Chega às plataformas digitais o primeiro álbum solo do músico, arranjador e compositor Kiko Horta. “Sanfona carioca” (Mestre Sala) traz 10 faixas, sendo duas autorais e as outras de compositores como Sivuca, Arlindo Cruz, Altamiro Carrilho, Dominguinhos e K-Ximbinho, entre outros.


Além de Kiko (sanfona), participam do disco Marcus Suzano (pandeiro), Luiz Filipe de Lima (violão de sete cordas), Luiz Barcelos (bandolim) e Ivan Machado (baixo). Kiko explica que se trata de uma viagem pela trajetória da sanfona, através da música produzida no Rio de Janeiro, desde a Rádio Nacional, inaugurada nos anos 1930, passando pelas boates e gafieiras de Copacabana dos anos 1970 em diante.


Embora já venha trabalhando há muito tempo com vários músicos da MPB, esse é o primeiro álbum solo de Kiko. “Sou de família nordestina, porém, nasci no Rio de Janeiro e sempre vivi a música presente na capital carioca. Muito samba, choro, gafieira, bossa-nova e samba-jazz. Mas dentro desse contexto, acaba que a sanfona, por muitas vezes, não é muito utilizada”, lamenta o músico carioca.


“Mas, ao longo desses anos, venho tocando e gravando nesse contexto e confesso que tinha muita vontade de fazer um disco, brincando um pouco com essa história da sanfona carioca”, revela o músico. “Alguns dos grandes mestres da sanfona no Brasil, como Luiz Gonzaga, Sivuca, Chiquinho do Acordeom, Hermeto Pascoal, Orlando Silveira, Dominguinhos e João Donato, que também tocou sanfona, mesmo não tendo nascido no Rio de janeiro, grande parte de suas carreiras se desenvolveu aqui.”


Kiko contextualiza a presença da sanfona na música tocada na Cidade Maravilhosa na época em que era a Capital Federal. “Primeiro, nas rádios, nas grandes orquestras e nos regionais. Depois, no período das boates de Copacabana, até chegar à bossa-nova. Na verdade, o novo boom da sanfona aconteceu na década de 1970, puxado por Gilberto Gil e Caetano Veloso, aliás, mais pelos baianos que, de certa forma, redescobriram Luiz Gonzaga e Dominguinhos.”

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O sanfoneiro lembra que, nesse período, Sivuca estava voltando da Europa, onde estava atuando como músico de jazz e arranjador. “Então é um disco que passa um pouco por essa trajetória da sanfona. Aliás, para esse repertório, de certa maneira, a gente procurou fazer um pouco dessas linguagens nas quais a sanfona foi utilizada, e tudo isso com muita improvisação e liberdade, que era uma característica desses artistas. Então, é um álbum muito voltado para essa liberdade criativa e improvisação.”


“E tocado por figuras como Marcos Suzano, Luiz Barcelos, que gravou muita coisa com Yamandu Costa, Luiz Felipe de Lima no sete cordas, que é um produtor muito atuante no Rio de Janeiro, e o Ivan, que é um baixista que gravou com todo mundo, tocou por 10 anos com Sivuca e toca há 30 com Martinho da Villa. Ele também gravou todos os discos do Zeca Pagodinho e de todo o pessoal do samba. Então, esse trabalho é uma mistura boa que a gente juntou para fazer, além de ser um disco gravado ao vivo, em estúdio.”


REPERTÓRIO

Quanto ao repertório, Kiko esclarece que está falando na forma de tocar e de gêneros que foram criados ou se desenvolveram bastante no Rio de Janeiro. “Então, tem o choro mais puxado para a gafieira, o samba como na música ‘O meu lugar’, e um choro, ‘O Dino puxando o 7’. Tem também ‘Comigo é assim’, que foi gravado como samba-bossa. Então, procuramos também passar um pouco por todas essas possibilidades e, como não poderia deixar de ser, gravei também dois forrós.”


“Embora o forró seja um ritmo tipicamente do Nordeste, ele teve muita intercessão com a música produzida no Rio de Janeiro”, garante Kiko. “Esses dois grandes mestres, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, vieram para cá e aí surge essa mistura de forró com samba.”


Kiko ressalta que tem muita coisa que queria gravar e não gravou. “Tem muito repertório a ser gravado ainda e produções sendo feitas agora, com muita gente compondo e produzindo material.”

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Kiko avisa que ainda não gravou clipes das músicas do disco, mas revela que já está pensando em fazê-lo. “É bom poder lançar um disco dessa forma, com todo mundo tocando ao mesmo tempo, com muita improvisação e assumindo as coisas que dão certo e as que dão mais ou menos certo, enfim, música feita ao vivo. Estou feliz em estar lançando esse primeiro disco e também de estar trazendo essa forma carioca de tocar a sanfona.”


O músico diz que agora é botar o pé na estrada para divulgar o novo trabalho. “Já temos Portugal na agenda e depois vamos rodar algumas praças pelo Brasil. Espero muito tocar em Minas, que é um lugar que amo. E todas às vezes que vou tocar em BH fico muito feliz”, diz Kiko.

“SANFONA CARIOCA”
• Disco de Kiko Horta
• Mestre Sala
• 10 Faixas
• Disponível nas plataformas digitais

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