
O vácuo no campo lulista e a oportunidade
Se abre a temporada de caça no campo lulista à candidatura ao governo de Minas, sem o qual a eleição presidencial não será ganha por nenhum dos lados
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O anúncio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso de antecipação de sua aposentadoria era esperado no meio político. Não se sabia exatamente quando. Mas era conhecida tal disposição, que foi publicamente tratada pelo ministro, em considerações que oscilaram entre idas e vindas ao longo dos últimos dois anos, período, ao que tudo indica, se consolidou esse processo de decisão. Aos 67 anos, Barroso poderia permanecer na Corte até 2033, quando completará 75 anos. Não será o primeiro a deixar o cargo antes da compulsória: nos últimos anos Joaquim Barbosa e Ellen Gracie assim o fizeram.
As duas principais candidaturas postas à cobiçada vaga que se abre são o advogado-geral da União, Jorge Messias – nome que seria in pectore do presidente Lula (PT) -; e o senador Rodrigo Pacheco (PSD), que tem o apoio do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP) e é o nome in pectore de Lula para concorrer ao governo de Minas.
Está posto o impasse. Dois aliados e dois grandes jogadores, Lula e Alcolumbre, com interesses divergentes: o presidente mantém uma relação fraternal e de admiração com Pacheco, e com ele contava para construir unidade no campo político da direita moderada à esquerda na sucessão mineira; Alcolumbre tem em Pacheco um aliado leal e igualmente fraternal, de grande capacidade e carreira no campo jurídico, a quem acredita bem assentaria uma cadeira no STF. Ambos têm razão. Mas querem Pacheco em lugares diferentes. E vão se enfrentar nesse processo, ainda de resultado desconhecido.
Não fosse Pacheco quem é, seria uma candidatura corriqueira em conhecidos processos políticos para a indicação ao STF – ou a qualquer outro tribunal superior – ou entre as chamadas listas tríplices enviadas por diferentes instituições aos executivos estaduais e federal. O fato é que Rodrigo Pacheco é um nome que unificaria o campo lulista em Minas, no qual, neste momento, abre-se um vácuo.
Em sucessivas conversas com Lula, Pacheco e seus interlocutores têm apontado possibilidades: a prefeita de Contagem Marília Campos (PT); o ex-prefeito Alexandre Kalil (que vai se filiar ao PDT); o presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB) – aliás, cobiçado como aliado por todos os campos políticos – e o ex-procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares. Outras possibilidades são consideradas: Alexandre Silveira (PSD), ministro das Minas e Energia; o deputado federal Reginaldo Lopes (PT). Até aqui, são muitas ondas e poucas chances de surfe. Qual deles estará disponível a concorrer ao governo de Minas?
Com um pé no PSD, o vice-governador Mateus Simões (Novo) se beneficia desse vácuo que, pelo momento, se anuncia em Minas no campo lulista. Não à toa, tem tratado de moderar em suas posições públicas, o ímpeto do ethos bolsonarista que o governador Romeu Zema (Novo), nos últimos tempos, foi estimulado a libertar. Se por um lado Mateus Simões tem as chances aumentadas para cativar o eleitor moderado; por outro, quem cresce junto ao eleitorado popular de Lula é o senador Cleitinho (Republicanos), que oscila entre narrativas e polêmicas bolsonaristas e sensibilidade com as questões sociais.
Assim se abre a temporada de caça no campo lulista à candidatura ao governo de Minas, segundo colégio eleitoral do país, estado síntese, sem o qual, a eleição presidencial de 2026 não será ganha por nenhum dos lados. Dizem que sempre que a crise emerge; nasce também uma oportunidade. Na política, se diz dos jogadores habilidosos, que agregam a capacidade do diagnóstico e o ímpeto da ação. O primeiro, sem o segundo, transforma players em analistas visionários. O segundo, sem o primeiro, constrói políticos impulsivos e infantilizados. Nas palavras de Hannah Arendt: “A ação, com todas as suas incertezas, é o meio pelo qual os homens mostram quem são, iniciam algo novo e revelam a si mesmos”.
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Filiação
O ex-prefeito Alexandre Kalil vai se filiar ao PDT na próxima quarta-feira (15/10), em evento do qual participará a bancada federal do PDT. À noite, o deputado federal Mário Heringer, presidente estadual do PDT, vai oferecer um jantar em homenagem a Kalil. O ex-prefeito foi convidado a ingressar na legenda por Carlos Lupi, presidente nacional do PDT. Terá autonomia para escolher o cargo que pretende concorrer em 2026. Na mira estão ou o governo de Minas ou o Senado Federal.
Caça-níqueis
Projeto de lei do deputado estadual Alencar da Silveira (PDT) proíbe a instalação de máquinas caça-níqueis próximas de padarias, escolas e bares. O projeto estabelece multa e até fechamento do comércio para quem descumprir a medida. A matéria foi relatada pela deputada Maria Clara Marra (PSDB) e aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Agora segue para as comissões temáticas.
Lista tríplice
As advogadas Carolina Lobo e Denise Maldonado e o advogado Roberto Mendonza são os nomes indicados à vaga destinada à representação da advocacia no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG). A escolha é do presidente Lula.
Metrô
A linha 2 do projeto de expansão do metrô de Belo Horizonte terá uma linha dupla, e não mais simples, também conhecida como singela, entre as futuras estações Ferrugem e Barreiro, nos dois quilômetros finais da extensão total de 10,5 quilômetros. A informação foi confirmada pelo titular da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), Pedro Bruno Barros de Souza, em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, que debateu os impactos da expansão do metrô, na Assembleia. A linha singela seria uma via única de mão dupla a ser usada pelos vagões do metrô na ida e na volta, o que impactaria negativamente a eficiência desse modal de transporte.
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Sem número
Elaborada por um grupo de trabalho da Câmara dos Deputados, a Proposta de Emenda à Constituição da reforma administrativa, se anuncia como estruturada em quatro eixos: a eficiência na administração pública, com metas e resultados; o direito à inclusão digital, por meio do governo eletrônico; profissionalização e reestruturação das carreiras no Poder Executivo; e eliminação dos privilégios, como a aposentadoria compulsória de juízes, promotores e procuradores. A PEC ainda não foi numerada.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.