Casarão histórico de 1897 recebe bar de comidas latino-americanas
Casa Gabo nasceu em 2024, mas só ocupou a parte interna da casa tombada na Região da Savassi no último mês
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Siga noNada de anglicismo. No bar e restaurante Casa Gabo, quem é protagonista no cardápio é a América Latina. O espaço nasceu, em outubro do último ano, da junção da cervejaria São Sebastião, da cervejaria Inspetor Sands e da cachaçaria Lamparina.
Apesar de ter aberto em 2024 com a operação na parte externa da casa que ocupa, no coração da Savassi, na Região Centro-Sul da cidade, a Gabo só passou a funcionar na parte de dentro da construção no fim de junho deste ano.
O atraso, segundo Augusto Franco, sócio da Cervejaria São Sebastião e da Casa Gabo, ocorreu pelo volume de obras de manutenção, consequência de pedidos da Secretária de Patrimônio, afinal, o imóvel é tombado e faz parte da história de Belo Horizonte.
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“Essa foi uma das casas construídas para abrigar engenheiros e arquitetos da comissão construtora de BH”, ressalta Augusto. O espaço foi decidido antes mesmo deles baterem martelo quanto à proposta do restaurante. “Os sócios da Lamparina já tinham comentado que queriam abrir um bar de drinques latino-americanos, e o pessoal da Inspetor Sands tinha encontrado o ponto. Nos unimos e vimos que poderíamos aliar esses desejos”, relembra.
A proposta da casa é que todos dividam pratos latinos. “A ideia é sermos uma casa latina, nosso foco são pratos coletivos e festivos. Incentivamos a todos a compartilhar os pedidos e todos experimentarem o que chega à mesa”, explica Augusto. Por isso, não há no cardápio opções individuais. Ele, na verdade, é dividido em petiscos, que são porções e entradas para duas a três pessoas, e outros pratos mais robustos para compartilhar, que servem duas pessoas com fome para um prato principal.
Sou do mundo, sou Minas Gerais
A culinária mineira apresenta muitas semelhanças com a cozinha de outros lugares da América Latina. O cardápio da Casa Gabo, assinado pela chef e também sócia Ornela Mattos, explora sabores que conversam com o cotidiano mineiro.
“O porco, o frango, o milho e a mandioca são ingredientes muito tradicionais da gastronomia latina, assim como da mineira”, conta Augusto. Na casa, há diversos pratos que exploram esses itens. As empanadas venezuelanas (R$ 46), por exemplo, são feitas com massa de milho recheadas com frango temperado. “Lembra muito um pastel de angu, só que ao invés carne moída, é recheada com frango”, conta Augusto.
Essas semelhanças ajudam a casa a conquistar os clientes. Muitas pessoas, segundo Augusto, ainda estranham um pouco o cardápio completamente latino, com alguns nomes diferentes. “Quando a comida chega, no entanto, o estranhamento vira familiaridade, as pessoas sentem sabores e ingredientes que já conhecem sendo usados de outra forma”.
Outro petisco que já se tornou um clássico são os patacones (R$ 48), que são bananas-da-terra verde prensadas e fritas que acompanham molho defumado e picante, creme de abacate aveludado e pico de gallo (espécie de vinagrete típico mexicano).
Além das inspirações trazidas pelos sócios de viagens por países latino-americanos, eles contaram com a contribuição de funcionários – contratados ou freelancers – latinos para implementar e melhorar a carta.
“Já tivemos colaboradores argentinos, venezuelanos, colombianos e uruguaios, e sempre perguntamos para eles se tinham alguma sugestão ou se algo deveria ser diferente na visão deles”, explica Augusto, que ressalta ainda o grande número de estrangeiros que visitam a casa e que contribuem, de alguma forma, com a construção de um cardápio 100% latino-americano.
Ele explica ainda que a expectativa é que o menu seja dinâmico, e mude a cada seis meses.
Bebes
Dentre os drinques assinados por Guilherme Costa, da Cachaçaria Lamparina, a proposta segue a mesma: nada de nomes em inglês e foco em ingredientes latinos. O clássico drinque Paper Plane, por exemplo, que é americano e leva uísque, limão e bitter, ganha uma versão especial na Casa Gabo. Lá,ele se chama Avión de Papel (R$ 38) e é composto por tequila, no lugar do uísque, aperol, amaro (licor italiano) e limão.
O Picante de la Casa (R$ 38) é outro coquetel que aposta no destilado mexicano. Além da tequila, ele leva coentro, limão e pimenta dedo de moça.
A casa logicamente aposta também nas cervejas, afinal, é fruto da união de cervejarias. Por outro lado, o vinho foi uma bebida que foi implementada no cardápio depois de pedidos dos clientes. “As pessoas sentiam falta de vinhos e na própria América do Sul temos grandes produtores”, destaca Augusto.
Hoje, a casa tem rótulos argentinos, chilenos e uma opção de vinho natural do Sul do Brasil na torneira. Essa bebida não é filtrada, não tem defensivos agrícolas e não tem sulfito. Vale ressaltar também que para ser servida na torneira, utiliza um processo diferente do chope e, por isso, não fica com borbulhas ou qualquer resquício gasoso. “O vinho é ‘empurrado’ do barril para o copo pelo nitrogênio, um gás que não deixa a bebida ter contato com o oxigênio e, portanto, não interfere no sabor ou durabilidade do vinho.
Cómo te llamas?
Você pode estar se perguntando a razão por trás da escolha desse nome: Casa Gabo. Augusto nos explicou que essa ideia surgiu depois de alguns debates e uma consultoria. A sua proposta inicial era batizar a casa de “Macondo”, nome da cidade fictícia da obra “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Marquez.
Depois de algumas outras ideias e sugestões, finalmente chegaram em Gabo, que era o apelido de Marquez, escritor e jornalista colombiano, que já foi ganhador do prêmio Nobel de Literatura e é considerado um dos maiores escritores do século 20. “Foi a opção perfeita. Além de tudo, ela funciona tanto para o português quanto para o espanhol”, completa Augusto.
Serviço
Casa Gabo (@casa.gabo.bh)
Avenida Cristóvão Colombo, 336, Funcionários
(31) 98327-8890
De terça a quinta, das 17h à 00h
Sexta e sábado, das 17h à 01h
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos