Alexandre Brandão expõe 'Novas naturezas'
Artista mineiro radicado em São Paulo apresenta trabalhos produzidos ao longo de mais de uma década no Museu de Artes e Ofícios, até dezembro
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Até o dia 13 de dezembro, a exposição individual do artista mineiro Alexandre Brandão, “Novas naturezas”, ocupa três salas temporárias do segundo andar e também a torre do Museu de Artes e Ofícios, na Praça da Estação. Radicado em São Paulo há 15 anos, o belo-horizontino de 46 apresenta um trabalho marcado pela experimentação com elementos naturais.
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Formado em Artes Plásticas pela Escola Guignard, ele iniciou a trajetória nas artes com o desenho. Filho do artista visual Marcelo AB, Brandão cresceu dentro do ateliê do pai. Embora resida na capital paulista desde 2010, ele mantém o sotaque mineiro e o vício linguístico do “uai” na fala.
O artista conta que a mudança para São Paulo foi decisiva para sua trajetória, abrindo portas para residências artísticas e a circulação em galerias. Isso influenciou o desenvolvimento de sua obra, que passou a ocupar o espaço de forma mais ampla, evoluindo do desenho para formas tridimensionais. A exposição em Belo Horizonte reúne trabalhos produzidos a partir de 2012.
“A mostra fala da relação com a natureza, da observação de fenômenos naturais, dinâmicas, temporalidades da matéria. É o universo onde eu trafego. Falo da relação do humano com uma natureza remodelada por nós, que afirma uma certa inseparabilidade entre a gente e o mundo natural”, diz o artista. “É uma natureza atravessada pelos afetos e por como sou tocado por aqueles materiais, que eu traduzo e devolvo de outra forma.”
Elementos naturais
Ele incorpora elementos naturais como luz, galhos, pedras e barro em suas criações. “Meu processo criativo parte da observação da natureza, dos formatos, dos tempos, das dinâmicas. Isso tudo alimenta meu trabalho. As matérias aparecem para mim no fazer. Vou explorando as propriedades e, muitas vezes, descubro outras que nem imaginava”, afirma.
A primeira sala da exposição apresenta os trabalhos mais recentes do artista. São fios de papel torcido com nós e amarrações que criam formas que lembram plantas. O resultado, segundo ele, é uma espécie de “catalogação botânica”. No centro do espaço, estão três grandes folhas de palmeira que vão do teto ao piso.
Na segunda sala, o jogo entre luz e sombra é o destaque. Nela, estão presentes obras mais antigas do artista, que consistem em luminárias artesanais onde ele interfere nas fontes de luz para que projetem desenhos com as sombras. Quando ligadas, as luzes formam uma espécie de por do sol.
A terceira sala é composta por obras feitas com diversos elementos naturais reconfigurados manualmente. “É uma matéria manipulada, que ganha contornos mais humanizados. Esses trabalhos revelam a união entre o que é fabricado e o que já existia. Algo dado e algo feito”, explica Brandão. As obras desta sala foram criadas entre 2018 e 2023.
Por fim, na torre do relógio Brandão apresenta uma instalação composta por duas luminárias dispostas frente a frente com um tecido de tule entre elas. Quando o tecido está parado, os focos de luz se alinham. Ao se mover, os círculos se separam e só voltam a se encontrar quando o tecido repousa.
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Sem levantar bandeiras explícitas, o artista convida o público à reflexão sobre a forma como nos relacionamos com a natureza, especialmente em tempos de crise ambiental. “Acho que não tem como fugir disso. Meu trabalho passa por esse lugar de reflexão sobre a nossa relação. Inevitavelmente, estou discutindo os impactos das atividades humanas na Terra”, afirma.
“NOVAS NATUREZAS”
Mostra individual de Alexandre Brandão. Em cartaz no Museu de Artes e Ofícios (Praça Rui Barbosa, 600 - Centro). Visitação de terça a sexta, das 11h às 17h; sábados e feriados, das 9h às 17h. Entrada gratuita. Até 13/12.