CINEMA

Jennifer Lawrence tem performance perturbadora e visceral em 'Morra, amor'

Atriz e Robert Pattinson estrelam filme sobre mãe de primeira viagem às voltas com o colapso psicológico. Drama estreia nesta quinta (27/11) em BH

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Estrelado por Jennifer Lawrence e Robert Pattinson, “Morra, amor”, novo filme da diretora escocesa Lynne Ramsay (de “Precisamos falar sobre o Kevin”), à primeira vista, até pode soar como fanfic entre Katniss Everdeen (“Jogos vorazes”) e Edward Cullen (“Crepúsculo”), famosos papéis da dupla de atores. Mas está longe disso. Não há fantasia alguma. 

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Em cartaz a partir desta quinta-feira (27/11) nos cinemas, o longa mergulha na história dolorosamente real de um jovem casal que enfrenta as dificuldades do puerpério.

 


Baseado no romance homônimo da argentina Ariana Harwicz (publicado no Brasil pela editora Instante), o filme acompanha o casal depois de se mudar para uma casa isolada no campo. Jackson sonha em gravar um disco. Grace quer escrever um livro. No começo, vivem uma relação intensa, movida por uma paixão ardente, que logo esfriará.


Rapidamente, Grace engravida, mas desde o início fica claro que não será aquela mãe tradicional. Não demonstra empolgação com a gestação, ignora conselhos das mulheres da família e tampouco quer saber se terá menino ou menina. Quando a criança nasce, não recebe nome. É chamada pelos pais apenas de “bebê”. 

Sem bolo

No aniversário de seis meses do filho, há pequena comemoração, mas Grace não sabe sequer preparar o bolo. “A mãe de verdade teria feito um bolo”, pensa em voz alta. A partir daí, a sensação de desconexão toma conta da tela. 

Filmado em proporção de imagem quase quadrada, a sensação é de confinamento. O diretor de fotografia, Seamus McGarvey, explicou que o visual se inspirou em dois clássicos de Roman Polanski, “Repulsa ao sexo” e “O bebê de Rosemary”, ambos sobre estados de inquietação psicológica. 

A narrativa começa no escuro, com sons da natureza (pássaros, cigarras, animais rastejantes), paisagem sonora que passa a acompanhar o casal, sobretudo Grace. A vida pacata deixa a protagonista constantemente entediada. Só existe som quando Jackson está por perto, sempre ouvindo música no último volume. 

Aos poucos, Grace se desorienta. Depois que o filho nasce, passa a maior parte do tempo sozinha, cuidando da casa, enquanto Jackson trabalha na cidade e volta tarde. Está sempre perdida, desconectada de si própria e do mundo ao redor, lutando contra os próprios demônios. 

Grace vai experimentando a insanidade até chegar ao comportamento quase animalesco, feroz mesmo. O estopim se aproxima quando o marido traz um cachorro que não para de latir, adotado sem consultá-la. Ela queria um gato. 

Emoções viscerais e hormônios

A gravidez de Jennifer Lawrence durante as filmagens a ajudou a acessar o estado emocional da personagem. “Estava grávida de quatro meses e meio a cinco meses quando filmamos. Eu tinha ótimos hormônios... É realmente a única maneira de conseguir mergulhar em algumas dessas emoções viscerais”, declarou a atriz aos jornalistas no Festival de Cannes, em maio. 

Ela não tinha filhos quando rodou “Mãe!” (Darren Aronofsky), outro drama psicológico de seu currículo que dialoga com a maternidade, ainda que de forma metafórica. Cy, o primogênito de Jennifer, nasceu em 2022, fruto do casamento com o galerista Cooke Maroney. O segundo filho, nascido em abril deste ano, não teve nome e sexo divulgados. 

Martin Scorsese, um dos produtores do filme, fez questão de que Jennifer Lawrence assumisse o papel principal. Depois de ler a obra de Ariana Harwicz, o cineasta não compreendeu totalmente o texto de primeira, mas viu ali uma história que precisava chegar ao cinema. 

Lynne Ramsay, por sua vez, só aceitou dirigir a adaptação depois da insistência da própria atriz, impondo como condição seguir sua visão artística. A cineasta explicou que seu método se concentra em pequenos momentos e detalhes aparentemente insignificantes, mas que revelam o tédio e o aprisionamento emocional de Grace. 


Para criar química entre Jennifer e Robert, que quase não se conheciam, Ramsay os submeteu a aulas de dança antes do início das gravações.

Com celulite

Jennifer Lawrence se entrega totalmente às vulnerabilidades de Grace. Em diversas cenas, surge completamente nua e recusou as tentativas de apagar celulites na pós-produção. Preferiu preservar a realidade do próprio corpo.

Ator Robert Pattinson tem corte no rosto, olhar tristonho e veste moletom vermelho em cena do filme Morra, amor
O ator Robert Pattinson diz que Jackson, o marido que não percebe o inferno psicológico que a mulher enfrenta, é 'um dos caras mais normais' que interpretou Paris Filmes/divulgação

Grace está de quatro em vários cenários, lambendo e arranhando ferozmente superfícies, movendo-se como animal enjaulado, invisível aos olhos do marido. 

A casa se torna cada vez mais suja, Grace não consegue mais escrever. Uma parte dela quer dar conta das tarefas; outra deseja incendiar tudo. A personagem oscila constantemente entre o impulso de agir e a completa imobilidade. 

O companheiro acredita que ela só precisa de tempo e espaço para “voltar ao normal”. Os dois nem se lembram da última transa. Também não conversam mais, nem sobre coisas banais. 

Grace tenta se reconectar com Jackson, mas ele já não sente desejo, embora prometa se esforçar. Em Cannes, Pattinson comentou que Jackson é “um dos caras mais normais” que já interpretou. 

No fim das contas, trata-se de um casal que ainda se ama, mas completamente desalinhado. A música que encerra o filme, “Love will tear us apart”, da banda britânica Joy Division, dialoga bem com o drama central. É o amor, afinal, que acabará por dilacerar Grace e Jackson. 

“MORRA, AMOR”

EUA, 2025, 118 min. Direção: Lynne Ramsay. Com Jennifer Lawrence e Robert Pattinson. Filme em cartaz nas salas das redes Cinemark e Cineart.

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