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Estado de Minas

Quimioterapia reduzida � metade

Tr�s e seis meses de tratamento diminuem igualmente o risco de recorr�ncia do c�ncer de c�lon de fase 3, indica estudo com 12,8 mil pacientes. Pesquisadores defendem a nterven��o mais curta como forma de amenizar os efeitos colaterais


postado em 21/06/2017 00:12

Paloma Oliveto - Enviado especial*


Chicago (EUA) — Importante para prevenir a recorr�ncia do c�ncer depois da cirurgia de remo��o do tumor, a quimioterapia, contudo, � uma abordagem agressiva, acompanhada de diversos efeitos colaterais. Um estudo apresentado no congresso da Asco, a Associa��o Norte-Americana de Oncologia Cl�nica, mostra que, para um grupo de pacientes, � poss�vel reduzir o tempo de tratamento pela metade. Al�m dos ganhos na qualidade de vida, a estrat�gia significa economia financeira, n�o apenas com os medicamentos, mas em rela��o a atendimento cl�nico e realiza��o de exames.

O estudo foi baseado em seis ensaios cl�nicos realizados em 12 pa�ses da Am�rica do Norte, Europa e �sia, com um total de 12,8 mil pacientes de c�ncer de c�lon de fase 3 (quando o tumor se disseminou para linfonodos pr�ximos, mas n�o se espalhou para outros �rg�os) submetidos � cirurgia de remo��o do tumor. Financiado por um conglomerado de empresas farmac�uticas, o trabalho teve como objetivo determinar se tr�s meses de quimioterapia preventiva s�o t�o eficazes quanto os seis meses habituais para evitar a recorr�ncia da doen�a.

A subst�ncia usada na quimioterapia para c�ncer colorretal � a oxaliplatina, que tem um n�vel alto e cumulativo de toxicidade. Entre os efeitos colaterais mais comuns est�o diarreia, fadiga e queda na contagem de c�lulas do sangue. O principal deles, por�m, � a neuropatia, condi��o caracterizada por dor, fraqueza e paralisia nos nervos das m�os e dos p�s. De acordo com os autores do trabalho, por causa dessas intercorr�ncias, alguns pacientes chegam a interromper o tratamento preventivo. Diferentemente de outros efeitos da qu�mio, como a queda de cabelo, que � passageira, essa complica��o pode durar por toda a vida.

Os ensaios cl�nicos compararam o risco de retorno da doen�a tr�s anos depois da cirurgia em pessoas submetidas � quimioterapia por tr�s e seis meses. As estat�sticas mostraram que as do primeiro grupo tiveram 75,5% de chance de desenvolver o tumor novamente, ao fim do per�odo de acompanhamento. J� entre os que fizeram a qu�mio ao longo de seis meses, esse percentual foi de 74,6%. Entre os considerados em baixo risco de recorr�ncia, a diferen�a foi ainda menor: 83,1% ( tr�s meses) e 83,3% (seis meses).

Os dados fazem os pesquisadores defender uma mudan�a nas recomenda��es do tratamento de pacientes que passaram por cirurgia para a remo��o de c�ncer do c�lon. No caso dos que se encaixam no perfil de baixo risco, eles sustentam que o ideal � o regime de tr�s meses. O estudo tamb�m mostrou que as pessoas que fizeram qu�mio por esse per�odo tiveram menos efeitos colaterais: de 15% a 17% sofreram neuropatia, enquanto que, no grupo de seis meses, os percentuais variaram de 45% a 48%.

“Nossa descoberta pode beneficiar cerca de 400 mil pacientes de c�ncer de c�lon em todo o mundo, a cada ano”, disse Qian Shi, pesquisadora da Cl�nica Mayo em Rochester, e primeira autora do artigo apresentado na Asco, que terminou ontem em Chicago. Esse n�mero corresponde a 60% dos casos anuais globais da doen�a, caracterizados como baixo risco. “H� mais de 10 anos, n�o acontecem mudan�as de paradigma no tratamento”, alertou. Nos EUA, h� 95,5 mil novas ocorr�ncias da doen�a por ano. No Brasil, a estimativa do bi�nio 2016-2017, segundo o Instituto Nacional de C�ncer, � de 34.280 novos diagn�sticos.

J� os pacientes de alto risco, definidos como portadores de tumores do n�vel 4, os pesquisadores defendem que a escolha entre tr�s e seis meses deve ser ponderada. A pesquisadora Cathy Eng, do Centro de C�ncer MD Anderson, da Universidade do Texas, que n�o participou do estudo, por outro lado, n�o recomenda mudan�as no regime antes que se realizem mais ensaios cl�nicos. “A dura��o final da terapia � sempre uma quest�o de discuss�o entre o m�dico e o paciente, com base nas toxicidades do tratamento. Seis meses de quimioterapia para pacientes de c�ncer de c�lon no est�gio 3 continua sendo o tratamento padr�o”, acredita.

* A rep�rter viajou a convite da Sirtex


PALAVRA DE ESPECIALISTA: Renata D’Alpino Peixoto - oncologista especializada em c�ncer colorretal do Hospital Alem�o Oswaldo Cruz e participante da Asco

Pr�tica para a maioria

“Quando voc� olha para as curvas de risco do paciente desenvolver met�stase depois de tr�s ou seis meses, elas s�o muito parecidas. Mais de 60% dos pacientes t�m doen�a menos agressiva; ou seja, � um tumor que n�o est� t�o grande, e os linfonodos n�o tomaram a parede do intestino. Para eles, tr�s meses de quimioterapia foram t�o bons quanto seis meses. Provavelmente, a gente vai passar a fazer tr�s meses para esses pacientes. No caso dos que t�m uma doen�a mais agressiva, com um tumor maior e um n�mero maior de linfonodos envolvidos, os estudos indicam que os seis meses s�o o melhor. Mas, ainda assim, a diferen�a � pequena, o que sugere que, se o paciente come�a a ter neuropatia, a gente pode parar antes. A mensagem final dos estudos � que muda a pr�tica cl�nica para a maioria dos pacientes.”


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