Festival Fenda propõe novas formas de ver filmes
Até domingo (10/8), evento experimental realizado em Belo Horizonte associa sessões a performances e ao corpo
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Siga noDois anos depois da última edição, a terceira edição do Festival Experimental de Artes Fílmicas (Fenda) será realizada em Belo Horizonte nesta semana, com abertura nesta terça-feira (5/8), no Centro Cultural Vila Marçola, no Aglomerado da Serra, Região Centro-Sul.
Seis mostras estarão em cartaz de quarta a domingo (6 a 10/8), no Cine Santa Tereza, com filmes nacionais e estrangeiros. As performances são a aposta desta edição.
A abertura, às 19h desta terça, terá 'Cartas intersígnicas para Zora Neale Hurston', com performance de Ricardo Aleixo e colaboração de Ajitená Marco Scarassatti.
A intervenção corporal durante as exibições permite que o festival mantenha o caráter de exclusividade, explica Victor Guimarães, diretor do Fenda.
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“Fenda parte da ideia de criar experiências realmente únicas e irrepetíveis. Não tem como ver os filmes de outra maneira que não neste festival, seja pela presença dos artistas, seja pelo lado performático das projeções ou pela projeção analógica”, diz Guimarães.
Entre as convidadas estão Elena Duque, Moira Lacowicz e Helga Fanderl, diretora alemã que estará na América do Sul pela primeira vez.
Prismas e materiais ópticos
Helga produz filmes em Super 8 e faz toda a montagem na câmera, sem pós-produção. A espanhola Elena se dedica à animação experimental e pintará filmes ao vivo. A paranaense Moira faz manipulações de projeções com uso de prismas e outros materiais ópticos.
O tema da vez é “Intempestividade”. Diferentemente do significado literal, que se refere a situações inoportunas, o evento usa o termo para tratar de produções que modificam as noções do tempo.
“O festival lida com a ideia de misturar passado com presente. Questões imprevistas são configurações nas quais a gente mistura filmes do passado e do presente a partir de curadorias originais. Retomamos as projeções analógicas, tecnologia tida como obsoleta, para pensar como ela funciona hoje em dia”, explica Victor.
Filmes de mulheres
“Safo, a doce-amarga”, em cartaz na quinta-feira (7/8), às 16h30, é um dos filmes que revisitam o passado. O curta de Larissa Muniz é resultado do mestrado em comunicação social pela UFMG. O filme de arquivo reúne cenas de 25 produções dirigidas por mulheres brasileiras e estrangeiras dos anos 1970 e 1980.
“Durante a pesquisa, percebi que esses filmes ainda têm muito a nos dizer e a nos influenciar, tanto pelas narrativas quanto pela linguagem. É uma forma de trazê-los em outra narrativa e torná-los contemporâneos, em nova roda de discussão. Isso atualiza questões que já estavam postas, mas não foram resolvidas”, diz Larissa Muniz.
O principal tema é o desejo feminino. “Entre os filmes dirigidos por mulheres, me interessei por aqueles que de alguma forma quebravam estereótipos narrativos a partir do desejo. Quebram com algumas expectativas e colocam os desejos das mulheres em cena”, explica a diretora.
Drible
A sessão intempestiva “Faz que vai (elogio do drible)”, às 16h30 de sexta-feira (8/8), programada por Victor, une a proposta temporal do festival, exibindo filmes de 1976 a 2025, às influências do futebol.
“O drible é a coisa de fingir que vai, mas não vai. É uma referência ao dançar, ao gingar. Tentei adaptar essa ideia e imaginar uma pequena constelação de filmes que têm como narrativa estrutural o drible e brincam com o espectador”, ele explica.
“Intempestivas”, “Horizontes”, “Visões”, “Competitiva internacional” e “Competitiva BH” são as mostras do Fenda. Pela primeira vez, haverá sessões infantis na mostra “Cinema 3/99: Comer com os olhos”, com filmes selecionados pelas espanholas Glória Vilches e Elena Duque.
3º FESTIVAL FENDA
Abertura nesta terça-feira (5/8), às 19h, no Centro Cultural Vila Marçola (Rua Mangabeira da Serra, 320, Vila Marçola, Aglomerado da Serra). Sessões de quarta a domingo (6 a 10/8), no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza), com entrada franca. Ingressos devem ser retirados na plataforma Sympla e na bilheteria da sala, uma hora antes da sessão. A programação completa pode ser conferida no site do festival.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria