
Resultados de uma a��o desenvolvida em Florian�polis (SC), com base em tecnologia de uma startup mineira que teve como investidor um fundo nascido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Myleus Biotecnologia, foram recentemente apresentados em evento em Belo Horizonte, e indicaram que testes de DNA podem mostrar se um alimento foi fraudado. O trabalho feito no ano passado na ilha, localizada no Sul do Brasil, permitiu a identifica��o de peixes comercializados clandestinamente. Os resultados foram documentados em artigo publicado na revista cient�fica inglesa Food Control.
A partir da an�lise de mol�culas dos peixes, chegou-se � conclus�o de que 24% das 30 amostras coletadas em supermercados, peixarias e restaurantes de Florian�polis apresentavam fraudes. Estas correspondem, na maioria dos casos, � venda de esp�cies de qualidade inferior � anunciada e/ou incompat�veis com a normatiza��o do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa). Esse tipo de teste evita que o consumidor pague por algo que n�o est� consumindo, al�m de problemas de sa�de relacionados � alergia a determinados produtos. A certifica��o protege ainda os produtores s�rios da concorr�ncia desleal. “A an�lise do DNA pode contribuir para que os produtores ofere�am produtos certificados e os consumidores possam conhecer a qualidade dos alimentos que chegam � mesa. Os testes s�o realizados em pequenas amostras dos produtos, que podem ser enviadas � empresa ou coletadas pela mesma”, salienta Marcela Drummond, presidente da Myleus Biotecnologia.
Os testes s�o utilizados para verificar se a esp�cie presente em um determinado produto de origem animal ou vegetal � a mesma que aquela declarada no r�tulo ou no informativo do produto. “Em Florian�polis, foram analisadas 30 amostras de pescados coletadas em supermercados, mercados, peixarias e restaurantes. Dessas, 24% n�o pertenciam � esp�cie declarada no momento da venda. O DNA do material biol�gico contido em uma amostra � analisado e tem-se o resultado sobre a esp�cie presente. S�o realizados, ent�o, testes de DNA que nos permitem saber quais esp�cies est�o presentes em determinado produto de origem animal ou vegetal”, acrescenta Marcela.
Ela ressalta que os testes s�o �teis para a detec��o da fraude por substitui��o de esp�cies. “Na grande maioria dos casos, essa � uma fraude econ�mica, j� que o produto � substitu�do por outro de menor valor agregado. A fraude pode levar a problemas para a sa�de humana, j� que o consumidor consome um determinado alimento ou droga vegetal sem saber o que est� consumindo, podendo levar a problemas al�rgicos, por exemplo. Ainda, algumas vezes, encontramos esp�cies amea�adas de extin��o sendo vendidas no lugar daquela declarada no momento da venda. Dessa maneira, os testes podem ser utilizados por ind�strias, supermercados, restaurantes, para se protegerem de uma poss�vel fraude de seus fornecedores. Esses mesmos players podem usar os testes para garantir ao seu consumidor final que os seus produtos n�o s�o fraudados e t�m uma garantia da esp�cie ali presente. Al�m disso, o teste pode ser usado por �rg�os de inspe��o e por �rg�os de prote��o ao consumidor para fiscalizar os produtos que est�o sendo comercializados no pa�s”, acrescenta a presidente da Myleus Biotecnologia.
A Myleus Biotecnologia � a primeira empresa a receber investimentos da Fundep Participa��es (Fundepar), criada no �mbito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com o objetivo de fomentar startups (empresas jovens e extremamente inovadoras em qualquer �rea ou ramo de atividade, que procuram desenvolver um modelo de neg�cio escal�vel e repet�vel). Outros projetos de pesquisadores da UFMG tamb�m receber�o aportes da Fundepar, numa pol�tica de incentivo � inova��o. No caso da Myleus, o repasse foi de R$ 500 mil. Os recursos est�o sendo investidos no desenvolvimento da empresa, especialmente na implementa��o de laborat�rio pr�prio.
“A inje��o de recursos na forma de seed money (capital fornecido � empresa num est�gio pr�-operacional para a constru��o de um prot�tipo) em empresas nascentes de base tecnol�gica � de extrema import�ncia para possibilitar o crescimento e a manuten��o do empreendimento. Esse tipo de empresa n�o tem f�lego para sustentar o seu desenvolvimento no m�dio prazo e precisa de capital externo para realiz�-lo. Essa � uma das bases da economia do conhecimento, para acelerar a transfer�ncia do saber acad�mico para o dom�nio da sociedade”, acrescenta Marcela Drummond.
Outros produtos podem ser investigados
Al�m dos pescados, os testes podem ser feitos em derivados l�cteos, como queijos e leite de b�fala, cabra e ovelha, em produtos c�rneos processados e in natura, como hamb�rguer e lingui�as, e em produtos de origem vegetal, como drogas vegetais, ch�s e madeira. “Os testes s�o comercializados para empresas ao longo de toda a cadeia produtiva. Devido � sua alta sensibilidade, eles podem ser aplicados at� mesmo em amostras j� processadas, como um peixe j� cozido. A Myleus apoia a iniciativa de �rg�os e entidades civis, assim como empresas que se disp�em a combater a fraude por substitui��o de esp�cies no Brasil. Nosso papel � suprir essas entidades com as ferramentas necess�rias para essa finalidade. Nesse sentido, somos capazes de desenvolver testes de acordo com a demanda de cada um, colocando ferramentas � sua disposi��o”, diz Marcela. Ela salienta que a Myleus n�o tem um conv�nio com o Mapa para fazes os testes com frequ�ncia, mas que j� h� um indicativo de que o �rg�o tem interesse em implantar uma parceria em breve e, diante disso, a empresa est� se preparando para ser um laborat�rio credenciado pelo minist�rio.
O evento contou com a presen�a de representantes do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa), Procon Assembleia, da Vigil�ncia Sanit�ria, da Procuradoria de Defesa do Consumidor, do Instituto Mineiro de Agropecu�ria (IMA), do Movimento das Donas de Casa, da Proteste e do Minist�rio da Pesca e Aquacultura, al�m de outras institui��es.