Vera Holtz revela seus lugares (e pessoas) favoritos em BH
Na terceira temporada de "Ficções" na capital mineira, a atriz escreve a pedido do 'Estado de Minas' um ‘roteiro afetivo por Belo Horizonte’
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Especial para o EM
Belo Horizonte, para mim, é conversa boa em volta da mesa, regada a cachaça – que já é uma cachaça espetacular. É sentar sem pressa, porque ali a palavra tem tempo e sabor. É aquele Mercado Central, onde o mineiro te recebe com queijo, doce, afeto e memória.
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Onde cada barraca é uma consagração da cultura popular. E, não muito longe, o Mercado Novo, onde os novos sabores ganham forma nas mãos de jovens padeiras e padeiros, criando outra cena, abrindo novas possibilidades.
Aliás, em BH, a moda é afeto que veste o corpo. Sonia Maria Pinto, por exemplo – eu diria que 90% das minhas roupas são dela. Não é só costura: é arquitetura do tecido. Gosto de dizer que Sonia é uma arquiteta do abraço: suas peças me envolvem, me protegem, me traduzem.
E, com ela, tantas outras mulheres lindas e criativas: gente que faz sapatos, bolsas, joias, bijuterias, óculos, adornos. E o mais bonito: muitas dessas lojas de conceito apoiam ONGs, fundações, causas – moda com alma.
Não posso falar de Minas sem tocar na ferida aberta de Brumadinho e Mariana. Tragédias que nos atravessam. Mas também não posso esquecer de Inhotim, um dos lugares mais espetaculares da arte contemporânea no mundo.
Hoje, minha curiosidade está voltada para o Grupo Galpão, que trabalhou com nosso querido Rodrigo Portella no espetáculo “(Um) Ensaio sobre a cegueira”. Queria ter estado na estreia, mas fui vencida pelo corpo – estava um pouco baqueada. Ainda assim, sigo com vontade de trocar ideias com esse grupo tão fundamental na cena teatral brasileira.
E tem o Grupo Corpo, com todo este prestígio internacional. E a Babaya, preparadora vocal de excelência. Ronaldo Fraga, estilista dos primeiros encontros – com quem mantenho uma amizade bonita. Minas tem uma turma charmosa, criativa, inquieta.
Tenho também um carinho enorme pelas bordadeiras locais, amigas que bordam ideias. E os museus de BH, tão preciosos. E queria, se pudesse, revisitar as cidades barrocas, suas ladeiras, a fé esculpida na pedra-sabão por Aleijadinho.
A comida mineira é outro afeto: sabores que a gente carrega. Tem um restaurante que é especial: o Couve-flor, até a comida deliciosa de Minas tem o nome de flor, sabores deliciosos, também preservados por famílias que tem um carinho muito grande por isso tudo.
A natureza de Minas é outra exuberância. Mas hoje, com certas restrições de locomoção, faço minha viagem: do teatro ao hotel, do hotel ao teatro. E, dentro de mim, sigo visitando amigos – no imaginário, na lembrança, na leitura.
E, para terminar, eu queria mesmo era tomar um cafezinho com Bartolomeu Campos de Queirós (1944-2012). Trocar umas ideias, um dedinho de prosa. Mas, enquanto isso, sigo encontrando Bartolomeu nos livros que guardo perto, sempre comigo.
EM CARTAZ
O monólogo “Ficções”, com Vera Holtz, tem sessões neste sábado (21/6), às 20h, e domingo (22/6), às 18h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro), com ingressos com preços variando entre R$ 21 e R$ 180, à venda pela plataforma Sympla.