Rogério Flausino do jota quest e samuel rosa do Skank cantam juntos

Jota Quest, de Rog�rio Flausino, e Skank, de Samuel Rosa, dividiram palcos: "O Skank foi uma esp�cie de farol para o Jota"

Marcos Vieira/EM/D.A Press
Ao longo dos seus 32 anos de carreira, o Skank n�o colecionou somente uma legi�o de f�s, mas tamb�m serviu de inspira��o para muitos m�sicos. Vocalista da banda Jota Quest, Rog�rio Flausino diz que “ficou chapado”, quando viu a banda pela primeira vez, em uma apresenta��o no Bairro Jardim Canad�, o que o motivou ainda mais para montar um grupo em Belo Horizonte, assim que chegou de Alfenas, sua terra natal.

Seu irm�o, o cantor, compositor e guitarrista Wilson Sideral revela que viu um show do Skank em Varginha, ficou encantado e disse para si mesmo: “Essa banda vai conquistar o Brasil”. J� o cantor Bauxita lembra que j� tocou com com os quatro integrantes da banda – Samuel, Haroldo, Lelo e Henrique. “Inclusive, Samuel foi meu guitarrista na �poca em que eu cantava no extinto bar Mister Beef. A gente bebeu na mesma fonte que era o blues.” A seguir alguns depoimentos de m�sicos que admiram o trabalho e a trajet�ria da banda mineira:

“Uma banda com uma obra desse tamanho e com essa import�ncia n�o acaba”

O Skank abriu as portas para um novo pop/rock brasileiro, naquele in�cio dos anos 1990 e hoje s� estamos aqui por causa dele. Ele foi um dos que encabe�aram um novo tempo para o pop brasileiro e o Jota pegou carona nisso.

O Skank foi uma esp�cie de farol para a turma de BH, uma esp�cie de irm�o mais velho, no melhor sentido que isso possa ter. Acho que s� vim para BH, porque o destino colocou o Alexandre Mour�o, que era baixista da banda Pouso Alto, na qual o Samuel tocava, estudando veterin�ria em Alfenas.
Alexandre nos trouxe para tocar em BH. Depois do show, disse que estava rolando uma festa no Bairro Expresso Canad�, na qual o amigo Samuel estava tocando e que era para irmos l�. Fomos e eu e o meu irm�o Wilson Sideral, ficamos chapados.

A gente devia ter entre 15 e 18 anos. Alguns meses depois, acho que em 1992, chegou para mim, uma fita cassete mandada pelo Alexandre. Ele me disse, “aquele meu amigo montou uma banda que se chama Skank e os caras est�o fazendo o maior barulho em BH”.



Era o primeiro disco do Skank, aquele �lbum era incr�vel... A inventividade daquele pop, baseado no reggae e no dance hall, mas com letras �timas. Quando cheguei a BH, em 1993, j� estava apaixonado pelo Skank.

Um certo dia, ao abrir o jornal para ficar ligado no que estava acontecendo, me deparei com o Skank na capa do caderno de Cultura do Estado de Minas. A manchete dizia: “Banda mineira assina com a Sony Music”. Pensei, esses caras s�o bons mesmo. Disse pra mim mesmo, vim para a cidade certa e olha que nem conhecia ainda os meninos do Jota. Fui conhec�-los no final daquele ano. E ali o Skank come�ou essa caminhada incr�vel. Os tr�s primeiros discos s�o avassaladores para o pop nacional. Ent�o, para mim, o Skank sempre foi fant�stico.

banda Skank no início da careira

In�cio da carreira e os primeiros �lbuns do Skank s�o lembrados por outros artistas como inspiradores

divulga��o


O primeiro show que vi do Skank, pra valer, foi em um festival que rolou no Parque das Mangabeiras, com v�rias bandas, inclusive o Jota. Foi algo surreal de t�o bom. E a coisa n�o parou mais de acontecer. Vale lembrar que, em 1996, o Skank – explodido com “Garota nacional” e “� uma partida de futebol”, teve o show de lan�amento desses �lbuns – Samuel, Henrique, Lelo e Haroldo nos deram a moral para fazer a abertura. Aquilo, para o Jota, n�o foi somente um show de abertura do Skank, mas de abertura de carreira do ex-J. Quest, com o apoio dos meninos e do Fernando Furtado. Ent�o, � muito amor e gratid�o envolvidos. N�o cheguei a pensar aonde o Skank chegaria, assim como n�o pensei do Jota tamb�m.

Acho massa o fato de eles terem permanecido em BH. Jota Quest, Pato Fu e outras bandas permaneceram por aqui. � muito dif�cil escolher o melhor trabalho do Skank, mas acho que os tr�s primeiros discos fazem um barulh�o. Por�m gosto muito de o “O samba Pocon�”.

Tive uma rela��o de amor com o primeiro �lbum, porque foi muito impactante ver uma banda que parecia t�o pr�xima da gente. Mas “Calango” mexeu muito com todo mundo, me lembro de ter pirado com aquele disco. Ele � muito marcante, muito forte, muito impactante.

Quanto ao lance da parada do grupo que alguns est�o chamando de fim, n�o estou encarando assim, mesmo porque uma banda com uma obra desse tamanho e com essa import�ncia, n�o acaba. O pessoal pode at� parar de fazer show, mas a banda est� a�.



Vamos fazer mais um disco, ser� que vai, n�o vai, quem vai garantir? Na verdade, acho, como integrante de uma banda e o Jota j� est� com 29 anos, a batalha n�o � extremamente f�cil. � �rdua, de muito trabalho, muita viagem, muita aus�ncia de casa, de coisas que voc� gostaria de fazer e n�o pode, tanto no pessoal, quanto no profissional.

Olho para isso como uma parada merecida de uma das bandas mais importantes de todos os tempos do rock nacional. S� quero abra��-los e agradec�-los por tudo isso, porque � fant�stico tudo que foi desenhado e constru�do e a gente tem, al�m de tudo, uma d�vida de gratid�o em rela��o a eles. Com certeza, estarei l� no Mineir�o, cantando todas as m�sicas, pulando e comemorando com eles essa caminhada maravilhosa.

>> Rog�rio Flausino
Vocalista do Jota Quest
Skank durante show no Palco Mundo do  Rock in Rio, em 2011

Skank durante show no Palco Mundo do Rock in Rio, em 2011: banda deixa marcas no rock nacional, como "diversidade sonora destemida, alheia aos cr�ticos"

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

“ Eles t�m aquele frescor de uma banda nova”

Acho que as bandas t�m que terminar quando as pessoas est�o a fim, quando outras coisas est�o chamando ou quando elas n�o estiverem com inspira��o para fazer coisas novas. Acho que uma banda n�o tem que ficar esticando a sua carreira indefinidamente, assim a todo custo.

Quando tiver algo a dizer, quando tiver de fazer algo relevante, vai l� e faz, e � isso a�. Eles deixaram tanta coisa para a gente ouvir, para quem � f� da banda e se tiverem a fim de voltar, voltem tamb�m, sem problema. Conheci o Skank no comecinho do Pato Fu.

Est�vamos come�ando quando fui assistir ao show da banda, me lembro de ter ficado impressionado de como o show funcionava, de como o Skank era bom, para quem estava ali para curtir e se divertir. Era bem feito, bem tocado, o Samuel tinha muita presen�a de palco.

Lembro que fiquei muito impressionado, achei a banda com um som original. Imaginei que eles tinham a chance de fazer sucesso, o rock brasileiro estava tendo certa retomada ali, pensei, acho que esses caras v�o conseguir achar seus passos por aqui. Foi muito legal eles terem feito o sucesso que fizeram e com um som muito pr�prio, deixaram muita personalidade e se mantiveram em BH, e isso foi muito bacana.

A minha gera��o nos anos 1980, as bandas nas quais toquei, todas tinham uma sensa��o de que teriam de sair, que teriam de ir para o Rio de Janeiro e S�o Paulo para fazer sucesso e o Skank j� mostrou que n�o precisava.


S�o outras coisas, outras vari�veis que necessitavam ser preenchidas para conquistar o eixo Rio/S�o Paulo. Inclusive, isso serviu de espelho para o pr�prio Pato Fu, que tamb�m ficou em BH.

O Skank tem tantos trabalhos legais, gosto muito dos primeiros discos. Eles t�m uma personalidade pr�pria, aquele frescor de uma banda nova, o que acho muito legal. Em todos os discos deles, encontro grandes can��es. Acho que eles sempre cuidaram muito do som, de n�o deixar a peteca cair, deixando os trabalhos sempre muito bem acabados. As parcerias tamb�m s�o muito legais. O Skank � muito massa.

>> John Ulhoa
Guitarrista do Pato Fu

“Caramba, essa banda vai conquistar o Brasil”

Vi o Skank pela primeira vez na cidade mineira de Varginha, logo ainda na turn� do primeiro disco (“Skank”, 1993). Est�vamos l�, eu e o meu irm�o Rog�rio Flausino, ainda mor�vamos em Alfenas. Quando vi aquela explos�o e aquela energia de palco, falei, caramba, essa banda vai conquistar o Brasil. E n�o deu outra.

Ali, j� percebi pelo conjunto, pois o Skank tem uma coisa muito forte, a energia contagiante do Samuel e eles ali, no in�cio da carreira, com as camisas de futebol e toda aquela energia muito boa deles. Dali pra frente passei a acompanh�-los e torcer para que o grupo fizesse sucesso.

Sobre o fato de serem os representantes da nossa BH e continuarem morando aqui, foi um grande exemplo para toda uma gera��o e para todos n�s que at� hoje somos artistas e moramos na cidade, o que nos anos 1960, 1970 e 1980 era quase imposs�vel. E eles, com muito suor, claro, conseguiram continuar morando na nossa capital e ter uma rela��o muito �ntima com os mineiros, com os cidad�os de BH.

O Skank deixa tamb�m um legado maravilhoso para a m�sica rock do Brasil, uma banda que sempre priorizou a poesia, com suas parcerias incr�veis com Chico Amaral, Nando Reis, L� Borges, com essa rapaziada incr�vel da poesia, com o talento de Samuel de compor can��es que s�o populares e, ao mesmo tempo, profundas.

Ent�o, � imposs�vel descrever esse tamanho. Acho que s�o eternos e j� fazem parte do cancioneiro brasileiro, e do reggae ao rock, passaram para a nossa m�sica popular brasileira, com toda a compet�ncia que lhes cabe.

Para eleger um trabalho � muito dif�cil, mas dois �lbuns me marcam muito, o “Calango”, pela import�ncia da chegada, pelo alvoro�o que causou no mercado brasileiro, pelo grande sucesso alcan�ado; e “Cosmotron”, pela for�a da guinada para mais uma dire��o em que os caras apontavam, um disco maravilhoso, com as refer�ncias perfeitas.”

>> Wilson Sideral
Cantor, compositor e guitarrista

“O Skank � o Beatles brasileiro”

Conheci a banda quando ainda n�o se chamava Skank. Era o pr�-Skank, em um r�veillon em Escarpas do Lago e a banda se chamava Pouso Alto. O Skank, propriamente dito, foi no Maxalunano, em um bar onde eles tocavam nos anos 1990, no Bairro Serra.

A banda desde o in�cio tocava um ska e pop/reggae. O Haroldo Ferretti entrou como um g�nio naqueles barulhinhos que ele fazia no sampler, para a �poca, super atual, muito legal. O fato de eles permanecerem em BH tamb�m foi uma honra. Imagina estourar com a profiss�o que voc� gosta e poder se manter fora do eixo Rio/S�o Paulo.

Para mim, o Skank, guardadas, l�gico, as devidas propor��es, � o Beatles brasileiro. Todos os discos s�o bons, todas as m�sicas s�o boas, eles conseguem fazer rock, pop, balada, reggae. O Skank entrou para a hist�ria como, se n�o a maior, uma das maiores bandas de pop da hist�ria do Brasil, at� o momento.

� dif�cil escolher um trabalho da banda, mas vou falar uma frase: “A nossa indigna��o � uma mosca sem asas, n�o ultrapassa as janelas de nossas casas”. Certa vez, falei para o Samuel, essa (“In (dig) na��o”) � uma das melhores m�sicas do Skank. Ele ficou “bravo” comigo, porque � uma m�sica simples, mas essa frase resume tanto o Brasil. Adoro o Skank, sou f� e ainda tenho a honra de ser amigo dos caras.

>> Ant�nio J�lio Nast�cia
Guitarrista do Tianast�cia


“A gente bebeu na mesma fonte que era o blues”

Conhe�o o Skank antes mesmo de ser Skank. A minha hist�ria com cada um, em particular, toquei com todos e com todos tive alguma rela��o musical. O Haroldo e o Henrique produziram um disco de uma banda que eu tinha, a Jam Pow!, com uma m�sica in�dita de Samuel Rosa, fiz parte de uma banda do Lelo, antes dele entrar para o Skank.

