
Mas espera a�! Internet 5G como, se a 4G ainda engatinha no pa�s como substituta da velha 3G, que nunca chegou a todos os cantos do pa�s e h� muito n�o atende �s necessidades? Para o professor do Departamento de Ci�ncias da Computa��o da Universidade Federal de Minas Gerais Daniel Fernandes Macedo, as tecnologias 5G talvez sejam oferecidas daqui a uma d�cada e, por isso, o m�ximo que se pode fazer agora � especular. “Sempre h� alvos de desempenho para cada tecnologia que guiam o seu desenvolvimento. Por exemplo: na �poca dos primeiros celulares digitais, esperava-se que o telefone pudesse transmitir, em forma digital, a voz com a mesma qualidade de um telefone normal. Considerando as necessidades futuras do usu�rio, pode-se esperar que a 5G seja capaz de transmitir, em tempo real, v�deos de alta resolu��o no novo padr�o 4K, tecnologia de transmiss�o que foi testada nesta Copa do Mundo e que j� conta com aparelhos de TV no Brasil”, diz.
Para chegar a essa velocidade, segundo ele, as empresas e universidades est�o estudando diversas outras tecnologias. “As antenas inteligentes podem direcionar o sinal para o receptor de forma a diminuir as interfer�ncias, permitindo mais transmiss�es ao mesmo tempo”, informa, lembrando que o uso de frequ�ncias mais altas do espectro tamb�m ser� explorado, porque essas frequ�ncias s�o capazes de transmitir maior capacidade de dados. Por�m, frequ�ncias mais altas s�o absorvidas mais facilmente, diminuindo a �rea de cobertura das torres de celulares.
De qualquer forma, seja qual for a abordagem tecnol�gica escolhida, os desafios v�o ser grandes. “Praticamente, n�o existem mais espa�os vazios no espectro eletromagn�tico a serem explorados”, afirma o professor da UFMG, ressaltando que um exemplo � a 4G no Brasil, na faixa de 700MHz. “O governo estuda usar a mesma faixa da 4G dos Estados Unidos para baratear os aparelhos, mas as empresas de televis�o j� indicaram que existem canais sendo transmitidos em frequ�ncias pr�ximas, o que poderia gerar interfer�ncia entre a televis�o e a telefonia. O mesmo deve acontecer na 5G.”
Para Daniel Fernandes, outro desafio da 5G � aumentar a velocidade de transmiss�o sem aumentar o consumo de energia. Para transmitir dados em velocidades maiores, � preciso um sinal com maior nitidez, o que � feito muitas vezes com um aumento da pot�ncia do sinal. Isso gera maior consumo de energia. “Todo mundo conhece esse efeito de perto: um celular 2G precisava ser recarregado uma vez por semana; hoje, um celular 3G t�pico pede carga a cada um ou dois dias. O 5G ter� que transmitir mais dados e continuar consumindo n�veis de energia bem similares aos atuais”, afirma.
Mas, enquanto a 5G procura mais velocidade, segundo o professor, h� tamb�m tecnologias que buscam o menor consumo de energia e, por isso, transmitem muito menos dados. “Quando pensamos em transmiss�o de dados com menor consumo de energia, pensamos nos dispositivos compactos, que se alimentam por baterias. � a chamada internet das coisas: um sensor de presen�a, um medidor card�aco ou de passos, um alarme dom�stico. Para esses dispositivos, uma carga da bateria deve durar de dois a cinco anos e, por isso, todo uso de energia � otimizado. As ‘coisas’ seguramente n�o v�o usar 5G, exceto algumas ‘coisas’ grandes, que ser�o ligadas � tomada, como uma TV”, completa.
Mais rapidez e estabilidade na conex�o
Quando a tecnologia 5G estiver devidamente implantada, tudo vai ser conectado. Para Wilson Cardoso, diretor de tecnologia da Nokia Networks para a Am�rica Latina, uma das grandes premissas no desenvolvimento da 5G � oferecer maior velocidade para os usu�rios combinada com mais estabilidade nas conex�es. “Os trabalhos iniciais buscam conectar nossos dispositivos m�veis no futuro com velocidades acima de 1GBps, ou seja, as mesmas que s�o alcan�adas com fibras �pticas hoje nas conex�es das nossas casas ou empresas”, explica. Segundo Cardoso, outra �rea que pode ser usada como exemplo � a de internet das coisas, que envolve a conex�o de m�quinas com a internet, tais como sensores, carros, m�quinas de cart�o de cr�dito etc.
“Atualmente, uma m�quina de cart�o, por exemplo, gasta muita pot�ncia para transmitir, pois a rede n�o tem cobertura perfeita. Com a 5G, imagina-se que a cobertura estar� t�o avan�ada que n�o ser� preciso despender quase nenhuma pot�ncia para transmitir, al�m de haver uma diminui��o na lat�ncia (intervalo em que se solicita algo da internet e recebe a resposta)”, revela, salientando que ser� poss�vel criar softwares cada vez mais inteligentes e capazes de reagir em tempo real, possibilitando, por exemplo, que um carro n�o colida com outro.
Por falar em internet das coisas, ind�strias e especialistas apostam que haver� com a 5G uma verdadeira avalanche de produtos que se integrar�o a ela. Apenas como exemplo, isso significa que, com os dispositivos e a tecnologia � m�o, o usu�rio vai poder receber pelo smartphone ou outro gadget informa��es da sua geladeira – que determinado produto est� acabando ou que o prazo de validade de outro est� expirando. Tamb�m com a velocidade e capacidade de armazenamento propiciadas pela tecnologia, as cidades poder�o ficar inteiramente conectadas. Uma cidade inteligente vai poder, dessa forma, identificar situa��es anormais e enviar informa��es que ajudem ao usu�rio, desde que ele tamb�m esteja conectado. Situa��es de tr�nsito ruim e de como se safar dele s�o um exemplo de como a tecnologia poder� atuar.
Uso de bandas diferentes
O diretor da Nokia diz ainda que n�o existe uma defini��o totalmente clara do que � a 5G, mas que h� algumas coisas que come�am a ocorrer com a 4G que nos levam a vislumbrar a pr�xima gera��o. “E, por isso, talvez essa tecnologia n�o esteja t�o longe. Um caminho seria combinar as diferentes redes hoje existentes (2G, 3G e 4G) em uma rede �nica, o que levaria as operadoras a oferecerem uma velocidade maior ao usu�rio. Estamos hoje num processo de pesquisa sobre o que vamos colocar no mercado entre seis a 10 anos, como ocorreu com o 4G.”