"O Bem-amado" chega a BH para duas apresentações neste fim de semana
Com Diogo Vilela no papel de Odorico Paraguaçu, montagem do texto de Dias Gomes tem sessões neste sábado (28/6) e domingo, no Sesc Palladium
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Siga noTexto escrito por Dias Gomes (1922-1999) em 1962, encenado pela primeira vez em 1969 e que virou novela protagonizada por Paulo Gracindo em 1973, “O Bem-amado” ganhou nova montagem em janeiro deste ano. Depois de cumprir duas temporadas no Rio de Janeiro, a peça, que tem Diogo Vilela no papel do inescrupuloso Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira, chega a Belo Horizonte para apresentações neste sábado (28/6) e domingo, no Sesc Palladium.
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A história se passa na cidade fictícia onde o protagonista faz uma promessa de campanha: construir um cemitério. A reviravolta que dá o tom cômico à dramaturgia é que, para que o cemitério seja inaugurado, alguém precisa morrer. Diante desse “detalhe”, Odorico fará o possível e o impossível para garantir que isso aconteça o mais rápido possível, subornando, corrompendo, oferecendo benesses e cargos a granel.
Vilela destaca a atualidade do espetáculo, que tem direção de Marcus Alvisi. Ele conta que a produção resolveu incluir, antes do início da peça, um áudio explicando que a nova montagem é estritamente fiel ao texto de Dias Gomes. “As pessoas estavam achando que estávamos inventando, acrescentando, de tanto que a peça pode ser um reflexo do que acontece hoje”, diz, destacando que “O Bem-amado” é revelador dos alicerces da política no Brasil – seja nos anos 1960 ou no tempo presente.
Farsa
“Odorico Paraguaçu coloca em prática o que é ser político. Mesmo sendo uma comédia, uma farsa, o senso comum entende que ali não tem nada disfarçado: é o flagrante de uma estrutura política brasileira que atravessa décadas”, aponta o ator. Ele conta que a principal inspiração para compor sua versão de Odorico foi Paulo Gracindo, mas, entendendo que TV e teatro são linguagens diferentes, criou um personagem ao seu modo.
“Muita gente falou que é um papel perfeito para mim, que nasci para fazer esse texto. Muitas críticas ressaltam o humor da montagem, e eu tenho a natureza do comediante, mas foi um trabalho árduo; meu texto tem 56 páginas”, comenta. Ele destaca como principal traço de seu personagem a agilidade de pensamento, algo muito importante numa peça satírica. “É o que dá ritmo para o espetáculo. O texto tem essa agilidade, é muito bem escrito.”
Num momento em que se vê na cena teatral brasileira uma profusão de monólogos ou peças encenadas em dupla, chama a atenção o elenco formado por 14 pessoas nesta nova montagem de “O Bem-amado”. Vilela diz que a peça não conta com patrocínio e que o êxito das duas temporadas no Rio de Janeiro – nos teatros João Caetano e Clara Nunes – foi determinante para que a equipe envolvida resolvesse seguir adiante e iniciar por Belo Horizonte uma circulação nacional.
Ele chama a atenção, também, para a presença de comediantes natos em cena, como Tadeu Mello, no papel de Dirceu Borboleta, e Ataíde Arcoverde, como Chico Moleza. “Todo elenco carece de uma boa equação, que tivemos a sorte de alcançar. É uma reunião de talentos, o que ajuda a sustentar o espetáculo. Já fiz vários monólogos, mas gosto de contracenar com muita gente”, afirma.
Vilela observa que, por causa da novela, sobretudo, “O Bem-amado” é uma história que está no imaginário de toda uma geração. Ele acredita que isso justifica o êxito, logo de saída, da nova montagem. “Na primeira temporada, no João Caetano, que é um teatro com 1.200 lugares, tivemos casa cheia em todas as sessões. O público se diverte demais com esse espetáculo, é algo que fica evidente, e olha que eu já fiz muita comédia”, afirma.
“O BEM-AMADO”
De: Dias Gomes. Direção: Marcus Alvisi. Com Diogo Vilela, Tadeu Mello, Ataíde Arcoverde, Patrícia Pinho, Rose Abdallah, Renata Castro Barbosa. Neste sábado (28/6), às 20h30, e domingo (29/6), às 18h30, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos com preços variando entre R$ 25 e R$ 150, à venda pela plataforma Sympla.
Outros espetáculos
>>> “SOLO VAZIO”
Criado e protagonizado por Julieta Dobbin, “Solo vazio” ocupa o palco do Teatro de Bolso do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro), nesta sexta (27/6) e sábado (28/6), às 20h, e no domingo (29/6), às 19h, levando ao público uma reflexão sobre tragédias ambientais, solidão e reconstrução da identidade.
A narrativa se passa em uma cidade devastada pelo rompimento de uma barragem. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
>>> CELSO FARIA
O violonista Celso Faria apresenta nesta sexta-feira (27/6), às 20h, no Centro Cultural IDEA (Rua Bernardo Guimarães, 1.200, Funcionários), o concerto “Música mineira para violão – Da Inconfidência à contemporaneidade”.
O roteiro é um mosaico de mais de dois séculos da música criada no estado para o instrumento. Além de duas modinhas que datam do período da Inconfidência Mineira e que foram transcritas para violão por Celso Faria, fazem parte do repertório obras originais de Heitor Villa-Lobos, José Augusto de Freitas, Arthur Bosmans e Carlos Alberto Pinto Fonseca. Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).