
O uso de tecnologia de rastreamento "invis�vel" em emails se tornou end�mico, segundo um servi�o que analisou o tr�fego de mensagens a pedido da BBC.
De acordo com a an�lise, feita pelo servidor de e-mail brit�nico Hey, dois ter�os dos emails enviados a contas pessoais de seus usu�rios continham um "pixel espi�o", mesmo depois de terem sido exclu�dos para a lixeira.
Os respons�veis pela an�lise dizem que muitas marcas grandes usam emails com pixels, com exce��o de "grandes empresas de tecnologia".
Os defensores dessas ferramentas de rastreamento dizem que elas s�o uma t�tica de mercado amplamente utilizada.
E v�rias das empresas envolvidas na pr�tica indicam que o uso dessa tecnologia � mencionado em suas pol�ticas de privacidade mais amplas.

Os emails que incluem pixels de rastreamento podem ser usados para registrar:
- Se um email foi aberto e quando
- Quantas vezes foi aberto
- Quais dispositivos foram usados para abrir o e-mail
- O endere�o IP, em alguns casos � poss�vel saber em que rua o usu�rio est�
As informa��es podem ser usadas para determinar o impacto de uma campanha feita por e-mails, assim como fornecer mais detalhes dos perfis dos clientes.
Cofundador do Hey, David Heinemeier Hansson afirma que essa situa��o equivale a uma "grotesca invas�o de privacidade".
Outros especialistas tamb�m questionam se as empresas est�o sendo t�o transparentes em rela��o ao uso das informa��es dos clientes.
Invis�vel
Os pixels de rastreamento s�o, normalmente, um arquivo .GIF ou .PNG que � t�o pequeno quanto 1x1 pixels, que � inserido no cabe�alho, rodap� ou corpo de um email.
Como costumam exibir a cor do conte�do do email, podem ser imposs�veis de serem detectados a olho nu, mesmo se voc� desconfiar de onde eles podem estar ali.
Os destinat�rios n�o precisam clicar em um link ou fazer algo para ativ�-los. � preciso apenas abrir um e-mail que contenha esse espi�o.
British Airways, TalkTalk, Vodafone, Sainsbury's, Tesco, HSBC, Marks & Spencer, Asos e Unilever s�o algumas das empresas brit�nicas que o Hey detectou como usu�rias dessa ferramenta.
Mas seu uso est� muito mais difundido, apesar de muitas pessoas n�o saberem disso, observa Hansson.
"N�o � como se houvesse um aviso dizendo que essa empresa possui um 'pixel espi�o' na maioria de seus programas de e-mail", declara.
O Hey, por exemplo, oferece uma op��o de identificar a utiliza��o do recurso, mas os usu�rios devem pagar uma assinatura anual para isso.
Uma alternativa para os usu�rios � instalar plugins gratuitos em outros programas de e-mail para remover muitos pixels de rastreio. Outras op��es s�o simplesmente configurar o software para bloquear todas as imagens ou visualizar os e-mails em modo sem formata��o, como texto simples.

"Em m�dia, cada cliente da Hey recebe 24 e-mails por dia tentando espion�-los", explica Hansson.
"10% dos usu�rios recebem mais de 50", acrescenta.
A BBC tamb�m usa pixels de rastreamento em algumas de suas mensagens, embora isso n�o tenha sido detectado pelo Hey.
E-mail seguido por chamadas
Os 'pixels espi�es' s�o recursos que fazem parte do padr�o dos servi�os de emails automatizados usados por empresas pequenas e grandes e, em muitos casos, � uma fun��o dif�cil de ser desativada.
Dois anos atr�s, Superhuman, um cliente de email focado no consumidor, tentou estender o uso desses pixels como um elemento padr�o em mensagens, mas mudou de ideia ap�s protestos.
Reclama��es sobre o uso dessa ferramenta tiveram pouco impacto sobre a ado��o da tecnologia pela ind�stria de marketing.
Os clientes podem usar os pixels para rastrear quando e-mails s�o abertos em uma campanha espec�fica, assim como para interromper o envio de mensagens autom�ticas aos clientes que as ignoram.
Um estudo da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, indicou que os dados coletados, �s vezes, estavam vinculados a cookies dos usu�rios. Isso permite que o endere�o de e-mail de uma pessoa seja relacionado a seus h�bitos de navega��o mais amplos, mesmo quando se muda de um dispositivo para outro.
"Os v�nculos resultantes entre as identidades e as hist�rias dos perfis na web refutam a afirma��o de rastreamento "an�nimo" na internet", apontou o estudo.
Al�m disso, os "pixels espi�es" podem levar a um rastreamento personalizado.
"Principalmente com vendedores ou consultores, que podem dizer: 'vi que voc� abriu a minha mensagem, mas n�o respondeu. Posso ligar para voc�?'", diz Hansson.
"E em alguns casos, eles podem ser diretamente beligerantes quando veem que voc� abriu a correspond�ncia tr�s vezes, mas ainda n�o respondeu".
Leis de privacidade

O uso de pixels de rastreamento � regido no Reino Unido e em outras partes da Europa pela Lei de Privacidade e Regula��es de Comunica��es Eletr�nicas, de 2003, e pela Regula��o Geral de Prote��o de Dados, de 2016, que exigem que as organiza��es informem os destinat�rios dos pixels e, na maioria dos casos, obtenham consenso.
Esse consenso deve ser "inequ�voco" e um "claro ato de afirma��o".
"Apenas colocar algo em um aviso de privacidade n�o � consenso e n�o � realmente transparente", observa Par Walshe, da Privacy Matters.
"O fato de o monitoramento ter sido realizado e o que isso implica deve ser colocado na frente do usu�rio e envolver a op��o de participar disso", acrescenta.
"A Lei � muito clara, o que precisamos � a aplica��o dos regulamentos. O fato de essa pr�tica ser generalizada n�o significa que � correta e aceit�vel", declara.
O ICO, que regula a prote��o de dados no Reino Unido, tamb�m usou um pixel espi�o em seu pr�prio e-mail com mensagens informativas.
O �rg�o de fiscaliza��o disse � BBC que usou o recurso para rastrear a abertura de e-mails, n�o para ver a localiza��o dos usu�rios. E acrescentou: "Estamos trabalhando com o nosso provedor para eliminar a fun��o do pixel e isso ser� conclu�do em breve".
A BBC contatou algumas das empresas identificadas pelo levantamento do Hey.
"Levamos os dados dos clientes muito a s�rio e utilizamos uma abordagem padr�o que nos permite compreender a efic�cia das nossas comunica��es com os clientes", respondeu a British Airways.
A empresa de telecomunica��es TalkTalk disse: "Como � comum em nossos e em outras ind�strias, rastreamos o desempenho de diferentes tipos de comunica��es para compreender o que nossos clientes preferem. N�o compartilhamos esses dados externamente".
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