Andr� Hermeto*

"D� uma certa agonia n�o poder trabalhar, mas acho que isso � o certo. A gente precisa, pelo menos, controlar essa doen�a para poder ter a tranquilidade de trabalhar"
Dalton Vigh, ator
“Todo o mercado de trabalho ligado � dramaturgia foi afetado. Como passamos muito tempo em est�dio fechado, com as restri��es e medidas de isolamento, n�o temos condi��o de gravar. D� uma certa agonia n�o poder trabalhar, mas acho que isso � o certo. A gente precisa, pelo menos, controlar essa doen�a para poder ter a tranquilidade de trabalhar sem perigo.” A afirma��o � do ator Dalton Vigh, que, diante da pandemia, viu projetos e trabalhos serem paralisados ou cancelados por causa da COVID-19.
O jeito, segundo Dalton, foi se adaptar aos novos formatos virtuais. O ator, ent�o, se juntou ao grupo TAPA para protagonizar o espet�culo “O urso”, do russo Tchekhov. A pe�a foi exibida em janeiro, ao vivo, diretamente do Teatro Alian�a Francesa, em S�o Paulo, e transmitida por streaming.
Quando a pandemia chegou ao Brasil, Dalton estava se preparando para come�ar a gravar a sequ�ncia de “As aventuras de Poliana”, novela de sucesso exibida pelo SBT/Alterosa entre 2018 e 2020. Na trama escrita por Iris Abravanel, o ator vive Pendleton, o pai da protagonista Poliana (Sophia Valverde).
Segundo ele, “Poliana mo�a” teve as grava��es interrompidas e n�o h� previs�o de retomada pelo SBT, justamente por causa da pandemia do coronav�rus. Dalton revela que o que estava previsto para a novela e seu personagem agora � uma inc�gnita.
“A previs�o � de que j� teriam se passado alguns anos, o relacionamento de Poliana com o Pendletton estaria em outro momento, seria uma rela��o mais de pai e filha mesmo. Cheguei a ler os primeiros cap�tulos antes da suspens�o das grava��es, mas � dif�cil saber o que vai acontecer. N�o sabemos se o texto ser� mantido, se v�o incorporar algo do per�odo da pandemia na trama”, detalha Dalton.

Durante a pandemia, o ator teve a oportunidade de rever pap�is marcantes de sua carreira em reprises exibidas na Globo, como o Ren�, de “Fina estampa”. Na novela, ele era marido de Tereza Cristina (Christiane Torloni). “Sempre sou muito cr�tico com trabalhos meus, principalmente quando os projetos ainda est�o em andamento, porque assim consigo tentar melhorar uma coisa ou outra. Mas no caso dessas novelas muito antigas, como 'O clone' (na qual viveu Said) e 'Fina estampa', � mais uma viagem no tempo mesmo, n�o tem aquela necessidade de consertar os defeitos, porque j� t� tudo gravado. Eu consigo apreciar e curtir em vez de avaliar as atua��es”, comenta o ator .

SEM STREAMING
Trancado em casa e vivendo uma nova rotina, Dalton admite que, embora n�o tenha se adaptado bem �s plataformas de streaming e que prefere navegar pela TV a cabo procurando programas ou filmes, elas s�o de extrema import�ncia para a cultura e para a sa�de mental das pessoas, assim como os projetos que buscam adaptar as diversas formas de express�o cultural para o formato on-line, imposto pelo isolamento social.
"Toda forma de arte deveria ter import�ncia muito grande para a cultura do pa�s. � a arte que te faz refletir sobre a vida. A gente faz arte n�o s� para as pessoas passarem algumas horas rindo e se divertindo, mas para fazer pensar. Neste momento, a gente precisa tanto de distra��es e entretenimento quanto de reflex�o”, finaliza Dalton.
* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Tet� Monteiro