
Todo dia, em m�dia, tr�s novas tecnologias de ponta saem do forno de ind�strias da pequena Santa Rita do Sapuca�, no Sul de Minas, prontas para entrar no mercado mundial. L�, a tranquilidade t�pica do interior contrasta com o ritmo acelerado das inova��es. O munic�pio de apenas 40 mil habitantes abriga o Vale da Eletr�nica, formado por tr�s institui��es de ensino e 153 empresas de setores que v�o da inform�tica � telecomunica��o. N�o por acaso, o lugar � comparado ao Vale do Sil�cio, polo tecnol�gico na Calif�rnia, nos Estados Unidos, criado na mesma �poca, nos anos 1950. Mais de 13 mil produtos s�o fabricados na cidade mineira, que deixou parte da tradi��o do caf� e do leite para se enveredar no universo dos fios, placas e softwares. Desde ent�o, Santa Rita criou filhos ilustres, como a urna eletr�nica, o chip do passaporte eletr�nico e o transmissor de TV digital nacional, para citar apenas tr�s deles.
Somente no ano passado, o Vale da Eletr�nica, situado entre as montanhas que cercam o Rio Sapuca�, faturou R$ 3 bilh�es. “Somos o maior polo tecnol�gico de eletroeletr�nica do Brasil e �nico cluster maduro da �rea no pa�s”, afirma o presidente do Sindicato das Ind�strias de Aparelhos El�tricos, Eletr�nicos e Similares do Vale da Eletr�nica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto. Significa dizer que Santa Rita do Sapuca� re�ne toda a cadeia produtiva, desde a pesquisa, o desenvolvimento at� a fabrica��o do produto.

E o Vale da Eletr�nica n�o para de lan�ar equipamentos e tecnologias de olho nas demandas do mercado nacional e internacional – a regi�o exporta produtos para 41 pa�ses. No m�s passado, empresas santa-ritenses apresentaram em S�o Paulo, na Exposec, maior feira da Am�rica Latina do setor de seguran�a eletr�nica e patrimonial, as mais modernas tecnologias do setor desenvolvidas no Sul de Minas. Est�o entre elas uma central de alarmes em miniatura com 400 sensores e um filtro de linha que elimina o consumo stand-by de aparelhos eletr�nicos e chega a economizar at� 15% de energia.
A precursora desse processo de inova��o foi a santa-ritense Luzia Renn� Moreira, a Sinh� Moreira. Mulher viajada e � frente de seu tempo, ela fundou no munic�pio, em 1959, a Escola T�cnica de Eletr�nica (ETE), primeira de n�vel m�dio da Am�rica Latina. Seis anos depois, foi criado o Instituto Nacional de Telecomunica��es (Inatel), primeiro centro de ensino e pesquisa a oferecer curso superior na �rea de telecomunica��o. Para completar, tamb�m se estabeleceu na cidade a FAI, centro de ensino superior em gest�o, tecnologia e educa��o.

A forma��o de estudantes empreendedores, ligados � �rea de tecnologia e inova��o, foi passo decisivo para impulsionar o polo eletroeletr�nico em Santa Rita do Sapuca�. Atualmente, o Vale da Eletr�nica emprega 14 mil trabalhadores, muitos formados pelas institui��es de ensino do munic�pio. “A expans�o da educa��o plantou uma semente em Santa Rita que permitiu a transforma��o da realidade”, afirma o diretor do Inatel, Marcelo de Oliveira Marques, que comemora os 50 anos da institui��o.
Roberto Souza Pinto refor�a que a primeira empresa da cidade, que atualmente pertence a uma multinacional japonesa, surgiu dentro da escola t�cnica. “Isso quando nem se falava em incubadora de empresas. Santa Rita � uma f�brica de f�bricas”, afirma. “Hoje, Santa Rita � a menina dos olhos do Brasil. Os empres�rios s�o t�cnicos, t�m mestrado, doutorado. A empresa tem mercado, produto, gest�o”, diz.
O presidente do Sindvel atribui o sucesso da regi�o a uma “tr�plice h�lice”, formada por academia, ind�stria e governo. “Esses grandes diferenciais do vale s� s�o poss�veis e vi�veis por meio dos benef�cios oferecidos pelo governo e, caso eles se extirpem, a gera��o de renda, de emprego e os ganhos ser�o repassados para outros pa�ses que detiverem uma tecnologia parecida e mais competitividade. Se n�o h� incentivo fiscal, n�o h� competitividade”, afirma.
