O Brasil acompanhou de perto o caso de Rafael Miguel, ator conhecido pelo papel de Paçoca em “Chiquititas”, novela exibida pelo SBT/Alterosa. Quatro anos após o crime que tirou a vida dele e de seus pais, João Alcisio e Miriam Selma, a história ganha novos contornos em “O assassinato do ator Rafael Miguel”, série documental da HBO Max.
Dirigida por Maurício Dias, a produção da Grifa Filmes propõe um olhar mais íntimo e delicado para o caso que foi amplamente noticiado.
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A série traz elementos inéditos da investigação. Foca, principalmente, nas vítimas que sobreviveram – com destaque para Isabela Tibcherani, então namorada de Rafael e filha do assassino confesso, Paulo Cupertino.
“A narrativa conduzida pela Isabela e sua mãe, além da própria investigação, é o que torna a série especial. Tivemos acesso aos bastidores, como os julgamentos, e acompanhamos a reação dela em tempo real. O que se vê ali é de verdade, sem reencenação”, afirma o produtor Fernando Dias.
Paulo Cupertino foi condenado a 98 anos de prisão por assassinar o ator Rafael Miguel e seus pais, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel
O crime aconteceu em 2019, no Bairro de Pedreira, Região Sul de São Paulo, quando Rafael, aos 22 anos, foi com os pais visitar Isabela. Eles foram surpreendidos por Cupertino, que disparou 13 tiros contra os três. O assassino fugiu, ficou foragido por mais de três anos e foi preso em 2022. Em maio deste ano, foi condenado a 98 anos de prisão.
Responsáveis pelo documentário dizem que a proposta é sair da abordagem puramente criminal, dando espaço à dor e ao impacto emocional dos envolvidos.
“A gente sempre tenta responder o que essa história tem de novo a oferecer. Vamos mostrar o lado das vítimas que sobreviveram. Fugir só das manchetes e mergulhar na humanidade dessas pessoas”, explica Adriana Cechetti, diretora de produção sênior da Warner Bros. Discovery.
Segundo o diretor Maurício Dias, a série é um retrato da sociedade brasileira. “É um filme sobre a estrutura patriarcal, machista e misógina muito mais comum no Brasil do que se imagina. A voz da Isabela e da investigadora são símbolos de resistência dentro desse contexto.”
Ataque de haters
Isabela, que foi alvo de ataques nas redes sociais após o crime, ganha espaço para compartilhar sua versão dos fatos e revelar suas cicatrizes.
“Ela sofreu muito com os haters. Esperamos que, com a série, as pessoas finalmente conheçam a história dela. Era só uma menina de 18 anos, mas muita gente a julgou por aparência, por postura, por ser articulada. Nunca viram sua dor”, diz o produtor Fernando Dias.
O documentário mostra a complexidade emocional vivida por Isabela, ao mesmo tempo filha do assassino e parceira da vítima. “No fim, você vê que ela não pode comemorar a prisão do pai. Isso é muito forte. Esperamos que gere reflexão sobre como olhamos para esses casos”, afirma o diretor.
Além dos depoimentos, a série apresenta registros pessoais como o diário de Isabela e áudios do podcast de Rafael, que ajudam a construir o pano de fundo da relação dos dois.
“Isso permite que o público sinta o amor deles, a cumplicidade. Rafael continua presente, mesmo não estando mais aqui”, afirma Adriana Cechetti.
“O ASSASSINATO DO ATOR RAFAEL MIGUEL”
Docussérie com três episódios, na HBO Max. O primeiro já está disponível. Os outros serão lançados em 7/8 e 14/8.