Um relat�rio divulgado nesta semana pelo Pew Research Center coloca o Brasil como o l�der no uso de smartphone entre os emergentes. Mas esse � um n�mero que ainda n�o pode ser t�o comemorado, diz o especialista em marketing digital, Natanael Oliveira.
A pesquisa aponta o Brasil liderando os pa�ses em desenvolvimento. O Brasil alcan�a a �frica do Sul na ado��o de smartphones, por�m, l� o n�mero de cidad�os que n�o t�m celular ou smartphone � de apenas 6%.
A pesquisa aponta que no Brasil, 60% dos adultos no pa�s t�m um smartphone, enquanto 33% t�m um aparelho m�vel n�o inteligente. Um outro dado importante mostra que 17% n�o t�m acesso a qualquer tipo de tecnologia m�vel.
Apesar da lideran�a entre os pa�ses em desenvolvimento, os n�meros dos pa�ses desenvolvidos mostram uma grande desigualdade. Enquanto uma m�dia de 76% t�m smartphones nos pa�ses ricos, o n�mero cai para 45% nas economias em desenvolvimento.
Vale ressaltar que boa parte desse percentual est� entre pessoas jovens e escolarizadas. Um outro dado que mostra a desigualdade no desenvolvimento tecnol�gico envolve o uso da internet.
Nos pa�ses desenvolvidos, o uso da internet chega a 90%, enquanto nos pa�ses em desenvolvimento ainda gira em torno de 60%. Seguindo os mesmos dados comparativos, o uso de redes sociais � de 67% (pa�ses desenvolvidos) e de 49% nos pa�ses em desenvolvimento.
Encantamento digital
O especialista em Marketing Digital, Natanael Oliveira, apresenta o tema "Desigualdade Tecnol�gica" como um fen�meno que pode atrasar o avan�o dos neg�cios digitais nos pa�ses em desenvolvimento
De acordo com Natanael, o "encantamento digital" � o que pode atrasar todo esse avan�o nos pa�ses emergentes, entre eles, o Brasil.
"Os pa�ses ricos est�o mais acostumados com a tecnologia, com a internet e com o mundo digital. Isso d� uma maturidade um pouco maior no seu uso. Natanael usa como base os dados do relat�rio "2018 Global Digital", da We Are Social da Hootsuite, que aponta que o Brasileiro passa mais de 3 horas e meia por dia nas redes sociais.
O relat�rio aponta que o Brasil est� entre os tr�s pa�ses do mundo no qual a popula��o passa, em m�dia, mais de 9 horas navegando na internet. O Brasil aparece como um dos dois �nicos pa�ses onde o tempo di�rio gasto nas redes sociais supera 3 horas e meia.
Natanael defende que esse � o ponto mais preocupante com o que ele chama de a pr�xima onda do digital. "O brasileiro ainda est� se acostumando com esse mundo.
"Nossos pais est�o se acostumando com as m�dias sociais, WhatsApp, grupos, "correntes", memes, etc.
Nos EUA, o SMS � algo absolutamente comum h� muitos anos. Um outro fator que impacta esse momento s�o as refer�ncias para os jovens e adolescentes. Muitos querem a fama das m�dias sociais, do YouTube, do Instagram, do Facebook. Se n�o iniciarmos um movimento da pr�xima gera��o olhando para a internet e a tecnologia com outro prop�sito, al�m do entretenimento, vamos ficar para tr�s."
Natanael faz um alerta: "De um lado, temos pessoas entre 60-80 anos descobrindo as m�dias sociais, e dedicando horas e horas no WhatsApp, Instagram e Facebook. Do outro lado, temos jovens entre 12, 18, alguns na casa dos 30 anos, que sonham em virar celebridades nas m�dias sociais. Onde fica o olhar para a inova��o e a internet como plataforma? Onde fica o olhar para a internet como ambiente para inova��o?
� claro que temos pessoas com esse olhar, al�m do entretenimento, mas esse n�mero � muito pequeno "
Como as empresas brasileiras devem olhar para esse cen�rio? Oliveira defende que as empresas n�o devem apenas ficar refor�ando esse "encantamento digital" E que os empres�rios precisam mudar boa parte da abordagem atual.
- Voc� pode dar exemplos de como as empresas est�o refor�ando o encantamento digital?
- Claro. Basta voc� prestar aten��o nas propagandas na TV. Muitas empresas est�o mais preocupadas em mostrar que agora s�o digitais e modernas. Voc� n�o precisa falar que a sua empresa � "digital". Voc� apenas �.
- Voc� pode dar mais algum exemplo?
- Observe algumas redes de supermercado. Eles fazem an�ncios em portais de not�cias para dizer que: "Agora voc� pode fazer pedidos pelo aplicativo." Quando eles j� deveriam ter campanhas de vendas 100% online, com membros Vip, clube de descontos online e uma s�rie de outras a��es que j� existem nos EUA
Natanael aponta que em alguns casos, os pr�prios empres�rios est�o vivendo a fase do encantamento digital.
"A primeira onda digital foi com a chegada da internet nas casas e empresas do Brasil. Mesmo que n�o em sua totalidade. Mas a segunda onda que est� crescendo, � a consolida��o da internet no bolso dos brasileiros. As companhias telef�nicas criaram planos altamente agressivos para popularizar a internet. Essa foi a segunda onda
A pr�xima onda que ser� a mais forte de todas, ir� acontecer (cedo ou tarde), quando tivermos internet "m�vel" de qualidade. Hoje ainda precisamos esperar carregar, ainda lidamos com "a internet est� ruim". Mas a tend�ncia � que com o passar do tempo, iremos para um pr�ximo n�vel. E essa � a grande onda que os empres�rios precisam ficar muito atentos "
Se o Brasileiro usa muito a internet (mesmo sem muita qualidade), imagine o que vai acontecer? Por�m, assim como aconteceu nos pa�ses desenvolvidos, o acesso � tecnologia e a internet, tendem a gerar maturidade no uso.
Ou pelo menos, um uso mais "avan�ado", que n�o se limite apenas as m�dias sociais. E � aqui que as empresas precisam ficar muito conectadas."
Qual a sua aposta? Pergunto para Natanael.
"Eu aposto na educa��o. As pessoas ir�o equilibrar o uso da internet. Menos entretenimento e mais educa��o. � por isso que o mundo do EAD � t�o poderoso para as empresas. Mas antes disso, existe algo que precisamos prestar aten��o."
Qual o passo? Questiono novamente.
O IBGE fez uma pesquisa que fala o seguinte: de 69 milh�es de casas, s� 2,8% n�o t�m TV no Brasil. Basta olhar para os EUA. Uma integra��o perfeita da TV com a Internet. Empresas que usam a TV para se tornarem conhecidas na Internet. A ideia que a internet vai matar a TV, precisa ser revista urgentemente. Precisamos aprender como usar as duas m�dias se quisermos aproveitar a pr�xima onda.