Além de Odete Roitman: dez vilãs icônicas das novelas brasileiras
Teledramaturgia brasileira tem várias personagens que amamos odiar
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A nova versão de “Vale tudo” termina nesta sexta-feira (17/10). É impossível falar na trama em qualquer uma das versões sem citar a maior vilã da história das novelas: Odete Roitman, vivida por Beatriz Segall em 1988 e por Débora Bloch na versão atual. A odiável ricaça caiu nas graças do público por conta da arrogância, crimes com retoques de frieza e falas preconceituosas.
Não é à toa que Odete Roitman abriu as portas para que outras vilãs icônicas viessem na sequência. A seguir, relembre 10 antagonistas que fizeram história.
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Nazaré Tedesco (Renata Sorrah em “Senhora do destino” - 2004)
Na trama de Aguinaldo Silva, Nazaré é uma mulher ambiciosa e sem escrúpulos, que vive com o amante e sonha em ter uma vida de luxo. Ao descobrir que Maria do Carmo, uma retirante nordestina, deu à luz uma menina no hospital, ela sequestra o bebê — Lindalva — e a cria como se fosse sua filha, dando-lhe o nome de Isabel.
Anos depois, Maria do Carmo (interpretada por Susana Vieira) se torna uma empresária bem-sucedida e segue procurando a filha perdida, enquanto Nazaré faz de tudo para esconder a verdade. A vilã chega a cometer diversos crimes, incluindo assassinatos — como empurrar pessoas da escada.
Com o tempo, Isabel descobre sua verdadeira origem e se afasta de Nazaré, que acaba isolada e em decadência, mas mantendo seu jeito sarcástico e teatral até o fim. Nazaré Tedesco é uma vilã trágica, manipuladora e carismática, movida por ambição e amor doentio. Sua mistura de crueldade, ironia e drama fez dela uma das personagens mais marcantes da teledramaturgia brasileira — e também um fenômeno dos memes.
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Carminha (Adriana Esteves em “Avenida Brasil” - 2012)
Criada por João Emanuel Carneiro, Carminha é uma mulher ambiciosa, mentirosa e manipuladora que, no início da novela, abandona a enteada Rita (Mel Maia/Débora Falabella) em um lixão para ficar com todo o dinheiro do marido, Genésio (Tony Ramos), a quem ela também trai com Max (Marcello Novaes).
Anos depois, Carminha se casa com Tufão (Murilo Benício), um ex-jogador de futebol rico e ingênuo, e vive uma vida de luxo no subúrbio carioca, mantendo as aparências de esposa e mãe exemplar. Mas por trás dessa fachada, ela continua tramando e escondendo segredos — inclusive o de que Max é o verdadeiro pai de seu filho, Jorginho (Cauã Reymond).
Rita, agora adulta e usando o nome Nina, volta para se vingar de Carminha e se infiltra na casa dela como cozinheira. O embate entre as duas — com jogos de manipulação, chantagens e reviravoltas — é o centro da novela. No final, todos os crimes e mentiras de Carminha vêm à tona. Ela é presa, cumpre pena e acaba sendo acolhida por Nina e Jorginho.
Carminha é uma vilã complexa — cruel, cínica e divertida, mas também humana e contraditória. Com frases marcantes, explosões de raiva e momentos de humor involuntário, ela se tornou um ícone pop e um símbolo da “vilã moderna”, tão amada quanto odiada.
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Raquel (Glória Pires em “Mulheres de areia” - 1993)
A obra de Ivani Ribeiro se destaca pela vilã Raquel, a irmã gêmea má de Ruth (também vivida por Glória Pires). As duas são filhas de pescadores e vivem em uma pequena cidade litorânea chamada Pontal D’Areia. Enquanto Ruth é doce, honesta e tranquila, Raquel é ambiciosa, egoísta e manipuladora, disposta a tudo para subir na vida.
As duas se apaixonam pelo mesmo homem, Marcos Assunção (Guilherme Fontes). Ele se encanta por Ruth, mas Raquel faz de tudo para conquistá-lo, fingindo ser a irmã e conseguindo se casar com ele por interesse, já que ele é rico.
Depois de uma série de mentiras e traições, Raquel sofre um acidente de carro e é dada como morta. No entanto, ela volta mais tarde para se vingar, provocando confusões e chantagens que colocam todos em perigo. No fim, Raquel sofre um acidente fatal.
Sedutora, invejosa e dissimulada, Raquel se destaca pela rivalidade com Ruth.
