
“� o ouro da Amaz�nia. Costumamos dizer que � brasileiro, mas � o europeu que o conhece. � t�pico de v�rzea e a popula��o daqui n�o o consome”, resume Aguiar. A propriedade do camu-camu como fonte de vitamina C � conhecida desde os anos 1960, e sua popularidade como alimento funcional cresceu lentamente at� que surgisse possibilidade de exporta��o para pa�ses como o Jap�o. O camu-camu tamb�m � encontrado no Peru (que investe na sua comercializa��o), Bol�via, Col�mbia, Equador e Venezuela.
Nos estudos feitos no Inpa, os trabalhos come�aram com a adapta��o da planta, um arbusto com cerca de quatro metros de altura, em terra firme. “Em igap�s e florestas alagadas, ela s� frutifica uma vez por ano. Fora desse ambiente, em solo seco, com aduba��o e irriga��o uma vez por dia, a planta d� frutos tr�s vezes ao ano”, explica o pesquisador. A polpa foi, ent�o, processada, transformada em p� e encapsulada, formato que garante maior validade em prateleira.
Para os testes em humanos, foram criados dois grupos: um recebeu c�psulas de vitamina C e outro, de camu-camu em p�. Os pesquisadores conclu�ram que o p� da fruta amaz�nica contribuiu para a diminui��o do colesterol total (e de uma de suas fra��es, o LDL) e de a��car no sangue, al�m de ter tido efeito na redu��o de peso. A redu��o do colesterol total foi, em m�dia, de 33% no grupo que tomou camu-camu, contra 16% do outro.
Cada c�psula, preenchida com puro p� da fruta, continha 320mg de �cido asc�rbico. Para se ter ideia, um �nico fruto do camu-camu pesa entre 6g e 10g e cont�m cerca de 180mg de vitamina C, o dobro da necessidade di�ria de um adulto. No momento, busca-se comprovar tamb�m sua efic�cia na preven��o de alguns tipos de c�ncer, entre outros benef�cios.
“� uma fruta muito rica em fibras sol�veis e insol�veis, ou seja, � boa para quem sofre com intestino preso. Tamb�m tem muito pot�ssio e baixo teor de s�dio. � um fruto bastante rico em antocianina, com propriedades antioxidantes e anti-inflamat�rias, por isso estabiliza o n�vel de a��car no sangue. Fora isso, auxilia o sistema imunol�gico, retardando envelhecimento ao inibir os radicais livres que danificam as c�lulas sadias do corpo. O camu-camu tem de tudo”, diz Aguiar.
VARIABILIDADE GEN�TICA Outra fronteira no estudo do camu-camu � o aumento do n�vel de vitamina C nos frutos colhidos de arbustos plantados em terra firme, j� que os de terrenos alagados, em geral, cont�m cerca de 30% a mais dessa subst�ncia. “Temos estudado a variabilidade gen�tica para selecionar as melhores plantas nesse sentido, al�m de buscar ter frutos grandes e maior produtividade”, adianta Aguiar. Ele calcula que cada colheita renda entre 10 mil e 20 mil frutos por hectare, sendo que podem ser tr�s por ano no caso do plantio fora de zonas alagadas.
Um dos respons�veis pela domestica��o do camu-camu � Kaoru Yuyama, pesquisador do Laborat�rio de Melhoramento de Fruteiras do Inpa, que tamb�m observa aspectos agron�micos e biol�gicos nesse estudo. Al�m de ter verificado que em terra firme o per�odo reprodutivo da planta se estende ao longo do ano (em vez de ficar concentrado numa frutifica��o), ele descobriu que o cultivo sistematizado permite colheita dos frutos em �pocas de maior concentra��o de vitamina C e antocianina.
O Inpa j� solicitou patente sobre o camu-camu (o que pode dizer respeito a produtos e/ou processos ligados � fruta), de maneira que os interessados em comercializar seus derivados (como as c�psulas) precisariam solicitar permiss�o ao instituto. “Com certeza, investir no camu-camu � muito lucrativo. Ele tem sido muito plantando, inclusive em S�o Paulo. Os frutos v�o muito para a Europa, Estados Unidos e Jap�o, na forma de polpa, e estamos estudando como fazer barra de cereal com eles”, conclui Aguiar.
