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Estado de Minas

Dados sobre cometa refor�am tese de que vida na Terra teve elementos que vieram do espa�o

Primeiros dados sobre o cometa 67P, acompanhado por uma sonda espacial, refor�am a tese de que elementos importantes para o surgimento da vida na Terra foram trazidos por objetos desse tipo. Estudo do corpo ajuda tamb�m a desvendar a forma��o do Sistema Solar e do Universo


postado em 23/01/2015 00:12 / atualizado em 23/01/2015 10:52

Roberta Machado

Bras�lia – Os primeiros dados colhidos pela sonda Rosetta est�o ajudando os cientistas a conhecer melhor o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, o primeiro objeto do tipo a ser visitado por uma miss�o espacial. O corpo celeste de formato incomum d� sinais de que est� no est�gio avan�ado de uma vida muito ativa, que pode ter come�ado h� mais de 4,5 bilh�es de anos e guardar respostas sobre a hist�ria da Via L�ctea e do Universo. Um relat�rio sobre as primeiras descobertas da miss�o foi publicado em uma edi��o especial da revista Science, na qual uma s�rie de artigos descreve a estrutura do cometa e levanta teorias sobre o seu passado.

A sonda enviada pela Ag�ncia Espacial Europeia (ESA) acompanha o 67P desde agosto, quando encerrou uma ca�ada pelo espa�o que durou mais de uma d�cada. A miss�o permitiu o registro de imagens e informa��es sobre um cometa ativo com um detalhamento in�dito, imposs�vel de ser obtido a partir da Terra. A espa�onave ainda liberou, em novembro, o rob� Philae, que pousou na superf�cie do corpo e realizou um intenso trabalho de reconhecimento da superf�cie rochosa antes de se desligar por falta de energia, 60 horas depois.

“O principal objetivo da miss�o � aprender mais sobre o Sistema Solar ao estudar um cometa de perto. Para isso, Rosetta vai construir um perfil global, estudando a intera��o dos ventos solares e a composi��o detalhada da cauda e do n�cleo. Al�m disso, essa � a primeira miss�o a estudar esses assuntos ao longo do tempo e analisar a evolu��o dos cometas”, explica Myrtha Haessig, pesquisadora do Instituto de F�sica da Universidade de Berna, na Su��a.

Elementos de vida

Os equipamentos encontraram uma complexa mistura de elementos org�nicos compat�vel com a forma��o dos principais componentes que fazem parte da vida na Terra. Os dados corroboram a teoria de que os cometas tenham trazido esse material para o planeta no passado, quando floresceram em um ambiente prop�cio e deram origem a componentes como amino�cidos e, posteriormente, aos seres vivos.

As fotos em alta resolu��o revelaram que o 67P � coberto de depress�es e rachaduras, que podem ser resultado de muitos anos de atividade. Muito frio, ele viaja pelo espa�o a 55 mil quil�metros por hora e � afetado por cada viagem em torno do Sol, o que causa a libera��o de parte do seu gelo em forma de vapor. Essa din�mica forma a famosa cauda do cometa, que � basicamente a prova da constante desintegra��o do objeto, formado por g�s congelado, poeira e rocha porosa.

Acredita-se que a rocha tenha dado muitas voltas no Sistema Solar, perdendo grande parte da sua �gua gelada. At� ent�o, os equipamentos n�o conseguiram identificar concentra��es de gelo no 67P, que parece ser constitu�do mais de poeira do que de �gua. “De fato, ele parece ter menos gelo do que outros cometas”, ressalta Fabrizio Capaccioni, pesquisador do Instituto de Astrof�sica e Planetologia Espacial de Roma (INAF) e coautor dos estudos publicados na Science.

“� uma morfologia muito peculiar, o que o torna excepcional, se comparado a outros que vimos antes. Certamente, isso � uma not�cia muito boa, j� que essas caracter�sticas apontam para um cometa muito primordial, que pode nos dizer muito sobre os primeiros est�gios da evolu��o do Sistema Solar”, acredita o italiano.

As descobertas v�o depender de como o cometa se comporta nas suas diferentes “esta��es”, como s�o chamadas as mudan�as de ambiente causadas pela exposi��o � luz solar. A temperatura do 67P varia constantemente, o que resulta em uma cauda irregular, que libera gases de composi��es diferentes a cada momento. Um dos lados, no entanto, permanece constantemente na sombra, sendo invis�vel para os instrumentos da Rosetta. Os pesquisadores ainda n�o sabem descrever que tipos de elementos podem estar na parcela obscura do monolito.

Espera-se que o objeto revele mais sobre si em agosto, quando ele deve atingir o ponto mais pr�ximo do Sol em sua longa �rbita. O aquecimento do objeto deve causar verdadeiras erup��es, expulsando parte do n�cleo gelado em forma de vapor. A Rosetta continua acompanhando o cometa durante essa fase, quando ser� poss�vel estimar a velocidade com que o 67P est� se desintegrando e descobrir mais informa��es sobre como esses corpos evoluem.

Patinho

Talvez a quest�o que mais chame a aten��o sobre o 67P � seu formato irregular dividido por uma grande fenda, que rendeu ao objeto o apelido de Patinho de Borracha, dado pelos pesquisadores. � nesse “pesco�o” que a Rosetta registrou a maior atividade, com a libera��o de muito vapor e detritos. “A perda de material � significativa, j� que a gravidade no pesco�o � baixa, e o g�s tem um caminho f�cil para levar a poeira embora”, explica Holger Sierks, do Instituto Max Planck de Investiga��o do Sistema Solar.

Os pesquisadores est�o divididos entre duas teorias sobre a estranha din�mica do cometa: uma estima que as duas partes principais do objeto tenham se unido em uma �rea distante do Sistema Solar, enquanto a outra aponta a possibilidade de que o grande monolito tenha sofrido um intenso processo de eros�o, desgastando a regi�o como uma ma�� que � comida ao redor do centro.

O impasse s� pode ser resolvido com um estudo mais detalhado sobre os l�bulos que formam o cometa bin�rio. Se os dois lados tiverem composi��es muito diferentes, a hip�tese da colis�o passa a ser mais prov�vel – os pesquisadores j� constataram que o 67P � coberto de pequenos calombos, formados por peda�os de rocha que colidiram com o n�cleo quando ele ainda era jovem.

Qualquer que seja o passado do cometa, no entanto, o futuro dele provavelmente reserva uma separa��o tr�gica. Acredita-se que a constante atividade na �rea do pesco�o tenha causado rachaduras que podem dar um fim repentino � jornada do patinho de borracha espacial. “O cometa pode se quebrar cedo ou tarde. N�o seria o primeiro a se partir”, afirma Sierks.

 


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