Jazz e música caipira se conectam no Festival Uai Sô
Evento com programação gratuita acontece amanhã e domingo (20 e 21/9), em Brumadinho. Juliana Perdigão, Zé Mulato & Cassiano e o trio Azymuth são atrações
Juliana Perdigão vai levar para o público repertório dos álbuns "Dúvidas" e "Folhuda", que inclui obras musicadas de Oswald de Andrade
- (crédito: Rodrigo Levy/Divulgação)
crédito: Rodrigo Levy/Divulgação
O jazz é gênero tradicional do povo afro-americano. A música caipira é enraizada no interior do Brasil, com destaque para as áreas rurais de Minas Gerais. Ambos, embora pareçam distantes histórica e geograficamente, compartilham o improviso, o virtuosismo instrumental e a transmissão oral de saberes musicais. Neste fim de semana, esta é a relação celebrada no estreante Uai Sô – Festival de Jazz e Música Caipira.
O evento gratuito será realizado neste sábado (20/9) e domingo (21/9), a partir das 13h, em área recém-inaugurada no Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH. A curadoria do evento, que conta com apresentações de artistas como a dupla sertaneja Zé Mulato & Cassiano e o trio de jazz Azymuth, foi feita por Benedikt Xacra, residente de Brumadinho, e Miguel Galvão, de Brasília.
Amanhã, às 16h, Juliana Perdigão faz show em homenagem ao jazz com o percussionista Yuri Vellasco. A artista comenta sobre o surgimento do gênero e seus principais elementos. “O jazz vem do povo preto norte-americano, mas, ao mesmo tempo, é uma herança que já vem da diáspora e dos escravizados que foram levados para os Estados Unidos. A gente conhece nominalmente a partir dessa gênese nos Estados Unidos, mas é uma coisa muito anterior que foi se modificando e abarcando vários outros gêneros e subgêneros”, explica Juliana Perdigão.
Letícia Leal fará arranjos caipiras para medalhões da música brasileira, como Luiz Gonzaga, Milton Nascimento e Hermeto Pascoal
Natália Bassi/Divulgação
Passos paralelos
A artista menciona nomes consagrados do jazz, como Miles Davis, Charlie Parker e as cantoras Ella Fitzgerald e Billie Holiday. “Me localizo como uma estrangeira, porque eu não sou da linhagem desses artistas que a gente primeiro imagina como jazz, mas também consigo caminhar por passos paralelos a ela”, diz.
Juliana Perdigão identifica o improviso como referências do jazz em sua música. E a improvisação, claro, estará presente no festival em Brumadinho com o disco “Dúvidas” (2020), último trabalho da artista feito a partir de sessões livres de improvisos. Ela, além da voz, toca a guitarra e o clarinete processado, enquanto Yuri Vellasco participa com a percussão/bateria.
O repertório do Uai Sô terá ainda canções de “Folhuda” (2019), trabalho em que compôs as canções a partir de poemas. Entre as faixas do álbum, estão três obras musicadas de Oswald de Andrade, uma de Murilo Mendes, tio-avô da artista, duas da poeta Angélica Freitas, companheira de Juliana, e duas de Arnaldo Antunes, que também participa do disco.
Releituras
No domingo, às 15h, a violeira Letícia Leal rearranja músicas brasileiras para o ritmo caipira, com a violonista convidada Bia Nascimento. “O show é baseado em um giro dos grandes compositores do Brasil”, explica a artista. Entre os nomes citados para o repertório estão Luiz Gonzaga, Milton Nascimento e Hermeto Pascoal, que faleceu em 13 de setembro.
Apesar de o repertório não ser baseado em músicas tradicionalmente caipiras, são as modificações instrumentais que adequam as faixas. “Só de trazer o instrumento na mão, a gente já inclui essa carga caipira. Fazemos os arranjos com a viola e o violão e usamos algumas técnicas próprias da música caipira”, diz Letícia.
Exemplo disso será a apresentação da música “Toque para Marina” (2022), que a artista compôs para a sobrinha. Para a faixa, Letícia trabalha a viola com as cordas soltas, técnica que, como afirma, é tradicional da música caipira instrumental.
UAI SÔ – FESTIVAL DE JAZZ E MÚSICA CAIPIRA Neste sábado (20/9), das 13h às 21h, e domingo (21/9), das 13h às 19h, no Córrego do Feijão, em Brumadinho. Entrada gratuita, mediante retirada de ingressos na plataforma Sympla.
PROGRAMAÇÃO
AMANHÃ (20/9)
• 13h30 - Negro por Negro
• 14h45 - Trio Mexe Coração
• 16h - Juliana Perdigão
• 17h15 - Zé Mulato & Cassiano
• 19h - Trio Mãos que Fazem - Carlinhos Ferreira, Levi Ramiro e Renato Tupy
DOMINGO (21/9)
• 13h30 - Marcos Rabello Quarteto
• 15h - Letícia Leal
• 17h - Azymuth
• 18h45 - Fernando Sodré Trio
Outros shows
>>> ROCK DO PAMPULHA
A 8ª edição do festival Rock do Pampulha, evento em homenagem à música autoral mineira, será realizada neste sábado (20/9), das 17h30 às 22h, no Centro Cultural Pampulha (Rua Expedicionário Paulo de Souza, 185 – Urca). Fazem parte da programação as bandas Filho Maduro, Behind my Mask, Oh Trem Blues e Bizorro Moderno, grupo que retornou em 2018 e planeja o lançamento do novo disco para 2026. Entrada gratuita.
>>> LVCAS NO DISTRITAL
Lucas Inutilismo, que adotou o nome artístico Lvcas, traz a turnê “Humanamente” a Belo Horizonte, neste sábado (20/9), às 21h, no Distrital (Rua Opala, s/nº, Cruzeiro). O show leva para a estrada o repertório do disco homônimo, lançado em novembro de 2024. O álbum é o primeiro trabalho autoral de Lvcas, que se tornou conhecido ao fazer vídeos para o YouTube, transformando faixas de sucesso em rock e metal. Ingressos: R$ 300 (pista, inteira), R$ 280 (camarote), R$ 155 (meia solidária, mediante doação de 1kg de alimento não perecível) e R$ 150 (meia), à venda na plataforma Articket.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro