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Estado de Minas

Formigas lava-p�s s�o consideradas pragas urbanas no Brasil

Pesquisa quer entender h�bitos desses animais para desenvolver controle mais eficaz da esp�cie


postado em 19/04/2015 20:00 / atualizado em 19/04/2015 20:02

Bertha Maakaroun

(foto: Stefânia Sangi/Divulgacao )
(foto: Stef�nia Sangi/Divulgacao )
End�mica no Norte do pa�s, principalmente na floresta amaz�nica, ela j� � considerada, do Oiapoque ao Chu�, uma praga no ambiente urbano. De carona no transporte de alimentos, chegaram n�o s� a todos os rinc�es do Brasil, mas h� um s�culo tamb�m entrou pelo Sul dos Estados Unidos, onde s�o consideradas esp�cie ex�tica invasora. De l�, a formiga migrou para a Calif�rnia, Caribe, China, Taiwan, Filipinas e Austr�lia em pelo menos nove invas�es distintas. Na Am�rica do Norte, elas se chamam fire aunts. Aqui, s�o as formigas lava-p�s, cientificamente conhecidas como Solenopsis saevissima.

Essas formigas respondem por 35% das picadas de insetos em humanos: com a mand�bula cortam a pele da v�tima e injetam veneno com propriedades t�xicas, que provoca dor intensa. Al�m de dolorida, o seu ataque provoca bolhas, alergias e at� choque anafil�tico. As picadas nunca s�o solit�rias. Em quest�o de segundos, sobem rapidamente e em quantidade pelas pernas das pessoas. Centenas de ferroadas atingem principalmente crian�as e idosos distra�dos, que pisaram nos ninhos.

Como combater a praga esta � a quest�o a que se dedica F�bio Prezoto, professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), coordenador do Laborat�rio de Ecologia Comportamental e Bioac�stica (Labec), desde 2011 investigando o comportamento desses animais em busca de maior efici�ncia para extinguir essas formigas.

Depois de acompanhar por mais de um ano centenas de col�nias de lava-p�s encontradas no pr�prio campus da UFJF, agora Prezoto entra em uma nova fase do projeto “Como reduzir acidentes com formigas lava-p�s”: coleta dados para testar alternativas de combate. At� meados do ano que vem, ele, que j� tem publica��es internacionais sobre o tema, apresentar� nova possibilidade de controle. O projeto envolve colabora��o cient�fica de 12 professores, entre eles Odair Correa Bueno, e alunos de tr�s institui��es: al�m da UFJF, o Centro de Estudos de Insetos Sociais, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, e o Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora.

ARQUITETURA DO NINHO
“Ainda n�o h� produto espec�fico j� testado para o controle desta esp�cie. Os inseticidas usados para o combate de outras esp�cies nem sempre s�o suficientes para eliminar a col�nia, que � profunda”, explica. Quando aplicado, o inseticida atinge apenas uma por��o do formigueiro. “Ainda n�o conhecemos toda a arquitetura do ninho, mas as col�nias se comunicam. Quando acertamos uma por��o do ninho, verificamos que o restante da col�nia migra e se junta a outra nas proximidades”, afirma Prezoto.

(foto: Stefânia Sangi/Divulgacao )
(foto: Stef�nia Sangi/Divulgacao )
A observa��o dos formigueiros durante a pesquisa considerou quatro tipos de ambientes: o natural, perto de �rvores e troncos ca�dos; a grama; a interse��o entre vegeta��o e ambientes artificiais, como a borda de uma cal�ada em contato direto com a grama; e ambientes artificiais, como cal�adas e passeios. Os ninhos t�m, em m�dia, volume de 50 litros – entre 30 e 40 cent�metros de profundidade, largura entre 20 e 22 cent�metros, e 40 cent�metros de comprimento. “Mas j� chegamos a trabalhar com uma col�nia que tinha um metro e meio de comprimento”, afirma o professor, considerando que h� milhares de formigas em um �nico ninho.

O tamanho das col�nias varia de acordo com a �poca do ano. “No per�odo chuvoso � mais f�cil escavar o solo por causa da umidade. Por isso ficam maiores no ver�o e menores no inverno”, assinala Prezoto, acrescentando que para um combate mais eficiente e menos agressivo ao meio ambiente, a pesquisa indica que o inseticida deve ser aplicado durante o per�odo de seca – de abril a setembro, conforme artigo publicado por ele na revista Florida Entomologist, em junho do ano passado.

INFESTA��O Diferentemente de outras esp�cies, que pela restri��o de recursos e de alimenta��o n�o encontram tudo o que necessitam para a sua sobreviv�ncia em centros urbanos, as formigas lava-p�s apresentam um enorme sucesso em ocupar ambientes alterados, pouco favor�veis � biodiversidade. “Essa esp�cie prospera muito em cidades”, considera Prezoto, lembrando que no Norte, frequentemente, moradores de v�rios munic�pios enfrentam infesta��es, como j� ocorreu em Novo Aripuan�, a 220 quil�metros de Manaus. Quintais que eram utilizados para ro�as foram praticamente abandonados. Grilos, lagartos e ratos desapareceram da cidade e at� atividades rotineiras, como brincadeiras no p�tio e conversas embaixo das �rvores, passaram a representar risco � popula��o. Experi�ncia semelhante j� tiveram no mesmo estado as cidades de Eirunep�, Envira e Novo Air�o.

As formigas lava-p�s s�o predadoras vorazes. “Elas se aproveitam de restos de alimentos variados, � disposi��o no ambiente. O pr�prio lixo gerado � grande fonte de recursos. Nos jardins, elas se alimentam da fauna de insetos”, afirma Prezoto. Elas s�o dif�ceis de controlar. “Nosso objetivo final �, ao compreender a biologia desses animais, entendendo seus h�bitos e comportamentos, tra�ar uma medida de controle o mais perto poss�vel da efic�cia completa.”

 

Lado ben�fico

A formiga � o bicho mais abundante da Terra. Se for feito um quadrado na floresta amaz�nica de 100x100 metros, ser�o encontradas 8 milh�es de formigas no solo. S�o conhecidas mais de 12.600 esp�cies, mas estima-se que esse n�mero possa chegar a 20 mil esp�cies. Apesar dos danos que causam, as formigas s�o organismos ben�ficos para todos os ecossistemas terrestres. Promovem a aera��o do solo, incorporam nutrientes ao solo, polinizam plantas, s�o eficientes predadoras de outros artr�podes, manipulam sementes para sua alimenta��o, promovendo a germina��o de algumas esp�cies de plantas, que sem esta interfer�ncia n�o germinariam com sucesso.


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