Ent�o, a minha hist�ria com eles � antes, fora a influ�ncia musical que eu Samuel tivemos. Ele foi meu guitarrista, na �poca do extinto bar Mister Beef, a gente bebeu na mesma fonte que era o blues. Ent�o, era uma coisa fren�tica entre mim e ele, de aplicar um ao outro, artistas de blues. Robert Cray era uma influ�ncia comum nossa.

N�o imaginava que o Skank seria uma banda que chegasse onde chegou, obviamente sabia da compet�ncia do Samuel, principalmente, como guitarrista, cantor e um baita compositor. J� almejei uma m�sica dele, “Salto no asfalto”, mas ele disse: “n�o, essa vou lan�ar na minha banda”.

O Skank deixa a marca de uma banda bem sucedida. O melhor trabalho deles, sem d�vida nenhuma, � o disco que tem “Garota nacional”’ (“O samba Pocon�”).

>> Bauxita
Cantor

“A obra permanece. Um salve ao Skank”

Acho uma pena o fim de uma banda que abriu espa�o para v�rios grupos mineiros. No caso do Pato Fu, foi mais especial. Na �poca, 1993/1994, era empres�rio da banda e foi com a ajuda do produtor Fernando Furtado que consegui conhecer pessoas certas para mostrar o Pato Fu.

O Skank nos acolheu e fizemos v�rios shows de abertura dos caras. A equipe tamb�m era muito parceira. Abrimos muitas portas com a ajuda do Skank. Fico triste com o fim, mas todo fim tamb�m gera um recome�o.

A obra permanece. Um salve ao Skank e toda sua trajet�ria. Conheci o Skank bem no in�cio, em shows nos bares de BH e sempre acreditei que seria sucesso. Na verdade, j� tive essa impress�o em rela��o ao Samuel, em um dos shows que vi do antigo grupo dele, o Pouso Alto. Acho que ficar em BH foi a grande sacada e que tamb�m serviu como inspira��o para o Pato Fu.

>> Ricardo KoctusBai
Baixista do Pato Fu

Gravação do álbum 'Os três primeiros', no Circo Voador, no Rio, em 2018

Grava��o do �lbum "Os tr�s primeiros", no Circo Voador, no Rio, em 2018 . Trabalho resultou no quarto disco ao vivo da banda mineira

Jo�o Paulo Moreira Lima/Divulga��o

“Pass�vamos horas ouvindo a fita demo do Skank”

O Paralamas conheceu o Skank porque chegou �s nossas m�os uma fita demo deles. E muita gente estava falando que era um grupo que tinha muito em comum com os Paralamas. Muitos chamavam de uma banda meio cover dos Paralamas, por�m, a gente n�o achou assim t�o parecido. As pessoas tinham certa facilidade de associar o som da banda, como se os Paralamas fosse o reggae. No come�o, os tr�s primeiros �lbuns deles eram muito calcados no reggae.

A gente conheceu o Skank quando o Paralamas estava fazendo uma turn� de divulga��o no M�xico e pass�vamos horas e horas no engarrafamento, indo de uma r�dio para outra, de uma televis�o para outra, ouvindo direto a fita demo do Skank, antes mesmo de eles gravarem um disco. E tinha uma vers�o muito legal de “Let me try again”, aquela m�sica cantada pelo Frank Sinatra.

Ficamos muito impressionados com o Samuel Rosa cantando, ali�s, nem sab�amos o nome dele ainda. Diz�amos: “poxa, esse cara canta bem, parece reggae jamaicano mesmo, muito bacana”. Havia muitos diretores de gravadoras interessados e nos perguntavam sobre o Skank. A gente falava, quem chegar primeiro e contratar, vai se dar bem.

O fato de o Skank ter permanecido em BH, para mim, s� atestou a sua personalidade, de n�o precisar morar em S�o Paulo para fazer trabalhos. Acho que n�o tem essa de se mudar da cidade na qual voc� nasceu. Acho que o Skank foi evoluindo nessa linha estil�stica e deixaram de ser uma banda de linhagem brasileira.

Come�aram a diversificar musicalmente o seu estilo de composi��o e tamb�m a interpretar m�sicas de outros compositores, e eles foram se diferenciando com essa diversidade musical que foi muito produtiva para a banda, mostrando interatividade musical e art�stica.

