José, João e Fran Gil, que formam os Gilsons, vivem uma das fases mais intensas de suas carreiras. Na reta final da turnê do disco “Pra gente acordar” (2022), José e João estiveram em Belo Horizonte, no último dia 14,acompanhando o patriarca da família, Gilberto Gil, na passagem da turnê “Tempo rei” pela capital mineira. Gil é pai de José – que assume a bateria na banda do cantor e compositor baiano –, e avô de João, guitarrista do grupo, e de Fran.
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Filho único de Preta Gil, Fran concilia os compromissos com os Gilsons e sua trajetória solo. Neste domingo (29/6), os três voltam a BH para show gratuito e aberto ao público, na Rua Sapucaí, no bairro Floresta.
Vai ser a primeira vez deles em uma das ruas com a vista mais charmosa de BH, mas o formato do evento já foi realizado pelo trio em Recife e em cidades do interior do Rio de Janeiro, terra natal dos músicos. “Todos nós compartilhamos o gosto por fazer esse tipo de evento mais democrático e acessível para todo mundo”, comenta José. “A gente tem certeza que vai ser bonito”, completa João.
A expectativa é tocar para fãs e também para um público que terá a oportunidade de conhecer a banda ao vivo. No repertório, sucessos que misturam a tradição da música baiana com sonoridades modernas, como “Várias queixas” (versão da música lançada pelo Olodum), “Love love” e “Devagarinho”. “A gente vai tocar de tudo”, afirma José. “É um show pra ser feliz, curtir as músicas, curtir o pessoal, curtir a rua”, comenta João.
O show está previsto para começar às 18h30 e deve ter aproximadamente uma hora e meia de duração. Antes deles, às 17h, se apresenta a banda Tocaia; entre as atrações, o DJ Jaka comanda o som.
APRENDIZADO
A convivência nos palcos com Gilberto Gil tem sido uma escola para os Gilsons. Na turnê “Tempo rei”, que marca a despedida de Gil dos palcos, eles destacam dois grandes aprendizados: a troca musical com o artista e o conhecimento técnico sobre os bastidores de uma megaestrutura de show.
“Ver a resiliência, a energia dele com a idade que tem [83 anos, completados ontem], topando tudo, passando som, chegando cedo... isso já é um aprendizado surreal”, comenta José Gil. “A gente interpreta as músicas com ele e sabe que isso vai ficar marcado pra sempre na memória, no coração.”
Ele ressalta ainda o quanto o convívio também ensina sobre o lado técnico da profissão. “A gente aprende o que é lidar com um evento dessa dimensão, com uma equipe tão grande, um palco tão grande. Aprende como fazer tudo isso acontecer”, aponta. “A banda é muito incrível. A gente pede licença para estar ali com seu Gilberto e o pessoal”, diz João.
A agenda cheia não impede os planos para o futuro. Os Gilsons já estão em estúdio e pretendem lançar um novo disco no ano que vem. “A gente deu uma diminuída nos shows justamente para conseguir se dedicar a isso. A ideia é que, no ano que vem, sem a turnê do meu pai, estejamos 100% focados em uma turnê nossa, com trabalho novo na estrada”, adianta José.
LEI ROUANET
A apresentação faz parte do projeto Som Clube, idealizado por Rud Carvalho, que completa 25 anos em 2025. No ano passado, o evento trouxe a Belo Horizonte as cantoras Céu e Duda Beat. Nomes como Marina Sena, Luedji Luna e Johnny Hooker também já passaram pelas edições recentes do evento.
O projeto que é gratuito para o público se viabiliza por meio da Lei Rouanet. Para João Gil, ainda há muito desconhecimento sobre o funcionamento do mecanismo de renúncia fiscal em favor de projetos culturais. “Existe um pouco de confusão das pessoas em relação ao que o incentivo à cultura representa de fato. Ele é supernecessário para todo tipo de manifestação artística”, afirma.
Segundo ele, muitas vezes o público imagina que o dinheiro vai diretamente para os artistas, quando, na verdade, sustenta toda uma rede de profissionais. “As pessoas acham que o custo do evento vai quase inteiramente para o bolso do artista, mas a gente sabe que não é o caso. Existe toda uma cadeia de profissionais que garante o ganha-pão através desse dinheiro.”
Já José Gil faz uma crítica ao debate superficial que circula nas redes e diz que o foco da discussão deveria estar em outro ponto. “Basta olhar um pouco mais a fundo que se entende que a coisa é bem diferente do que se discute por aí. Essa demonização é quase sistemática. As pessoas precisam apontar o dedo para algum lugar, dizer que é ruim, que não vale a pena, até para evitar a discussão de assuntos mais importantes”, afirma.
“Quem entende sabe que o holofote deveria estar mais voltado para a responsabilidade das empresas. A pergunta é: onde elas estão investindo esse dinheiro? Em que tipo de projeto? Estão colocando essa isenção fiscal a serviço do quê?”, indaga.
HORA A HORA
Confira a programação do festival
16h - DJ Jaka
17h - Banda Tocaia
18h- DJ Jaka
18h30 – Gilsons
21h - Encerramento
FESTIVAL SOM CLUBE
Neste domingo (29/6), a partir das 16h, na Rua Sapucaí, no bairro Floresta. Entrada gratuita, sem a necessidade da retirada de ingressos.