Shirley Pacelli
Vamos combinar: h� sempre um objeto em casa encostado, sem uso, esquecido em um canto. Sair da in�rcia e do�-lo nem sempre � tarefa f�cil. � preciso ir em busca de um interessado ou de uma institui��o id�nea para receb�-lo. Alguns grupos no Facebook promovem esse encontro, como o Reciclista, citado em mat�ria do Inform�tic@ em agosto do ano passado (https://bit.ly/NxFS62). O problema � que, por vezes, as doa��es se perdem no limbo de coment�rios e postagens. Infelizmente, o modelo de grupos do Face nem de longe arranha a excelente organiza��o existente nas inesquec�veis comunidades do Orkut. Diante desse impasse surgiu a startup Doatorium (doatorium.com.br), plataforma de doa��es com 350 cadastrados at� o momento. A iniciativa est� concorrendo a uma das vagas na segunda rodada de acelera��o do Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development, ou simplesmente Seed.
Autodenominando-se como sonhador e fundador da startup Doatorium, Jos� Carlos Andradas Junior, de 34 anos, empreende desde os 14 anos de idade e j� teve cinco empresas tecnol�gicas. Fazendo a manuten��o da seguran�a eletr�nica dentro das casas, ele sempre ouvia: “Z� Carlos, sabe quem est� precisando de uma bicicleta?”. E, por outro lado, conhecia in�meras pessoas precisando de alguma coisa. Assim, ele se debru�ou sobre o projeto para conectar esses indiv�duos.
O empreendedor diz que o objetivo da plataforma � criar uma consci�ncia s�cio-ambiental: “Em vez de entulhar, o indiv�duo doa aquilo que n�o usa mais”. No site voc� posta aquilo de que quer se desfazer e aquele que se interessar pelo item fica encarregado de busc�-lo. Cabe ao doador escolher quem leva sua oferta. Assim que um usu�rio faz a solicita��o do item que se est� ofertando, � poss�vel saber quem ele �, se j� pediu tr�s celulares e um sof� na semana etc. Jos� Carlos ressalva que sua plataforma � exclusiva para doa��es. Caso queira vender, j� existem sites como o Mercado Livre e o aplicativo Bondsy (bondsy.com), tamb�m para trocas.
A startup recebeu um investimento-anjo de R$ 20 mil em setembro de 2013. Em sua fase beta, a utiliza��o � gratuita. A equipe estuda um modelo de neg�cios onde quem quiser adquirir algum item paga uma taxa de R$ 5 na primeira aquisi��o e obt�m o direito de pegar o que quiser na semana seguinte. Em breve, haver� algumas novas fun��es na plataforma: ser�o inseridos campos de busca de institui��es para doa��es e locais corretos de descarte de diferentes materiais.
Marketing de causas
Outra startup que promove o encontro de interesses � a Sociact (sociact.com), uma rede de publicidade que tem o objetivo de captar recursos para institui��es sociais reconhecidas no Brasil e no mundo. “Gente querendo mudar o mundo n�o falta, mas boa parte das entidades n�o consegue recurso”, afirma Bruno Sales Rabelo, de 26, administrador e um dos s�cios da startup.
A Sociact � uma empresa de tecnologia da informa��o respons�vel pelo desenvolvimento de um mecanismo pioneiro de adnetwork (rede que conecta sites e disponibiliza o invent�rio para comercializa��o de publicidade para ag�ncias e anunciantes). Al�m de potencializar o retorno de marketing, promove e viabiliza a continuidade de diferentes projetos sociais. A novidade ser� resguardada por direitos autorais da patente do c�digo-fonte no Brasil, e nos Estados Unidos j� foi dado in�cio ao processo de patenteamento. O lan�amento da plataforma p�blica est� programado ainda para o primeiro semestre.
A ideia surgiu em 2010, a fim de captar recursos para institui��es sociais – tentar fazer o bem, mas de uma forma escal�vel (crescer com escala). Em 2012, ela recebeu aporte de um investidor anjo. Hoje, a startup tamb�m est� concorrendo a uma vaga do Seed e busca por novos investimentos. As empresas poder�o comprar cliques ou p�ginas visualizadas. A Sociact encontra os canais de divulga��o. Um selo da startup ser� visualizado junto � propaganda, informando o internauta que parte do custo daquele an�ncio ser� repassado para uma institui��o. “Sabemos que boa parte das compras tem um v�nculo emotivo. Assim, humanizamos a marca”, afirma Bruno.
Atualmente, h� 290 mil organiza��es n�o governamentais no pa�s. O processo mais rigoroso de certifica��o dessas entidades � para alcan�ar o t�tulo de utilidade p�blica federal – apenas 10% delas t�m. Sendo assim, os empreendedores pretendem trabalhar apenas com esse nicho, que inclui o Instituto Ayrton Senna em n�vel nacional e o Sistema Divina Provid�ncia, o Grupo do Beco, o Hospital da Baleia, no regional. “Podemos captar mais de R$ 4 milh�es por ano para cada institui��o”, ressalta Bruno. Ele afirma que a startup ir� abrir m�o de aproximadamente 68% do lucro para repassar �s entidades. A expectativa � fazer 600 campanhas no primeiro ano de abertura.
Inova��o, uai!
O Seed � um programa para o desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo e startups criado pelo governo de Minas Gerais. Para a segunda rodada de acelera��o, 1.435 startups (de 34 pa�ses e 21 estados do Brasil) se inscreveram. O resultado ser� divulgado no dia 17. Os 40 melhores projetos de cada etapa recebem, durante seis meses, capital para custear o desenvolvimento de uma vers�o lan��vel ou de pelo menos uma prova de conceito do seu produto ou servi�o. Al�m disso, s�o oferecidos um programa de mentoria sob medida, espa�o de coworking e conex�o com uma comunidade global de empreendedores.
seed.mg.gov.br