Como em vida, o poeta, artista, roteirista, professor e músico Marcelo Dolabela (1957-2020) continua “dadamídia” cinco anos após sua morte. Dezessete de setembro, a data de seu aniversário, se tornou o #Dia MD, encontro anual para celebrar sua trajetória. Nesta edição, a quinta, o evento que nasceu on-line durante a pandemia teve bastante vulto. Também foi celebrada a poesia de Roberto Soares, parceiro de Dolabela que partiu no mesmo (e fatídico) 2020.


Um cortejo tomou conta, na noite de quarta-feira (17/9), das ruas do Centro de Belo Horizonte, região que ele circulava desde que se mudou para cá, vindo de Lajinha, divisa entre Minas e o Espírito Santo. O trajeto percorreu o roteiro boêmio da cidade, do bar Banzai, na Rua Padre Belchior, subindo a Avenida Augusto de Lima, chegando à Rua da Bahia e culminando no Maletta, no Xoc Xoc, onde Dolabela tinha mesa cativa.


Poetas, músicos e artistas recitaram escritos de Dolabela, como Makely Ka, Adriana Versiani, Renato Negrão e Patrícia Ahmaral. Ed Marte direcionou a turma por meio de um megafone. Ex-companheira e legatária de Dolabela, Regina Guerra também participou do encontro, que teve ainda uma intervenção musical. Projeções do VJ Pulsatrix sobre um prédio na esquina da Rua da Bahia, com imagem e poemas do artista, foram aplaudidas pelo grupo.


Não podiam faltar por ali seus companheiros do Divergência Socialista: Bijoux O’Hara, Cesco Napoli, Mamede e Alê Fonseca. Em 1983, Dolabela criou o Divergência, banda seminal do underground belo-horizontino, que se mantém ativa com diferentes formações.


Laboratório para muitas outras bandas, o Divergência teve em sua formação inicial Dolabela, Bijoux O’Hara (nome que ele deu a Silma Dornas), John Ulhoa, Márcio e Rubinho Troll. Mais tarde, Dolabela também integrou o Sexo Explícito, que, nos anos 1990, deu origem ao Pato Fu.


Pois o Divergência lança em 14 de novembro, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium, um compacto em vinil com duas faixas. Gravado há pouco, o trabalho apresenta o registro de “Fogotaraiva/Jeanne Seberg (Dadamusic)”, letra de Dolabela e música da banda, e “Voodoo Chile #56”, parceria de Dolabela com John Ulhoa. O guitarrista do Pato Fu participou da gravação do trabalho, produzido por Alê Fonseca.


O legado de Dolabela vem sendo mantido por meio de várias iniciativas. Há um ano foi lançado “Jogo que jogo” (Impressões de Minas), primeiro livro póstumo do autor. A obra reúne 145 poemas – um quarto deles, inédito.

compartilhe