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Estado de Minas

Tecnologia ajuda a desvendar a evolu��o da m�sica pop

Software com tecnologia para analisar genes tra�a caminho da m�sica pop ao longo de 50 anos. Estudo mostra, por exemplo, que a est�tica dos Beatles foi antecipada por outros artistas


postado em 15/05/2015 11:00 / atualizado em 15/05/2015 11:32


Bras�lia – Quem antes s� acompanhava os sucessos pelo r�dio, viu a revolu��o do videoclipe e hoje vive na era da m�sica digital sabe: a m�sica popular passou por uma s�rie de revolu��es desde a d�cada de 1960. Da invas�o do rock brit�nico � era disco, das batidas dos anos 1980 aos versos do rap norte-americano, o jeito de fazer (e ouvir) composi��es mudou muito nos �ltimos 50 anos. Mas ser� que d� para explicar como as mesmas paradas musicais que eram dominadas pelos Beatles acabaram invadidas por artistas como Snoop Dog? Com a ajuda de um computador, pesquisadores brit�nicos est�o tentando desvendar as regras da evolu��o da m�sica pop.

O estudo comparou mais de 17 mil m�sicas produzidas ao longo de cinco d�cadas. Os t�tulos – que representam 86% das can��es que chegaram � lista de 100 maiores hits da Billboard americana entre os anos de 1960 e 2010 – foram analisados pelo computador em segmentos de 30 segundos. A m�quina transformou os arquivos de �udio em dados que representavam diferentes “ingredientes musicais” e mediu a preval�ncia de cada caracter�stica nos t�tulos que fizeram sucesso ao longo dos anos.

 “Nos �ltimos 15 anos, a tecnologia tem melhorado muito, e n�s podemos extrair informa��es sobre os acordes, as batidas, o timbre e muitas outras coisas”, explica ao Estado de Minas Matthias Mauch, pesquisador da Queen Mary University, de Londres. O programa p�de apontar quais per�odos foram marcados por composi��es mais diversas e que �pocas tiveram menos variedade musical. “Com as novas t�cnicas de an�lise dispon�veis, uma nova e mais emp�rica ci�ncia da m�sica se torna poss�vel. No futuro, estudiosos da cultura n�o poder�o ignorar esse componente”, acredita Mauch.

Algoritmos

As m�sicas foram separadas em 13 grupos, que simplificam a variedade de estilos lan�ados nas �ltimas d�cadas. Com a ajuda de algoritmos de bioinform�tica, originalmente usados para descobrir a fun��o de genes de seres vivos, o computador agrupou can��es de g�neros similares, como jazz, funk e soul; country e folk; e new wave e eletr�nica.

A pesquisa mostrou, por exemplo, que a primeira grande mudan�a na hist�ria recente da m�sica ocorreu em 1964, ano em que os Beatles dominaram as paradas de sucesso com seis hits diferentes. Mas o computador tamb�m revelou que essa revolu��o n�o foi iniciada pelo garotos de Liverpool ou pelos Rolling Stones, outro vetor not�vel da invas�o brit�nica.

A an�lise do software indica que algumas das caracter�sticas mais marcantes desse per�odo, como o destaque para o som da guitarra, j� eram not�veis nos r�dios antes da beatlemania. Os brit�nicos seriam, portanto, respons�veis pela populariza��o global de um estilo que j� dava seus primeiros passos no in�cio daquela d�cada.

Padroniza��o

As m�sicas que fizeram sucesso nos Estados Unidos a partir de 1967 evidenciaram um tipo diferente de harmonia, que hoje relacionamos ao funk, ao disco e ao soul. A morte da era da discoteca coincidiria com o segundo per�odo de mudan�as, iniciado em 1983, ano em que o chamado rock de arena, representado por bandas como Van Halen e Queen, come�ava a perder for�a para o new wave. Em 1986, a m�sica atingiu o maior marasmo criativo das �ltimas d�cadas, com a padroniza��o dos hits movida pela populariza��o da percuss�o eletr�nica e dos softwares de mixagem.

A simplifica��o, explica o m�sico Eduardo Castro, � uma tend�ncia que pode ser observada na evolu��o da m�sica h� s�culos. “A m�sica medieval tinha cinco vozes, e elas compartilhavam momentos de improvisa��o. Isso era muito mais complexo do que o jazz, por exemplo”, compara o brasileiro, que � pesquisador na Escola Superior de M�sica de Genebra, na Su��a.

O fen�meno recente constatado pelo software confirma o que estudiosos da m�sica j� notavam h� algum tempo. “� medida que a partitura foi evoluindo, a m�sica foi ficando mais simples e anotada. Isso tem a ver com a tecnologia tamb�m. A m�sica pode ser feita em maior quantidade e com mais facilidade, usando programas de computador”, aponta Castro.

A domin�ncia das estruturas mais simplificadas pode ser notada, por exemplo, quando o software constata a lenta morte do jazz e do blues no gosto popular. Os g�neros representam o grupo de melodias mais complexas analisadas pelo computador, marcadas pelo aspecto “sujo” da improvisa��o usado pelos compositores e int�rpretes para criar uma tens�o emocional. Essas m�sicas gradualmente perderam popularidade e hoje contam com um espa�o 75% menor do que representavam nas paradas de sucesso em 1960.

 A an�lise dos sucessos ap�s 1986 mostra, no entanto, que a diversidade musical voltaria com tudo – e de forma inesperada.

De acordo com dados colhidos pelo sistema eletr�nico, a mudan�a mais radical da m�sica popular moderna ocorreu em 1991, ano em que o Salt-n-Pepa dividiu as paradas de sucesso com Rythm Syndicate e DJ Jazzy Jeff & The Fresh Prince. Com o nascimento do rap e do hip-hop, os acordes tradicionais acabaram esquecidos pelos m�sicos, que deram um destaque maior ao ritmo marcado pelo timbre dos pr�prios cantores.

O pr�ximo passo dos pesquisadores brit�nicos � usar a tecnologia para descobrir como essas mudan�as ocorrem. “� empolgante poder estudar a evolu��o da m�sica popular cientificamente. Mas agora queremos ver porqu� a m�sica tem mudado”, ressalta Armand Leroi, da Imperial College de Londres, principal autor do estudo e que, com sua equipe, vai agora analisar can��es de outros pa�ses al�m dos Estados Unidos e compreender como a m�sica se distribui pelo globo. Eles acreditam que, com a tecnologia, ser� poss�vel quantificar e encontrar padr�es na arte.“

 


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