscos, os desafios do cons�rcio europeu que busca criar um equipamento do tipo para circular nas ruas de cidades s�o v�rios. Al�m de se certificar de que a arma funcione, os cientistas precisam garantir que ela n�o represente risco aos policiais que a utilizarem nem �s pessoas dentro do carro atingido, al�m de assegurar que os efeitos n�o sejam sentidos em outros equipamentos ao redor. As consequ�ncias � exposi��o humana s�o avaliadas no contexto da legisla��o europeia.

Uma das preocupa��es, a cargo da fabricante francesa de m�sseis MBDA, tem sido simular, com volunt�rios, como motoristas reagem quando seus carros param de funcionar em alta velocidade. No entanto, os perigos v�o al�m da in�rcia: as ondas eletromagn�ticas, assim como as luzes ultravioleta, podem causar queimaduras na pele.

“Imagine o Sol irradiando por uma lupa sobre um papel. Ele incendeia. Isso acontece porque toda a luz est� concentrada em um ponto apenas, em vez de estar distribu�da. Isso tamb�m pode ocorrer nessa tecnologia, se a intensidade n�o estiver bem calibrada”, explica Jo�o Paulo Chaib, professor do Departamento de F�sica da Universidade Cat�lica de Bras�lia (UCB)

Carlos Daniel Ofugi Rodrigues, professor de F�sica do Centro de Ci�ncias Tecnol�gicas da Terra e do Mar, da Universidade do Vale do Itaja�, em Santa Catarina, observa que, al�m da intensidade, a velocidade de vibra��o vai definir a maneira de a onda interagir com os materiais e estruturas que atingir. “O forno de micro-ondas dom�stico interage com a �gua. O nosso corpo � formado por 70% de �gua, o que significa que uma pessoa exposta a uma energia dessas seria cozida”, lembra Rodrigues. “� preciso ainda observar os efeitos de longo prazo nas pessoas. Isso � perigoso, porque ningu�m vai esperar 50 anos para saber o que essas ondas podem fazer nos organismos. Quais s�o os efeitos cumulativos ningu�m sabe”, acrescenta.

Obviamente, a inten��o dos pesquisadores europeus n�o � cozinhar pessoas nem “fritar” o sistema eletr�nico dos carros. Segundo o site do Savelec, o objetivo � apenas desorientar a eletr�nica do carro para que ele pare, sem quebr�-lo. Chaib ressalta que o os impactos na eletr�nica v�o depender da sensibilidade dos materiais � onda. “Existe uma rela��o entre sensibilidade e intensidade da arma, porque cada material responder� de forma diferente aos feixes. Se a for�a das ondas for grande a ponto de queimar a mat�ria, ent�o haver� perigo. Outra coisa que pode acontecer � um material que est� dentro do carro, como um telefone, ser mais sens�vel. Ent�o, ele sofrer� danos, mas o carro n�o.”

Outra preocupa��o ligada ao projeto s�o as rea��es do controlador humano, no caso o policial, em diferentes cen�rios e condi��es de condu��o. Estudos jur�dicos sobre o uso da tecnologia por parte das for�as de seguran�a europeias ainda ser�o realizados e um marco regulat�rio ser� proposto. Especial aten��o ser� dada �s medidas necess�rias para assegurar um uso seguro e limitado apenas aos fins para os quais a tecnologia est� sendo desenvolvida.

S� novos

Al�m disso, engenheiros da Ag�ncia Aeroespacial Alem� DLR, que integra o cons�rcio, t�m se empenhado em estudar a fundo as unidades de controle de motores (ECUs), que funcionam como a CPU dos carros, para identificar vulnerabilidades. As ondas do Savelec devem atingir a fia��o do ve�culo, que funcionar� como uma esp�cie de antena. Os pulsos desativar�o temporariamente as ECUs, como se as reiniciasse constantemente, at� que elas simplesmente parem de funcionar. S�o basicamente duas as for�as lan�adas sobre o ve�culo, os pulsos eletromagn�ticos e as micro-ondas de alta pot�ncia (veja quadro ao lado).

Os pesquisadores ainda n�o conhecem os efeitos dos pulsos no controle da dire��o e dos freios, mas j� sabem que carros antigos s�o imunes �s ondas. “Se o carro for antigo, daqueles de carburador, sem inje��o eletr�nica, n�o ser� afetado pelas ondas. Em rela��o aos mais modernos, pelo menos o que se sabe � que n�o existe blindagem capaz de conter esses pulsos. A �nica sa�da para os bandidos seria, por exemplo, desenvolver uma tecnologia igual � dos policiais e imobilizar os carros deles tamb�m”, imagina Rodrigues.

Para Chaib, embora a tecnologia seja teoricamente vi�vel, ela poderia ser repensada e dar lugar a um dispostivo mais simples. Os chips localizadores de ve�culos, por exemplo, podem rastrear e parar um carro roubado. “Eles poderiam fornecer informa��es em c�digo para a pol�cia, que poderia simplesmente ativar o chip para cortar a energia do carro, o que o faria frear. Esses alarmes j� existem, e muitos travam os carros exatamente na hora em que ele est� sendo roubado”, sugere o professor.

 

Descobertas
Em 1873, o escoc�s James Maxwell previu com equa��es a exist�ncia e a propaga��o de ondas eletromagn�ticas. As ondas de r�dio foram produzidas pela primeira vez por Heinrich Hertz, em 1888, e foram o ponto de partida para um novo tipo de comunica��o. At� ent�o, a luz era a �nica representante do espectro eletromagn�tico na ci�ncia. O primeiro ind�cio de outras formas apareceu em 1800, quando um cientista chamado William Herschel encontrou a luz infravermelha. Em 1845, Michael Faraday observou que a luz polarizada poderia percorrer um material transparente relacionado a um campo magn�tico. A �ltima por��o do espectro eletromagn�tico foi desvendada com a descoberta dos raios gama por Paul Villard, em 1900.

 


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