Banda mineira Varanda é anunciada no Lollapalooza 2026: 'É muito irreal'
Vocalista da banda, Amélia do Carmo revela que convite foi inesperado e espera que participação no festival ajude a alcançar mais ouvintes
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Siga noDo fervor cultural de Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, para um dos maiores palcos contemporâneos do Brasil. Este foi o “salto” que o quarteto da banda Varanda deu ao ser anunciado, nessa quinta-feira (28/8), entre as atrações do Lollapalooza 2026 – definição vinda das palavras da vocalista Amélia do Carmo, em entrevista ao Estado de Minas, ao falar da euforia em receber a notícia de que estará no line-up do festival.
“Foi um salto mortal duplo carpado”, conta a artista. “A gente estava sem acreditar até sair a confirmação, porque é uma coisa muito irreal. Nós tivemos um crescimento muito meteórico depois do nosso disco. A gente não esperava chegar a 34 mil ouvintes agora. Estávamos pensando em lançar, se estabelecer um pouquinho, depois lançar o próximo e começar a alçar coisas maiores, mas elas estão vindo agora”.
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O álbum a que Amélia se refere é “Beirada”, lançado em 2024. O disco explora caminhos possíveis no guarda-chuva do rock alternativo, marcado desde as origens da banda, em 2019. Todavia, a sonoridade não é limitada pelo gênero, trazendo consigo frescor da música indie contemporânea e também de artistas mineiros que inspiram o quarteto, como Marina Sena, Clara Bicho, Godofredo, e clássicos como o Clube da Esquina. “Nós estávamos mirando numa coisa oitentista, e eu acho que nossa música super conversa com esse comeback dos anos 80. E a gente é mineiro, né?”, relata Amélia.
O quarteto é formado pelo baixista Augusto Vargas, que também assume os vocais, pelo baterista Bernardo Mehry e pelo guitarrista Mario Lorenzi. Amélia conta que cada membro possui referências distintas, que passeiam do heavy metal à MPB, somadas a uma miscelânea de indie internacional com Fiona Apple e St. Vincent. “Eu acho que o tempero da banda é conseguir conversar com o que a gente gosta. E a gente nem gosta de falar de rock, só não conseguimos achar um termo abrangente suficiente. É um guarda-chuva que é cômodo de falar”, revela a cantora.
Arte ampla
A diversidade e a ecleticidade notadas na formação do Varanda são visíveis nos outros trajetos percorridos por Amélia do Carmo em sua arte. Para além da música, Amélia é conhecida por seu perfil nas redes sociais, ameliajanta, dedicado especialmente a conteúdos culinários. Seu Instagram soma mais de 200 mil seguidores, que acompanham receitas de drinks e pratos feitos pela autodenominada “amadora profissional”.
Outra faceta de sua arte é a literatura. Tanto que a entrevista que guiou este texto foi feita durante o Festival Literário Internacional de Paracatu, no qual Amélia foi convidada em razão do seu primeiro livro, “Breve viagem ao mercado” (2024), uma reunião de crônicas sobre a vida cotidiana. Tudo isso feito em meio aos estudos de Cinema e Audiovisual, que a artista, natural de Caratinga, cursa na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
“Eu gosto de inventar jeitos de falar sobre a minha experiência como ser humano. E eu sou curiosa, então experimentar novas linguagens é muito saciante para mim. E a escrita está por trás de todas as coisas. Mesmo que sejam áreas de artes diferentes, canções, tem sempre esse fio que liga e que me movimenta no mundo a todo momento, que é a escrita, de fato”, detalha Amélia.
*O repórter viajou a convite da Kinross, patrocinadora do Festival Literário de Paracatu (Fliparacatu), via Lei Federal de Incentivo à Cultura.