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Estado de Minas

C�rebro de aves re�ne, proporcionalmente, mais neur�nios do que o de mam�feros

Isso mostra por que araras e corvos, por exemplo, t�m alto desempenho cognitivo


postado em 19/06/2016 06:00 / atualizado em 19/06/2016 10:11

Grande quantidade de neurônios no prosencéfalo explica habilidades cognitivas observadas em laboratório(foto: Elderth Theza/Divulgação)
Grande quantidade de neur�nios no prosenc�falo explica habilidades cognitivas observadas em laborat�rio (foto: Elderth Theza/Divulga��o)
O c�rebro das aves costuma ser bem pequeno. Por isso, os bichos emplumados s�o citados, em diferentes culturas, quando se quer ofender a intelig�ncia de algu�m. No Brasil, por exemplo, usas-se a express�o “c�rebro de galinha” para esse fim, enquanto em pa�ses de l�ngua inglesa, recorre-se a um termo semelhante: bird brain (c�rebro de passarinho).

Agora, um novo estudo, liderado pela neurocientista brasileira Suzana Herculano Houzel, chega para mudar o sentido dessas express�es. A pesquisa, publicada na revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences revela que, embora de tamanho modesto, o c�rebro das aves costuma concentrar mais neur�nios que o de mam�feros na regi�o do prosenc�falo, a por��o do �rg�o associada ao comportamento inteligente.

Um exemplo claro � o da arara e de algumas esp�cies de pequenos macacos. Enquanto o c�rebro da ave n�o ultrapassa o tamanho de uma noz, o dos s�mios pode ser comparado a lim�es. No entanto, quando se mede o n�mero de neur�nios, a arara sai em vantagem. “Por muito tempo, ter um ‘c�rebro de passarinho’ foi considerado algo ruim. Agora, por�m, fica claro que deveria ser um elogio”, diz Houzel, que recentemente se transferiu da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para a Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos.

O trabalho que a brasileira assina como autora-s�nior, ao lado de Pavel Nemec, da Universidade Charles em Praga (Rep�blica Checa), � o primeiro a medir sistematicamente o n�mero de c�lulas nervosas no c�rebro de mais de duas d�zias de esp�cies de aves, de tamanhos que v�o do min�sculo mandarim (Taeniopygia guttata), com cerca de 12g, ao emu, esp�cie gigante australiana que chega a 1,6m de altura.

HABILIDADES O levantamento explica como p�ssaros podem, com seus min�sculos c�rebros, desempenhar tarefas cognitivas complicadas, uma d�vida que h� anos intriga neuroanatomistas. Desde a d�cada passada, experimentos iniciados com papagaios, araras e corvos mostraram que esses animais s�o capazes de construir e usar ferramentas, ter insights para resolver problemas, reconhecerem-se em um espelho e fazer planos de acordo com necessidades futuras, todas essas habilidades que antes eram consideradas exclusivas dos primatas.

Uma hip�tese levantada para explicar os resultados desses experimentos foi a de que aves deveriam apresentar conex�es cerebrais muito distintas das de primatas. Dois anos atr�s, contudo, essa ideia se mostrou errada, ap�s um estudo detalhado do �rg�o de pombos concluir que a organiza��o neuronal desses dois tipos de bichos � bem parecida. A pesquisa divulgada agora mostra que, na verdade, a resposta do enigma est� na capacidade de abrigar mais neur�nios.

“N�s descobrimos que os p�ssaros, especialmente araras e aves canoras, t�m um n�mero surpreendentemente grande de neur�nios, especialmente na regi�o que corresponde ao c�rtex cerebral, que abriga fun��es cognitivas elevadas, como planejamento e identifica��o de padr�es. Isso explica por que eles exibem um n�vel de cogni��o ao menos t�o complexo quanto o de primatas”, afirma Houzel em um comunicado � imprensa.

TAMANHO
Essa configura��o se torna vi�vel porque os neur�nios dos animais de penas s�o menores e mais densamente concentrados. As araras, por exemplo, t�m quase o dobro de c�lulas nervosas que primatas com c�rebro do mesmo tamanho, e quatro vezes mais que o de roedores de massa similar. Al�m disso, a maioria dos neur�nios nas aves se concentra no prosenc�falo.


Ao projetar c�rebros, explica a neurocientista, a natureza pode lan�ar m�o de dois par�metros: o primeiro � o tamanho e o n�mero de neur�nios, e o outro, a distribui��o das estruturas ao longo das diferentes �reas cerebrais. “Nas aves, notamos que ambos os par�metros foram utilizados”, diz. Embora a autora reconhe�a que a rela��o entre intelig�ncia e n�mero de neur�nios ainda n�o tenha sido fortemente estabelecida, Houzel e colegas argumentam que a configura��o observada no estudo parece dar um poder cognitivo por quilo maior ao p�ssaros do que aos mam�feros.


Mostrar que nem sempre c�rebros maiores s�o os mais poderosos � uma importante contribui��o trazida pela pesquisa, avalia a brasileira. “O �rg�o das aves mostra que h� outra maneira de adicionar neur�nios: manter a maioria deles pequena e fazer com que apenas uma pequena porcentagem cres�a para fazer conex�es mais longas”, ressalta Houzel.


Segundo ela, o trabalho, ap�s elucidar uma importante quest�o, gera novas d�vidas. Essa configura��o concentrada exige um gasto energ�tico maior? O tamanho pequeno dos neur�nios � consequ�ncia de um processo de adapta��o a corpos menores e capazes de voar ou uma estrat�gia j� presente em ancestrais dos p�ssaros n�o compartilhados com os mam�feros? S�o perguntas para as quais neurocientistas de todo o mundo j� podem come�ar a buscar respostas.


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