Anna Marina
Anna Marina

Nasci em Santa Luzia e trago comigo a tradição dos presépios

Visitar os presépios da cidade vale a pena, os donos das casas adoram e é bom não deixar que esse costume que herdamos dos portugueses acabe

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Como o ano passou rapidamente, já estou com a cabeça funcionando sobre dezembro, que começa com a programação anual de montar o presépio. O meu, como não podia deixar de ser, é artesanal. Vou prestando atenção no que vejo e pode funcionar no conjunto.


Acho que trago essa herança de Santa Luzia, onde nasci. E quando meu pai morreu, fomos levados para morar na casa de minha avó, porque não tem condição de viúva, mesmo cheia filhos, morar sozinha. Minha mãe teve que ir, cumprindo preceitos familiares, mas aguentou pouco. E na casa da minha avó nunca ninguém montou presépio.


Mas poucos dias atrás, vi na casa de minha prima umas figuras, quase em tamanho natural, de louça branca, que ela comprou por pouco mais que nada numa loja de BH. Numa queda que levou a Mãe do Menino Jesus ao chão, ela quebrou parte do corpo. Os donos da loja preferiram liquidar. E essa minha prima já faz seu presépio há anos, desocupando uma sala da sua casa, e aproveitou a oportunidade e comprou as novas figuras para montar outra maravilha.

Aliás, essa é uma tradição da cidade: várias famílias montam presépios em suas casas e as pessoas visitam o circuito em dezembro. Alguns são verdadeiras joias, produzidas há séculos. Tentei até comprar um para afogar minha inveja e o dono não quis nem conversar – é joia e tradição da família. Mas o meu presépio, de barro e feito por artista local, recebe muitos elogios.


Entre os projetos que estou fazendo, já esbarrei com a primeira dificuldade: tentei colorir de dourado os galhos secos e os frutos daquela frutinha da qual não sei nome e elas continuam marrons. Como essa primeira tentativa foi feita com tinta spray dourada, já estou procurando novos caminhos.


Uma das dificuldades atuais para montar presépio é que não existe mais ninguém que venda musgo natural. Antigamente, o musgo era vendido até no Centro de BH. Hoje, não tem mais, nem no interior aquelas mulheres carregando cestos de bambu, repletos de musgo do tipo aveludado, até o de maior tamanho. Os modernos, inventados para substituir os antigos, são uma pobreza. Só encontro os secos.


Aprendi com os estrangeiros a colocar frutas perfumadas no presépio. Elas devem estar bem maduras para ter perfume. E a laranja é perfeita e pode ser substituída quando vai ficando estragada.

Quem gosta de tradição deve reservar um sábado ou domingo para visitar os presépios de Santa Luzia – vale a pena, os donos das casas adoram e é bom não deixar que esta tradição que herdamos dos portugueses se acabe.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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