Muita animação e palco aberto a várias gerações da música brasileira. Assim foi a 12ª edição do Festival Sensacional, realizada na sexta-feira e sábado (27 e 28/6), no Parque Ecológico da Pampulha. O público aplaudiu Caetano Veloso, de 82 anos, Evinha, de 73, Zeca Pagodinho, de 66, L7nnon, de 31, Marina Sena, de 28, Duquesa, de 25, Melly, de 23, e Augusta Barna, de 21, entre outras atrações. 

Jovens da plateia acolheram Evinha com entusiasmo, no início da tarde de sábado. Acompanharam em coro os versos de “Esperar para ver” e “Só quero”, faixas lançadas em 1971 no disco que leva o nome da cantora carioca radicada na França. 

Grande parte daquele público conheceu Evinha por meio do álbum “Diamantes, lágrimas e rostos para esquecer”, lançado no início deste ano pelo rapper BK, que sampleou canção dela. A veterana deixou o palco sob aplausos e gritos de “Evinha, eu te amo!”.

Enquanto a estrela da Jovem Guarda encantava os novos fãs, a jovem revelação mineira Augusta Barna fez bonito no palco Cemig, com canções dos álbuns “Na miúda” e “Sangria desatada”. Vestida de cor-de-rosa e acompanhada por músicos com figurinos da mesma cor, ela avisou: “Eu tô de rosa, mas sou roqueira. Sou uma Hello Kitty.”

Pela quarta vez em suas 12 edições, o festival ocupou o Parque Ecológico da Pampulha. Apesar da caminhada de cerca de 15 minutos entre a portaria e o local dos palcos, o espaço foi bem aproveitado pela produção.

Crescimento

O parque contribuiu para a consolidação do Sensacional, que cresce a cada ano, na contramão de outros festivais da cidade voltados para o mesmo tipo de público, fortemente afetados pelo aumento dos custos pós-pandemia. O Planeta Brasil não realiza edições desde 2022; o Breve cancelou BH no carnaval deste ano e migrou para Uberlândia; o Sarará foi tímido em maio. 

Inicialmente, a assessoria informou público de 8 mil na sexta e um total de 25 mil pessoas nos dois dias. Nesta segunda (30/6), corrigiu os números para 10 mil na sexta e 15 mil no sábado. Não havia filas para comprar comida ou para banheiros. Porém, os arredores do palco Cemig estavam mal iluminados, o que dificultou a circulação.

Em certos locais, se misturavam os sons dos palcos Cemig e Natura, que recebeu atrações de música eletrônica, como o coletivo Baile Room e o DJ set da cantora Letrux.

Zeca Pagodinho comemorou seus 40 anos de carreira ao por do sol de sábado, no Parque Ecológico da Pampulha

Leandro Couri/EM/D.A Press

Zeca Pagodinho pôs todo mundo para sambar ao som de seus sucessos no sábado, comemorando 40 anos de carreira ao por do sol. Na noite de sexta, ele surgiu de surpresa no show “Jah-Van”, homenagem a Djavan feita por Eduardo Bid, Céu, Chico Céu e Assucena. “Amanhã eu canto”, avisou. E cumpriu a promessa, bebendo um copo de cerveja em um momento e uma taça de vinho em outro.

A curadoria novamente apostou no equilíbrio entre artistas consagrados e novas apostas da música brasileira. Sexta-feira, Caetano Veloso, um dos nomes mais esperados do Sensacional, empolgou a plateia e recebeu pela primeira vez no palco o conterrâneo Russo Passapusso, do grupo BaianaSystem. Cantaram “Um baiana”.


Atrações de palcos secundários chamaram a atenção. No sábado, a baiana Melly, de 23 anos, demonstrou ter potencial para, em breve, figurar entre headliners.

Outra revelação, a rapper Duquesa, também baiana, teve o mineiro FBC na sua plateia. Nas redes sociais, o público elogiou a performance da artista, defendendo palcos maiores para ela. 


Iza surgiu deslumbrante, esbanjando simpatia. Toda vestida de brilhos à la Beyoncé, com ventilador no palco balançando os cabelos cacheados. O público cantou sucessos como “Dona de mim”, tema de abertura da novela homônima da Globo.

Ator do mesmo folhetim, L7nnon agitou a plateia com hits que viralizaram no TikTok. O cantor usava boné, escondendo os cabelos longos do personagem Ryan. No repertório, incluiu “Pelos acessos”, música do mineiro WS da Igrejinha.

A mineira Marina Sena e a soteropolitana BaianaSystem formaram o combo ideal para encerrar o festival em grande estilo, sábado à noite. Cada qual em seu palco, fizeram apresentações eletrizantes para lançar os respectivos álbuns, “Coisas naturais” e “O mundo dá voltas”.

Em entrevista ao Estado de Minas, a cantora revelou seus rituais antes de subir ao palco: alongamento, aquecimento vocal e... sossego!.

“Não gosto que fiquem me enchendo o saco antes do show, sabe? Isso é muito importante. Se fazem isso, fico possessa. Gosto mesmo é de tranquilidade, de paz e que ninguém me peça nada.”

A baiana Duquesa encantou o público de BH

Instagram/@juliojusto

“Sem anistia” e mosh

Encerrando o Sensacional, BaianaSystem foi pura energia, com várias rodas de mosh, gritos de “sem anistia” ecoando pela plateia e o público se movendo sem parar, do início ao fim.

O Sensacional se consolida como um dos festivais mais queridos de BH, com boa estrutura, curadoria diversa, espaço para novos nomes e atenção à inclusão. Evolução e tanto desde os primeiros tempos modestos (e também animados), debaixo do Viaduto Santa Tereza. 

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