Document�rio mostra como foram feitas as trilhas do Grupo Corpo
Filme que estreia nesta ter�a (14/2), no canal Curta!, entrevista autores das m�sicas da companhia de dan�a para mostrar como se inicia o seu processo criativo
Moreno e Caetano Veloso s�o ouvidos no filme, dirigido por Armando Mendz e Janaina Patrocinio
canal curta!/Divulga��o
N�o, n�o e n�o. Os irm�os Rodrigo e Paulo Pederneiras, core�grafo e diretor art�stico do Grupo Corpo, respectivamente, ouviram v�rias negativas do cantor e compositor Jo�o Bosco.
De jeito nenhum ele faria uma trilha para um espet�culo da companhia. Nunca havia feito nada parecido, sua hist�ria na m�sica era outra. Um dia, acabou concordando – 25 anos atr�s, o Corpo estreou “Benguel�”, com trilha criada pelo m�sico de Ponte Nova.
Nu!. A express�o que qualquer mineiro entende como alguma coisa realmente boa foi acompanhada com curiosidade por Caetano Veloso. Corria o ano de 2005, e ele havia se aventurado a algo in�dito: m�sica para bal�.
� verdade que estava ao lado de Jos� Miguel Wisnik, que j� havia feito outros trabalhos para o Corpo. Mas s� quando ouviu o “nu” de Rodrigo Pederneiras o baiano entendeu que o core�grafo realmente tinha gostado da trilha do espet�culo “Onqot�”.
Tais hist�rias s�o contadas pelos pr�prios autores, no document�rio “Grupo Corpo pela m�sica”, que estreia nesta ter�a (14/2), no canal Curta!. O longa-metragem, dirigido por Armando Mendz e Jana�na Patroc�nio, acompanha a hist�ria do grupo por meio da produ��o das trilhas.
Re�ne entrevistas com os j� citados Jo�o Bosco e Caetano, al�m de Wisnik (“Nazareth”, de 1993, “Parabelo”, de 1997, com Tom Z�, “Santagustin”, de 2002, com Gilberto Assis, “Onqot�” e “Sem mim”, de 2011, com Carlos N��ez); Arnaldo Antunes (“O corpo”, de 2000); Lenine (“Breu”, de 2007, e “Triz”, de 2013); Moreno Veloso (“�m�”, com +2, de 2009); Samuel Rosa (“Su�te branca”, de 2005); e o trio Met� Met� (“Gira”, de 2017).
Lenine diz que a experi�ncia de assistir a "Breu" lhe fez "enxergar" sua m�sica
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Milton
Nome essencial para a trajet�ria do Corpo, Milton Nascimento – cuja parceria com Fernando Brant rendeu o espet�culo de estreia, “Maria Maria” (1976), al�m de “O �ltimo trem” (1980) – aparece por meio de um depoimento antigo e tamb�m das imagens da montagem seminal.
Outra grande refer�ncia musical, talvez a maior delas, o compositor e violoncelista Marco Ant�nio Guimar�es, criador do Uakti, est� muito presente no document�rio, mesmo que n�o tenha sido entrevistado para o projeto. A codiretora Jana�na Patroc�nio � respons�vel, h� muitos anos, pelas grava��es dos espet�culos do grupo. Tamb�m registra os bastidores.
Tanto por isso, o longa traz passagens de diferentes momentos de Guimar�es, em geral em est�dio. “A presen�a dele � diferente (da dos outros autores), pois ele est� mais fazendo coisas do que falando sobre o processo (de composi��o). A Jana�na tem horas de material com ele no arquivo, ent�o n�o sentimos necessidade de ir at� ele”, comenta Mendz. Guimar�es, vale lembrar, � autor de quatro trilhas: “Uakti” (1988), “21” (1992, um divisor de �guas na trajet�ria do grupo), “Bach” (1996) e “Dan�a sinf�nica” (2015).
O projeto do document�rio � de 2016 e veio do pr�prio Corpo. Os espet�culos da companhia nascem a partir da m�sica. Somente depois que a trilha est� pronta � que Rodrigo Pederneiras d� in�cio � coreografia.
A pandemia afetou o filme. Mendz comenta que houve uma �nica entrevista realizada no final de 2019, com Wisnik. Todas as outras foram feitas entre janeiro e fevereiro de 2020. Tom Z� e Milton estavam com as entrevistas agendadas para mar�o. As restri��es impostas pela crise sanit�ria impediram os encontros. Entremeando as entrevistas, h� imagens dos espet�culos.
J� Gilberto Gil, autor de “Gil” (2019), n�o chegou a entrar na lista. “O espet�culo ainda estava muito fresco, foi uma op��o na �poca. Se n�o tivesse havido a pandemia, talvez tiv�ssemos falado com ele”, comenta Mendz. Houve entrevistas em BH – Moreno e Caetano, no Teatro Dom Silv�rio; Wisnik, no est�dio Neutra – e outras em S�o Paulo e Rio (Lenine e Jo�o Bosco receberam os diretores em casa).
Para o diretor, o mais importante � trazer esta reuni�o de criadores. “Pela primeira vez, ouvi-los falar do trabalho com o Corpo de forma t�o livre, inclusive dos medos de entrar na empreitada. � um risco coletivo”, comenta Mendz.
H� situa��es que o document�rio mostra que exemplificam isso. A cada novo convite, os Pederneiras reafirmam que os autores t�m toda a liberdade para fazer o que quiserem. Isso gera d�vidas e inseguran�as, mesmo tratando-se de alguns dos maiores nomes da m�sica brasileira.
O risco vale a pena. Lenine, por exemplo, comenta o impacto que teve quando assistiu a “Breu”. Pela primeira vez em sua vida, ele “enxergou” a sua m�sica. Caetano admite que o “nu” ouvido foi uma garantia de que o trabalho tinha ficado bom. Mas que s� se maravilhou realmente com “Onqot�” quando assistiu a uma remontagem do espet�culo, anos depois da estreia.
GRUPO CORPO PELA M�SICA
• O document�rio estreia nesta ter�a (14/2), �s 21h30, no canal Curta!.
• Reprises na quarta (15/2), � 1h30; quinta (16/2), �s 9h30; e s�bado (18/2), �s 16h
Jo�o Bosco resistiu ao convite feito pela companhia. Por fim, comp�s "Benguel�"
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Grupo sai em turn�, em mar�o
� hora de levantar voo de novo. O Corpo parte em mar�o para nova turn� internacional. Ser�o 12 apresenta��es no m�s que vem em Luxemburgo, Su��a, Alemanha e Fran�a. A companhia vai levar os espet�culos “Primavera” (2021) e “Breu” (2007). E um prestigioso projeto, anunciado antes da pandemia, finalmente vir� a cabo.
Em 18 de julho, a companhia vai se apresentar no Hollywood Bowl, em Los Angeles, com a Filarm�nica de Los Angeles, sob a reg�ncia do maestro venezuelano Gustavo Dudamel. O programa ser� com a coreografia in�dita “Estancia”, criada por Rodrigo Pederneiras para a m�sica composta pelo argentino Alberto Ginastera (1916-1983).
O convite, que partiu do pr�prio Dudamel, diretor musical e art�stico da Filarm�nica de Los Angeles, ocorreu no in�cio de 2020 – o plano inicial era lan�ar o espet�culo em outubro daquele ano, o que a pandemia impediu de ocorrer. Com as atividades retomadas, Dudamel anunciou na semana passada que ir� se desligar da Filarm�nica de Los Angeles e assumir o posto de regente da Filarm�nica de Nova York, a partir de 2026.
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