N�o saberia dizer qual o melhor disco do Skank, pois eles emplacaram um tanto de coisas bacanas, nas paradas e nas r�dios, e acho que o importante mesmo � o conjunto da obra. Fico com um sentimento meio estranho em rela��o � banda acabar, porque, sei l�, de repente, eles n�o est�o conseguindo manter o grupo por raz�es internas e pessoais.

� muito estranho ver uma banda de tanto sucesso, t�o vitoriosa, encerrar suas atividades. Talvez n�o seja isso ao p� da letra. Quem sabe eles, que nem os Los Hermanos, de repente se re�nam para fazer uma turn� de tempos em tempos, lan�ar uma m�sica.

N�o aceito muito o final deles como sendo uma coisa definitiva, quem sabe eles consigam arranjar assunto para voltar e, principalmente, para devolver o grande apre�o que eles t�m do p�blico em geral? Acho que, dessa maneira, isso pode acontecer.

>> Jo�o Barone
Baterista do Paralamas

“O �lbum mais ‘redondo’ � o ‘Cosmotron’”

Conheci o Skank em 1991, quando o Felipe Barreto, que era coordenador da R�dio 98, me mostrou uma fita cassete e falou: “Olha que m�sica legal”. Era “Let me try again” e perguntei que banda era aquela e ele respondeu que era de BH. Falei, essa vers�o � �tima, ele disse: “Pois �, uma banda daqui”.

A� ele comentou sobre o Skank. Cerca de um ano depois, fomos fazer a quinta edi��o do projeto Pop Rock, no Est�dio do Mineir�o, e fiquei impressionado com a vitalidade da banda, que j� havia conquistado muitos f�s em BH e que n�o ficava nada a dever, mesmo com um trabalho inicial, aos artistas daquele festival. Eles abriram o evento, mas com muita for�a.

Pouco tempo depois, o Biqu�ni se apresentou com o Paralamas, novamente em BH, e nos encontramos com os caras do Skank e ganhei de presente deles o primeiro CD, que ainda era independente. Voltei para casa e ouvi o �lbum inteiro e liguei para eles dizendo que estava lindo. Na �poca, o Biqu�ni estava estourado com “Vento ventania” e a gente passou a tocar nos shows “O homem que sabia demais”.

“Vento ventania” era a nossa can��o mais importante, a mais tocada naquele ano de 1992, ou seja, era o momento principal do show e, no meio dele, a gente tocava um pouco de “O Homem que sabia demais” e diz�amos para o p�blico: essa � uma banda de Minas Gerais, voc�s n�o conhecem, mas � muito legal, muito importante para todos e se chama Skank.

Foi assim que conheci e me envolvi muito com o Skank. A gente celebrou muito a entrada deles para a Sony e tivemos orgulho de ver uma banda que cresceu e foi muito al�m, inclusive, em termos de sucessos comerciais e tudo, at� mais do que o pr�prio Biqu�ni. Os discos venderam muito e tiveram uma proje��o nacional e at� mesmo internacional, como “Garota nacional”.

N�o penso at� onde uma banda vai, penso que, enquanto est� ativa, estar� sempre com uma carta na manga que, de repente, vai lhe surpreender. Fui surpreendido com a not�cia de que eles iriam parar.

O Skank escreveu seu nome na hist�ria e deixou a marca como uma banda de pop/rock muito importante. Acho legal frisar o seguinte, � extremamente pop, mas com uma pegada rock tamb�m.

Acho que � quando o rock consegue ter, realmente, seu �ndice maior de popularidade e o Skank tem um arsenal incr�vel de hits e � uma banda que tem um cantor carism�tico, um l�der nato, que � o Samuel Rosa, que canta e toca guitarra muito bem. Al�m disso, uma banda muito coesa, fecha com ele esse time, que tem uma energia que contamina todo mundo que est� assistindo. Ent�o, o Skank j� tem essa marca.

Existem muitas can��es incr�veis do Skank que est�o espalhadas em v�rios discos especiais, no entanto o �lbum que, talvez, para mim, seja o mais “redondo” e a gente ouve da primeira � �ltima faixa sem parar � o “Cosmotron”. Adoro a sonoridade dele e os temas abordados. N�o acho que a banda acabou, pois sempre haver� oportunidade e possibilidade para que os quatro se re�nam e fa�am um show fant�stico.

>> Bruno Gouveia
Vocalista do Biqu�ni 

“Espero que voltem, o legado deles � imenso”

A mistura de v�rios ritmos nacionais e estrangeiros, aliados a um instrumental afiado e belas composi��es, transformou o Skank numa poderosa banda no cen�rio pop/rock. Espero que um dia eles voltem, pois o legado deles � imenso.

