
De uma garagem na Calif�rnia, saiu em 1972 o jogo que abriria as portas da bilion�ria ind�stria dos videogames.
Na �poca, Nolan Bushnell e Ted Dabney haviam acabado de montar uma empresa de jogos de computador, a qual deram o nome de Atari.
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E foi durante o exerc�cio de treinamento de um dos novos engenheiros da companhia que nasceu Pong — basicamente uma simula��o simplificada de uma partida de t�nis de mesa, o ping-pong.
"Na verdade, (o Pong) foi concebido como um projeto de treinamento para um dos meus engenheiros", conta Nolan Bushnell, em entrevista � jornalista Louise Hidalgo, do programa de r�dio Witness, da BBC."Continuamos mexendo com ele e fazendo pequenas melhorias. E uma das melhorias, de repente, tornou o jogo completamente divertido."
O jogo em preto e branco, composto basicamente por duas barras verticais (raquetes), uma linha pontilhada (a rede) e um pequeno quadrado (a bolinha), tinha como objetivo usar a raquete para rebater a bola.
Bushnell ficou t�o impressionado com o resultado que tentou vender a ideia para um cliente:
"A gente tinha um contrato com a Bally Manufacturing na �poca para fazer um videogame de corrida de carro. E pensamos: (Pong) � t�o divertido, talvez eles aceitem (o Pong, no lugar) para cobrir nosso contrato. E eles disseram: 'N�o, queremos o jogo de carro'."
Ter a proposta recusada pode ter sido um banho de �gua fria na hora, mas n�o deteve o jovem executivo.
Bushnell convenceu um bar, chamado Andy Capp's, em Sunnyvale, na Calif�rnia, a instalar o Pong em uma m�quina de fliperama — daquelas que funcionam com a inser��o de moedas.
E ao abrir o compartimento de moedas da m�quina, que estava abarrotado, ele teve a confirma��o de que de fato estava diante de algo maior:
"Em um jogo que funciona com moedas, voc� praticamente pode prever o sucesso dele, 100%, com base em quanto dinheiro as pessoas colocam", explica.
"O padr�o de excel�ncia era que se conseguisse fazer 20 d�lares por dia, daria muito dinheiro. E o Pong estava dando como retorno 35 d�lares, 40 d�lares, �s vezes 50 d�lares, alguns dias. Estava t�o acima do padr�o de excel�ncia que sab�amos que era um sucesso."
Foi ent�o que ele decidiu que a Atari fabricaria e venderia o jogo por conta pr�pria.
"N�s t�nhamos este jogo nas m�os e dissemos: 'Sabe de uma coisa, n�s podemos fabricar. E fabricamos 13. Vendemos por dinheiro, e fabricamos 45. Vendemos por dinheiro. E, como dizem, o resto � hist�ria."
Como inicialmente n�o tinham a infraestrutura necess�ria, Bushnell lembra que tudo era um tanto ca�tico.
"T�nhamos muito mais pedidos do que �ramos capazes de atender. N�o t�nhamos f�brica, n�o t�nhamos processo, n�o t�nhamos sistemas implantados, e �ramos jovens, muito inexperientes, est�vamos inventando � medida que avan��vamos."
A essa altura, ele havia transferido a empresa da garagem para um galp�o, outrora uma pista de patina��o, que se transformou em uma unidade de produ��o para fazer frente � demanda por Pong.

Reza a lenda que o jogo se tornou t�o popular nos anos 1970 que causou uma escassez de moedas nos EUA.
Dois anos depois da cria��o do jogo de fliperama, a Atari desenvolveu uma vers�o do Pong para ser jogada em casa, com um console que podia ser plugado na parte de tr�s da televis�o. Foi o in�cio de uma revolu��o no mundo dos games.
Em 1975, Pong era um dos presentes de Natal mais procurados. E sua fama j� havia atravessado o Atl�ntico.
Raz�o para o sucesso
"Foi um feliz acidente no espa�o e no tempo", avalia Bushnell.
Ele atribui o sucesso do jogo a alguns fatores, como o fato de permitir que as mulheres disputassem em igualdade de condi��es com os homens.
"Uma mulher podia derrotar um homem jogando Pong. E isso foi na �poca da libera��o das mulheres. Era tremendamente empoderador para as mulheres."
"Nos bares, come�ou a haver toda essa sociologia constru�da em torno do jogo em que era aceit�vel uma mulher desafiar um cara sentado no bar para jogar Pong", afirma.
Al�m disso, o executivo acredita que havia algo hipnotizante no jogo.
"Uma vez que voc� jogava, tendo ganhado ou perdido, voc� praticamente tinha que jogar de novo."
E, segundo ele, provavelmente era a primeira vez que as pessoas podiam jogar algo t�o domin�vel e intelig�vel — o que gerava um sentimento de satisfa��o.
Precursor de Bill Gates e Steve Jobs
Bushnell se lembra de quando caiu a ficha do que havia constru�do:
"Me lembro de dirigir no estacionamento da nossa instala��o, olhei em volta e havia carros estacionados em todos os lugares."
"De repente, me ocorreu que 100% daqueles carros eram pagos por esta empresa que eu havia come�ado. Pensei: 'Caramba, tudo isso est� sendo pago pelas moedas que colocam nas m�quinas (de fliperama)'. Foi uma esp�cie de epifania para mim."
Ele tinha apenas 28 anos nesta �poca.
"Todos os executivos da empresa tinham na faixa dos 20 e tantos anos. A maioria dos funcion�rios tinha 20 e poucos anos. E n�o era comum", afirma.
"Ao ver isso acontecendo hoje em dia, sinto que meio que abri o caminho para Steve Jobs, Bill Gates, Michael Dell. Todos esses caras vieram depois de mim."
"N�o conhecia nenhum CEO de 20 e poucos anos de uma grande empresa de eletr�nicos antes de mim. Foram tempos bem interessantes", analisa.
Hoje, Bushnell � considerado um dos fundadores da ind�stria de videogames. Ele foi eleito pela revista Newsweek como um dos "50 Homens que Mudaram a Am�rica".
Ou�a aqui a �ntegra da entrevista de Nolan Bushnell ao programa Witness (em ingl�s)
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