Festivais de inverno resistem em Minas Gerais
Mesmo sem o apoio financeiro do passado, os tradicionais eventos de julho são realizados em BH, Itabira, Ouro Preto e Sabará, entre outras cidades
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Eles formaram artistas e públicos em diversas cidades mineiras – Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, Itabira, São João del-Rei, Tiradentes, Diamantina, Poços de Caldas, entre outras. Hoje, sem o devido apoio financeiro, os festivais de inverno resistem mais por insistência do que por investimento.
A tradição teve início em 1967, quando a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou, em Ouro Preto, um encontro cultural plural com cerca de um mês de duração.
A proposta se espalhou. Em 1969, ocorreu a primeira edição do Festival de Inverno de Sabará. Em 1974, a Prefeitura de Itabira criou o festival do município. E, neste 2025, a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) passou a organizar o festival de inverno local. Todos esses eventos ocorrem neste mês de julho com programações que incluem debates, seminários, oficinas, apresentações cênicas e musicais.
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“Os festivais me remetem a memórias bem antigas. São lembranças que vêm desde as minhas bandas dos anos 1980, como o Sexo Explícito”, diz o guitarrista e fundador do Pato Fu, John Ulhoa.
“Havia toda uma movimentação em torno dos festivais de inverno, e muitos colegas iam participar. Quem não ia, de alguma maneira ficava ligado no que estava acontecendo ali”, relembra.
Itabira
John e os colegas do Pato Fu encerram a programação do Festival de Inverno de Itabira no dia 20 de julho, na Concha Acústica instalada no Pico do Amor.
Até lá, o evento terá peças teatrais – destaque para “Fred e Laura”, do grupo Ato Junto, nesta sexta-feira (11/7), no Teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade; e “Vincent, um solo de amor”, com Jefferson da Fonseca, no sábado (12/7), no mesmo espaço. Também estão previstos saraus de poesia, performances de dança e intervenções musicais.
“Esses eventos são sempre muito legais. É um lugar onde você encontra os fãs e também um pessoal que está ali querendo curtir o festival, gente que às vezes não tem muita oportunidade de ver outros shows grandes”, comenta John.
Ouro Preto
Realizado pela Ufop pela primeira vez, o Festival de Inverno de Ouro Preto começou no fim de junho e se estende até setembro, com o objetivo de integrar a produção cultural acadêmica a diversos setores da sociedade. A programação inclui debates, seminários, exposições, oficinas de criação artística, espetáculos teatrais e shows em Ouro Preto, Mariana e João Monlevade.
Entre as atrações dos próximos dias estão a oficina “Corpo onírico – Dança, movimento e imaginário” (18/7, no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Ufop, em Mariana); o fragmento da peça “Sholo”, da Breve Cia. Mentirosa (também em 18/7, no Espaço São Jorge, em Ouro Preto); e o “Encontro de culturas negras, entidades educacionais e comunidades religiosas em prol da convivência e diversidade” (25/7, no Centro Comunitário Cruzeiro Celeste, em João Monlevade).
Sabará
Em Sabará, o Festival de Inverno chega à 56ª edição neste domingo (13/7). A programação inclui a apresentação do cortejo de congado da Guarda Moçambique São José Operário e São Benedito no Reino de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, intervenções do grupo Calcinha de Palhaça e shows da banda Batuque Dagmar e do grupo de percussionistas Mulheres do Ó.
“Depois de anos sendo realizado como festival de música, conseguimos inserir novas atividades e acessibilidade, como oficinas de artes cênicas e dança, além dos teatros de rua. Já estiveram presentes em outras edições grandes grupos, como o Galpão, Maria Cutia e Giramundo, todos se apresentando em espaços públicos da cidade”, afirma Jorge Luis Costa, produtor do evento.
“Nossa ideia é que isso permaneça crescendo sempre em benefício da população”, completa.
Belo Horizonte
O mais tradicional dos festivais de inverno em Minas Gerais, o da UFMG, começa nesta quinta-feira (10/7) e vai até o dia 19. As atividades serão distribuídas entre o campus Pampulha, o Conservatório UFMG, o Centro Cultural UFMG, o Espaço do Conhecimento e o Museu Casa Padre Toledo, em Tiradentes.
A edição deste ano traça um paralelo entre a história do festival e a recente criação da Pró-reitoria de Cultura (Procult), instituída em 2022. “Afinal de contas, desde a criação do festival, em 1967, podemos perceber uma longa história de estruturação e organização do campo artístico-cultural dentro da universidade”, afirma Fernando Mencarelli, pró-reitor de Cultura da UFMG.
“O Festival de Inverno é muito mais que um evento. Ele é um programa de extensão, uma ação da universidade no campo cultural que estruturou toda – ou fez parte da estruturação – da vida cultural da universidade. Ele representa uma dinâmica, um movimento vivo da instituição nesse campo da arte e da cultura”, acrescenta.
Entre as atrações confirmadas estão os shows da Geraes Big Band, da Escola de Música da UFMG (12/7, no Conservatório), e de Sérgio Pererê (16/7, na Praça de Serviços do campus Pampulha).
Na programação cênico-musical, estão as apresentações de “Os saltimbancos” (12/7, no Conservatório) e “Amanda”, solo de Rita Clemente (15/7, no Centro Cultural).
Na cidade histórica de Tiradentes, o Museu Casa Padre Toledo reabre as portas no dia 18, com a exposição “Tiradentes: Passado presente”.
FESTIVAIS EM MINAS
> ITABIRA
. Até 20 de julho, em diferentes locais da cidade. Programação completa em fccda.com.br. Entrada franca.
> SABARÁ
. Neste domingo (13/7), a partir das 10h, no Largo Nossa Senhora do Ó. Programação completa no Instagram (@festivaldeinvernosabara). Entrada franca.
> OURO PRETO
. Até 20 de setembro, em diferentes locais de Ouro Preto, Mariana e João Monlevade. Programação completa em fiu.ufop.br. Entrada franca.
> BH/UFMG
. De 10 a 19 de julho, no campus Pampulha, Conservatório UFMG, Centro Cultural UFMG, Espaço do Conhecimento e Museu Casa Padre Toledo, em Tiradentes. Programação completa no site do festival. Entrada franca.