>> Arnaldo Brand�o
Vocalista do Hanoi Hanoi



“...E l� estava o pessoal do Skank em uma v�”

Lembrando aqui dessa trajet�ria t�o bacana do Skank l� por volta de 1992/1993, naquela fase pr�-Sony Music. Acho at� que eles j� tinham lan�ado o primeiro disco, mas n�o pela Sony. A gente se encontrava de vez em quando na estrada e, certa vez, nos encontramos em uma parada de �nibus, no interior de Minas.

A gente chegou com o �nibus do Nenhum de N�s, com o qual a gente viajava pelo Brasil, e l� estava o pessoal do Skank em uma v�. A� algu�m falou: “Olha s�, os caras v�m a� com um baita �nibus”. A�, falamos: “vamos seguir ralando, porque come�a assim mesmo”, e foi o que aconteceu com o Skank que se tornou, por um bom per�odo, a maior banda do Brasil, na minha opini�o. Depois vi que todos os �lbuns deles se tornaram sucesso.

De certa forma, o Skank e o Nenhum de N�s se identificam pelo fato de terem ficado em suas cidades, a gente em Porto Alegre, e eles em BH. Com isso, a gente descentraliza o poder da m�sica e, na verdade, acaba tendo um movimento, assim como teve aqui no Sul, de rock, e a� se incluem diversas outras bandas. Acho que o Skank est� deixando muita coisa de legado.

>> Sady Homrich
Baterista do Nenhum de N�s

“Samuel � um front-man desafetado e visceral”

Conheci o Skank pela m�sica “Pacato cidad�o”, do disco “Calango” (1994), junto a todo movimento nacional de bandas despojadas, como Mundo Livre e Na��o Zumbi, entre outras. N�o me interessava muito, at� que ouvi a can��o “Resposta”, do �lbum “Siderado” (1998).

Aquilo ali j� sinalizava um estilo de composi��o que marcou a banda e consagrou o Samuel Rosa como um dos maiores cantores, melodistas e compositores pop brasileiro. � uma justi�a hist�rica reconhecer o Samuel como melhor cantor do pop nacional, em todos os tempos. Um front-man desafetado e visceral.

Acredito que terem permanecido em BH ajudou a n�o ca�rem na armadilha de conviverem com a frente pseudo-intelectual-elitista do eixo Rio-S�o Paulo, que acabou de descobrir que o Brasil n�o � um grande litoral. Com isso, o centro gravitacional do Skank sempre ficou pr�ximo de suas origens.

A banda deixa muitas marcas no rock nacional, como a preserva��o e gest�o de uma carreira s�lida e seu legado, boas parcerias e uma diversidade sonora destemida, alheia aos cr�ticos e amantes conservadores do rock. O trabalho que mais me emociona � o “Cosmotron” (2003). Uma mudan�a acertada na sonoridade e no texto. Para mim, o Skank � a maior banda do extinto pop/rock brasileiro.

>> Rodrigo Suricato
Vocalista do Bar�o Vermelho

“'O samba Pocon�' � um �lbum fora da curva”

Conheci o Skank logo no in�cio. J� conhecia o Haroldo Ferreti desde crian�a e depois tivemos uma banda juntos. Na �poca da Pouso Alto, antigo grupo de Samuel, eu e muitos outros artistas de BH j� ach�vamos a banda diferenciada e com qualidade.
 
O Skank �, sem d�vida, um dos maiores �cones da hist�ria do pop/rock brasileiro. S�o muitos sucessos e nos deixam orgulhosos como mineiros. “O samba Pocon�” � realmente um �lbum fora da curva, ensolarado e pra cima.

O final da banda, eu como tamb�m tenho um grupo, que j� est� com quase 30 anos de exist�ncia, me deixa muito surpreso e triste. O Skank � daquelas bandas que atravessariam mais gera��es se seus integrantes permanecessem juntos. Brindar-nos-iam com mais can��es para acompanhar nossas vidas. Sinceramente, n�o entendi o porqu� dessa decis�o, mas cada um sabe de sua hist�ria.

S� lamento o Jota Quest n�o ter feito mais shows pelo Brasil, junto com o Skank, algu�m do Clube da Esquina ou da nova gera��o. Minas � o celeiro de m�sica e arte.

>> M�rcio Buzelin
Tecladista do Jota Quest