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Branca Letícia (Susana Vieira em “Por amor” - 1997)
Branca é uma das vilãs mais icônicas das novelas de Manoel Carlos — sofisticada, arrogante e cheia de preconceitos. Rica e acostumada a controlar todos à sua volta, ela representa a elite paulistana com uma mistura de humor e veneno.
Branca é mãe de Marcelo (Fábio Assunção) e sonha em ver o filho casado com uma mulher de “bom nível social”. Por isso, ela odeia Eduarda (Gabriela Duarte), a nora simples e filha de Helena (Regina Duarte). As duas vivem em guerra, com Branca sempre soltando frases debochadas e humilhações disfarçadas de “opiniões sinceras”.
Apesar de ser vilã, Branca não é assassina nem cruel de forma explícita — sua maldade está na língua afiada, no preconceito e na manipulação emocional. Ela é o retrato da vilania social: uma mulher que acredita ter o direito de julgar todos e se colocar acima deles.
Branca é uma vilã da vida real — movida pela vaidade e pelo controle. Seus olhares, ironias e frases marcantes (“Eu sou fina, não baixo o nível!”) a transformaram em um ícone do sarcasmo na TV brasileira.
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Perpétua (Joana Fomm em “Tieta” - 1989)
Baseada na obra de Jorge Amado, “Tieta” trouxe uma vilã clássica e carismática: Perpétua, a irmã rancorosa e moralista da protagonista. Quando Tieta (Betty Faria) é expulsa de casa por “má conduta”, é Perpétua quem lidera o julgamento moral da família, exibindo um falso senso de pureza enquanto esconde segredos sombrios.
Anos depois, Tieta volta rica e poderosa, e Perpétua enlouquece de inveja. Ela passa a tramar contra a irmã, tentando destruí-la socialmente. Conhecida por andar sempre de preto e carregar uma misteriosa caixinha, Perpétua virou símbolo da hipocrisia religiosa e do moralismo falso.
No final de Tieta, Perpétua tem um destino sobrenatural: após ter sua peruca arrancada por Tieta, revelando que era careca, ela foge e desaparece no ar ao lado do espírito do falecido marido, que a busca para levá-la embora. O mistério do que a vilã guardava na "caixa branca" é revelado como um órgão sexual do marido.
Perpétua é uma vilã moralista e caricata, símbolo do conservadorismo hipócrita. Joana Fomm entregou uma atuação magistral, misturando comédia, drama e terror doméstico.
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Flora (Patrícia Pillar em “A favorita” - 2008)
“A Favorita”, de João Emanuel Carneiro, fez história por esconder quem era a verdadeira vilã durante boa parte da trama. No início, o público acreditava que Donatela (Claudia Raia) era a assassina e Flora, a vítima injustiçada. Mas a grande reviravolta revelou a verdade: Flora é uma psicopata fria, mentirosa e assassina.
Antiga parceira musical de Donatela, Flora invejava o sucesso da amiga e acabou assassinando o marido dela, Marcelo, por ciúmes e ambição. Ao sair da prisão, ela se faz de coitada, manipulando todos — inclusive a filha, Lara (Mariana Ximenes).
Flora é uma vilã fascinante porque mistura doçura aparente e loucura completa. Ela ri dos próprios crimes, muda de humor em segundos e vive repetindo “Eu sou do bem!” com ironia.
No fim, Flora é baleada por Lara, durante um confronto, mas não morre e é presa. Na prisão, ela tem seu rosto desfigurado por outras detentas e, quando questionada sobre seu nome, responde com o nome de Donatela, indicando que sua obsessão pelo passado continua.
Flora é uma vilã psicológica e imprevisível, símbolo da nova geração de vilãs — complexas, humanas e completamente insanas.
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Cristina (Flávia Alessandra em “Alma gêmea” - 2005)
Em “Alma gêmea”, escrita por Walcyr Carrasco, Cristina é a vilã movida por inveja e obsessão amorosa. Desde jovem, ela morre de ciúmes da prima Luna (Liliana Castro), que conquista o amor do botânico Rafael (Eduardo Moscovis).
Cega de inveja, Cristina manda matar Luna e fica obcecada por tomar seu lugar. Quando Serena (Priscila Fantin) — reencarnação de Luna — aparece, Cristina não suporta ver o amor renascer e começa uma série de crimes e armadilhas para separá-los.
