Bailarinos ensaiam na sede do grupo, nas Mangabeiras, em Belo Horizonte

Bailarinos ensaiam na sede do grupo, nas Mangabeiras, em Belo Horizonte

Leandro Couri/EM/D.A Press

A primeira vez que Vit�ria Lopes assistiu ao Grupo Corpo foi em 2015, quando a companhia comemorou seus 40 anos, no Pal�cio das Artes, com o espet�culo "Dan�a sinf�nica". Guardou o panfleto da montagem na carteira e disse: "Um dia eu vou entrar l�". Tinha 14 anos.

Hoje com 23, Vit�ria anda revirando suas coisas para ver se encontra a tal carteira. Mas a decis�o tomada oito anos atr�s virou realidade. Desde janeiro passado, ela � uma das bailarinas da companhia. A noite desta quarta (30/8) ter� uma import�ncia extra para a mineira, j� que ela vai estrear com o Corpo no Pal�cio das Artes.

Com cinco noites – de hoje a domingo (27/8) –, o Corpo apresenta os espet�culos "Gil refazendo" (2022), com trilha de Gilberto Gil, e "Breu" (2007), com m�sica de Lenine. 

N�o s�o espet�culos in�ditos do grupo, mas ter�o muito frescor em cena. O Corpo conta hoje com 22 bailarinos – oito deles entraram para a companhia no �ltimo ano. Ou seja, tal grupo estar� dan�ando as duas coreografias de Rodrigo Pederneiras pela primeira vez.

"Acho que � mais dif�cil para eles do que para a gente", comenta Pederneiras, na sede do grupo, nas Mangabeiras, enquanto observa o ensaio. "Leva um tempo, uns seis meses, para que as pessoas se sintam c�modas dentro da movimenta��o, peguem a linguagem mesmo."
 

Para dan�ar no Corpo, cada bailarino tem que ter "uma puta t�cnica e um puta ouvido musical", comenta Pederneiras. Com a experi�ncia de quase 50 anos (o Corpo � de 1975), o core�grafo diz que d� para perceber facilmente quem tem tais qualidades. 

As audi��es acontecem em dois dias. No primeiro, os candidatos fazem uma aula puxada de bal� cl�ssico. No segundo momento, eles aprendem trechos de duas coreografias do Corpo que devem ser apresentadas no mesmo dia.

N�o � f�cil, os novos bailarinos, todos na casa dos 20 anos, afirmam. Mas at� chegar neste momento, e mesmo sendo jovens, todos t�m suas pr�prias hist�rias. Algumas come�aram no Corpo Cidad�o, bra�o social do Corpo; outras pelo Bolshoi, em Joinville, a maior refer�ncia em cl�ssico no Brasil. 

Com origens e trajet�rias distintas, todos os oito concordam em um ponto: ningu�m faz o que o Corpo faz. 

GRUPO CORPO

Espet�culos "Gil refazendo" e "Breu". Temporada desta quarta (30/8) a s�bado (2/9), �s 20h, e domingo (3/9), �s 18h, no Pal�cio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Ingressos: Plateia 1 central - R$ 220 e R$ 110 (meia); Plateia 2 central - R$ 200 e R$ 100 (meia); Plateias 1 e 2 lateral - R$ 160 e R$ 80 (meia); Plateia superior filas A, B e C - R$ 100 e R$ 50 (meia); Plateia superior filas D a J - R$ 40 e R$ 20 (meia). � venda na bilheteria e no eventim.com.br

O bailarino Davi Gabriel

O bailarino Davi Gabriel

Leandro Couri/EM/D.A Press

. Davi Gabriel, 22 anos, de Bel�m (PA)

At� chegar ao Corpo e mudar-se para BH, rodou bastante o Brasil. Come�ou a dan�ar com 9 anos, em Bel�m; aos 14, foi sozinho para Joinville, em Santa Catarina, para dan�ar no Bolshoi. Dividiu uma casa com crian�as e jovens de todo o pa�s. Formado, trabalhou nas companhias de dan�a de Curitiba e S�o Paulo. "Comecei no cl�ssico e foi depois, na dan�a contempor�nea, que descobri essa coisa com o ch�o, com as nossas ra�zes. A dan�a brasileira come�a direcionada no quadril, ent�o � algo que eu olhava e via o Brasil. E eu queria contar a minha verdadeira hist�ria atrav�s da dan�a, n�o s� reproduzir movimentos que todos os bailarinos fazem. E foi isso que vi no Grupo Corpo: uma dan�a brasileira com muitas hist�rias sobre a nossa cultura."


A bailarina Giulia Madureira

A bailarina Giulia Madureira

Leandro Couri/EM/D.A Press

. Giulia Madureira, 21 anos, de Aracaju (SE)

Formada na Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville, Santa Catarina, Giulia chegou ao contempor�neo por meio de cursos e workshops, o que a levou para a Curitiba Cia. de Dan�a, onde estava at� passar na audi��o para o grupo mineiro, a companhia brasileira que mais admirava. "A linguagem do Corpo � muito espec�fica, � uma jun��o de muitas coisas. Estou me encontrando dentro dela, vendo como funciona em mim. Tem essa quest�o do jogo da cintura, da cabe�a, que a gente usa muito. Estou me jogando porque � algo muito novo, que nunca fiz nem estudei, n�?"


A bailarina  Isabella Accorsi

A bailarina Isabella Accorsi

Leandro Couri/EM/D.A Press

. Isabella Accorsi, 24 anos, de S�o Jos� do Rio Preto (SP)

No bal� desde a inf�ncia, Isabella come�ou a estudar na sua cidade natal. Participou de v�rios festivais, ficou uma temporada no Bolshoi, foi para os Estados Unidos atrav�s de bolsa e, no retorno ao Brasil, nova temporada como bolsista, na Deborah Colker, onde acabou no grupo profissional. Estava na Curitiba Cia. de Dan�a quando passou na audi��o para o Corpo. "Sempre foi uma refer�ncia, mas n�o sabia se poderia ter um espa�o para mim. � muito disputado, as pessoas costumam fazer carreira, � raro abrir vaga." Quando passou na audi��o, Isabella teve que se desdobrar, pois faz faculdade. Manh� e tarde s�o dedicados ao Corpo e as noites, ao curso de Direito na PUC-Minas. "Minha inten��o sempre foi levar o potencial da arte para dentro do direito como um instrumento de resgate social."


O bailarino Jônatas Itaparica

O bailarino J�natas Itaparica

Leandro Couri/EM/D.A Press

. J�natas Itaparica, 22 anos, do Rio de Janeiro

J�natas j� dan�ou muito, no Brasil e fora. Dois anos na Holanda, outro em Cuba. Mas s� bal� cl�ssico. At� entrar para o Corpo, nove meses atr�s, ele nunca tinha dan�ado contempor�neo. A chegada ao grupo mudou completamente sua vida. Com problemas no visto de estudante, J�natas n�o conseguiu mais voltar para o exterior. "Eu estava quase desistindo porque n�o podia ficar no Brasil vivendo de bico. Quando tive essa oportunidade, agarrei. Falo que Deus colocou o grupo na minha vida." A estreia nos palcos, em dezembro de 2022, com "21", foi tensa. "Mas deu certo, estou dan�ando v�rias vezes em 'Breu', fiz um pas de deux em 'Dan�a sinf�nica'. � uma nova jornada e quero construir uma carreira e uma vida em BH."


O bailarino Luan Barcelos

O bailarino Luan Barcelos

Leandro Couri/EM/D.A Press

. Luan Barcelos, 28 anos, de Belo Horizonte

Quando crian�a, era muito sozinho. Aos 7 anos uma amiga da fam�lia sugeriu que a m�e dele o colocasse em um curso de artes. Bastou uma aula de bal� para que Luan se apaixonasse por dan�a. Dos 14 aos 16 anos, ele integrou o Corpo Cidad�o, bra�o social do Grupo Corpo. Diante disto, a companhia "era um objetivo desde sempre, um sonho de adolescente", diz ele, que tamb�m integrou as companhias Deborah Colker e S�o Paulo (SPCD). Mas o Corpo � outra hist�ria. "� muito dif�cil (entrar), pois a linguagem do Rodrigo � muito �nica. N�o tem nada em outro lugar como aqui."


A bailarina Trislane Martins

A bailarina Trislane Martins

Leandro Couri/EM/D.A Press

. Trislane Martins, 25 anos, do Rio de Janeiro

Nascida e criada na comunidade do Arar�, em Benfica, Zona Norte do Rio, Trislane descobriu a dan�a por meio de um projeto social, no qual sua av� era costureira e sua m�e, faxineira. Para n�o ficar em casa fazendo nada, a m�e colocou as duas filhas para dan�ar. Trislane passou por v�rios grupos e projetos no Rio, at� que, em 2016, ganhou uma bolsa para o Miami City Ballet, onde ficou at� 2018. No retorno ao Brasil, participou de outros grupos, at� a audi��o para o Corpo. Na prova, um dos trechos que ela apresentou foi o de "Gira". "� um sonho, pois este � o bal� que me fez me apaixonar pelo Corpo." Ela estreia com este espet�culo em 9 de setembro, em Bras�lia.


A bailarina Vitória Lopes

A bailarina Vit�ria Lopes

Leandro Couri/EM/D.A Press

. Vit�ria Lopes, 23 anos, de Ribeir�o das Neves, Grande BH

"Para a maioria dos bailarinos de BH, o Corpo � o sonho e o objetivo de quem quer ser profissional", diz Vit�ria. Mas, at� retornar para casa, para viver sua maior aventura na dan�a, ela trabalhou em S�o Paulo e no Rio de Janeiro. Nesta �ltima cidade, como integrante da companhia Deborah Colker. "Voc� pode ser o bailarino mais foda que puder, quando voc� chega aqui tem dificuldade. O estilo do Corpo ningu�m mais faz, a movimenta��o � muito diferente, tem um rebolado, um gingado, que n�o encontra em outro lugar. Depois da dificuldade do in�cio, voc� vai se sentindo mais confort�vel. E todo mundo te abra�a, n�o tem nenhum tipo de competitividade."


O bailarino Walleyson Malaquias

O bailarino Walleyson Malaquias

Leandro Couri/EM/D.A Press

. Walleyson Malaquias, 25 anos, de Muria� (MG)

Veio para BH ainda bem jovem, quando integrou, por tr�s anos, o Corpo Cidad�o. Estudou no Centro de Forma��o Art�stica e T�cnica (Cefart), da Funda��o Cl�vis Salgado. Integrou o Ballet Jovem de Minas Gerais. Na pandemia, continuou estudando por conta pr�pria, principalmente cl�ssico. At� ser aprovado, fez outras duas audi��es para o Corpo. "Foi um sonho realizado. Voc� assiste (ao Corpo) na televis�o e no computador e quando chega aqui, est� com as pessoas que assistia. Isto � muito legal, motivador."