Há vários fatores a se considerar na escolha de um método contraceptivo: os motivos para procurá-lo, o histórico médico e se a mulher consegue se lembrar de tomar a pílula todos os dias. Entretanto, a mulher também tem de considerar o risco de câncer ao se decidir por tomar a pílula anticoncepcional.


Os contraceptivos orais — mais conhecidos como pílula — podem afetar as chances de uma mulher desenvolver câncer de mama, colorretal e ginecológico, como câncer de ovário e câncer de endométrio. Em alguns casos, isso significa uma chance maior de câncer. Em outros, significa proteção contra o câncer. O motivo? A maioria dos contraceptivos orais contém versões artificiais dos hormônios sexuais femininos estrogênio e progesterona. Tomar a pílula altera seus níveis hormonais, o que pode desencadear ou — em outros casos — prevenir alguns tipos de câncer.


Noções básicas sobre pílulas anticoncepcionais


O ciclo menstrual de uma mulher prepara seu corpo para uma possível gravidez. Ao longo de um mês, um óvulo amadurece e é liberado pelos ovários. Quando não há gravidez, o revestimento endometrial é liberado. Então, o ciclo se repete. Mas quando se adicionam anticoncepcionais à essa equação, esse ciclo para. A pílula usa hormônios para suprimir a função ovariana, bloqueando um ciclo que é iniciado pelo cérebro e afeta os ovários. Esses hormônios interrompem o ciclo de feedback entre o cérebro e o corpo, o que interrompe não apenas a ovulação, mas também a função ovariana.

 


A pílula anticoncepcional pode ser usada para: contracepção, limitar a menstruação, o que pode ser útil para quem tem sangramento intenso, dor pélvica ou transtornos de humor relacionados à menstruação, controlar endometriose e a dor pélvica, controlar o crescimento de cistos ovarianos, controlar a insuficiência ovariana prematura e também tratar acne.


Pílula anticoncepcional e risco de pode de cânceres de ovário, endométrio e colorretal


Vários estudos clínicos têm fornecido evidências consistentes de que mulheres que tomam pílula anticoncepcional têm um risco reduzido de câncer de ovário, endométrio e colorretal.


Para câncer de ovário, essa redução de risco é bastante alta; em torno de 50%. Estudos também sugerem que a pílula pode proteger contra o câncer de ovário em mulheres com mutações genéticas dos genes BRCA.


Mais uma boa notícia? O risco de câncer de endométrio e de ovário diminui ainda mais quanto mais tempo se toma a pílula, e esses benefícios protetores podem durar anos após a interrupção do uso. Por exemplo, a pílula tem sido associada a uma redução no risco de câncer de ovário por até 30 anos após a interrupção do uso de anticoncepcionais orais.


Pesquisadores ainda estão explorando exatamente por que essa proteção duradoura ocorre, mas existem algumas ideias. Para o câncer de ovário, essa redução no risco pode ocorrer porque as mulheres que tomam a pílula ovulam menos vezes do que as que não a tomam. Quanto mais vezes se ovula ao longo da vida, a mais hormônios a mulher é exposta. Há algo nos ciclos cumulativos de ovulação ao longo do tempo que aumenta o risco de câncer de ovário, e outros eventos que interrompem a ovulação, como gestações múltiplas e amamentação por um período prolongado, também estão associados a um menor risco.


A pílula pode aumentar de forma modesta o risco de câncer de mama

Estudos observacionais demonstraram que ter tomado a pílula aumenta o risco de câncer de mama. No entanto, o risco diminui após a interrupção do uso da pílula. Pesquisas descobriram que o risco de câncer de mama volta ao normal cerca de 10 anos após a interrupção do uso da pílula. Além disso, se a mulher estiver na adolescência, na faixa dos 20, 30 ou no início dos 40 anos — idade em que a maioria das mulheres toma a pílula —, o risco de câncer é baixo. Portanto, esse risco potencial aumentado por tomar a pílula é ainda menor.


Por outro lado, devemos salientar que estudos observacionais ajudam os pesquisadores a identificar padrões, mas não podem ser usados para afirmar definitivamente que um fator causou algo. Isso ocorre porque esses estudos apresentam diversas variáveis e são estudos retrospectivos.


Importante ressaltar adicionalmente que pílulas anticoncepcionais são apenas um dos muitos fatores que podem influenciar o risco de câncer. É sempre importante avaliarmos outros fatores de risco, como obesidade, sedentarismo, tabagismo, etilismo e histórico familiar de câncer de mama, ovário, endométrio e colorretal, realizando-se testes genéticos para predisposição hereditária quando indicados.


Concluindo:


As pílulas anticoncepcionais alteram seus níveis hormonais, o que pode influenciar o risco de alguns tipos de câncer. As pílulas anticoncepcionais podem reduzir o risco de câncer de ovário, endométrio e colorretal. Os benefícios de proteção contra o câncer de endométrio e ovário podem durar anos após a interrupção do uso da pílula.


As pílulas anticoncepcionais podem aumentar ligeiramente o risco de câncer de mama. O risco diminui após a interrupção do uso da pílula.

compartilhe