Com seu jeito doce e manipulador, ela engana todos por muito tempo. No fim da trama, ela mata Rafael e consegue as tão desejadas joias. Mas começa um incêndio e ela é levada por forças do mal e morre.
Cristina é a vilã romântica clássica — bela, elegante e perigosa. Sua maldade nasce do ciúme e da incapacidade de amar de forma verdadeira.
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Bia Falcão (Fernanda Montenegro em “Belíssima” - 2005)
Bia Falcão é a vilã sofisticada e poderosa, criada por Silvio de Abreu. Dona da empresa de moda Belíssima, ela é controladora, autoritária e acredita que o dinheiro compra tudo. Ela odeia ver a neta Júlia (Gloria Pires) no comando da empresa e faz de tudo para tirá-la do poder — inclusive mandar matar e forjar a própria morte para manipular todos de longe.
Com frases impiedosas e uma ironia irresistível, Bia é uma vilã de outro nível: elegante até no crime. Após fingir a própria morte, ela foge para Paris e termina a novela ilesa, vivendo um romance com Mateus (Cauã Reymond). Ela orquestrou toda a sua "morte" para escapar de seus crimes, mas a vilã prevalece e sai da trama sem consequências.
Bia Falcão é a vilã do luxo e do poder. Fernanda Montenegro deu à personagem uma aura de nobreza diabólica — uma vilã que domina pela palavra, não pela força.
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Laura (Claudia Abreu em “Celebridade” - 2003)
Escrita por Gilberto Braga, Laura é uma das vilãs mais explosivas e carismáticas da TV. Ambiciosa e vingativa, ela culpa Maria Clara Diniz (Malu Mader) por uma injustiça do passado e decide destruir sua vida.
Disfarçada de amiga, Laura se infiltra em seu círculo social, rouba o namorado da protagonista (Renato Mendes, interpretado Fábio Assunção), a confiança e a carreira de sucesso. Inteligente e manipuladora, ela vira o “anjo da guarda” que, na verdade, quer ver tudo desmoronar.
A rivalidade entre Laura e Maria Clara rendeu cenas antológicas, como a famosa surra no banheiro — um dos momentos mais icônicos das novelas da Globo. No final de “Celebridade”, a vilã Laura é morta ao lado de Marcos (Márcio Garcia) após serem surpreendidos por Renato. Renato atira em Marcos e depois em Laura, que, antes de morrer, confessa ter assassinado Lineu (Hugo Carvana).
Laura é a vilã moderna e sedutora, movida pela inveja e pelo desejo de reconhecimento. Claudia Abreu entregou uma performance intensa, que fez de Laura um ícone pop e uma das vilãs mais lembradas dos anos 2000.
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Maria Altiva (Eva Wilma em “A indomada” - 1997)
Altiva é a típica vilã de sangue azul — orgulhosa, arrogante e completamente obcecada por status. Viúva do coronel Pedro Afonso (Cláudio Marzo),ela vive em Greenville, uma cidade fictícia com ares britânicos no interior do Nordeste, e se autointitula “a fina flor da aristocracia greenvillense”.
Mas por trás do sotaque forçado e do ar de nobreza, Altiva é maldosa, hipócrita e fofoqueira. Ela despreza os mais pobres, manipula a família e tenta controlar a vida de todos da cidade. Seu maior alvo é Helena (Adriana Esteves), a mocinha que ela tenta destruir com intrigas e calúnias.
Com frases afetadas e uma mistura de inglês com português (“Ô, my God!”, “What a hell!”), Altiva virou um ícone do humor involuntário das vilãs de Aguinaldo Silva. Eva Wilma dava à personagem um tom teatral e deliciosamente debochado, fazendo o público rir e odiar ao mesmo tempo.
Além de manipular e humilhar quem atravessava seu caminho, Altiva também tinha momentos de pura insanidade — acreditava ser superior por “linhagem” e sonhava em ser respeitada como uma dama inglesa, mesmo cercada por confusões dignas de novela das oito.
Maria Altiva morre queimada em um incêndio que ela mesma provocou, mas seu espírito jura vingança contra a cidade de Greenville. Nos momentos finais, ela se declara imortal, e após sua morte, seu espírito em forma de fumaça promete retornar.
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Maria Altiva é uma vilã cômica, teatral e inesquecível, símbolo do exagero e da ironia das novelas de Aguinaldo Silva. Eva Wilma entregou uma atuação antológica, transformando cada fala afetada em ouro puro da TV.