Cemig remove fios e cabos irregulares no Centro-Sul
Ação mira em materiais de empresas de telecomunicações clandestinas ou em desuso emaranhados de forma perigosa em postes no Barro Preto
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Siga noA Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) iniciou uma operação para a retirada de cabos irregulares de telecomunicações nos postes do Barro Preto, na Região Centro-Sul da capital mineira. A ação conduzida por equipes de fiscalização da companhia visa eliminar redes clandestinas e reduzir riscos à população. No primeiro semestre, a companhia retirou 16,2 toneladas de fios irregulares de seus postes em 66 municípios mineiros.
Segundo Rodrigo Vilela, analista da Cemig e coordenador de fiscalização da infraestrutura, a operação é resultado do censo realizado em 2023 e 2024, que identificou 2,3 milhões de postes nos 774 municípios mineiros em que a companhia atua, além da existência de mais de 900 empresas operando de forma clandestina e sem projetos. Com base nesses dados, foi possível localizar áreas com maior número de irregularidades.
“A partir do censo, fizemos a fiscalização desses postes, levando em conta as áreas centrais, locais de grande concentração de pessoas, e principalmente onde tivesse o maior número de irregularidades técnicas, para priorizar os locais mais críticos”, explica Vilela.
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O Barro Preto não foi escolhido apenas por estar em uma região central, mas também pela alta circulação de pessoas e grande volume de redes em desuso. “A ação que começou nos postes da esquina da Rua Araguari com Avenida Amazonas, tem como foco o bairro todo. Serão de duas a três semanas de atuação, dependendo do tamanho do polígono e da quantidade de postes”, disse o coordenador.
Outros bairros da capital estão na mira da Cemig, como o Barreiro e o Belvedere, cita o coordenador. "Esses locais têm problemas sérios, como a ocupação desenfreada das operadoras e a baixa manutenção dos cabos de telecomunicação, mas nosso foco agora é o Barro Preto", ressaltou.
Nas últimas semanas, 20 cidades mineiras, de regiões diversas, foram alvo de fiscalização: Ribeirão das Neves, Sete Lagoas e Juatuba, na Região Metropolitana de BH; Itabira, Conselheiro Lafaiete, São João del-Rei (Central); Ipatinga (Vale do Rio Doce); Nanuque (Vale do Mucuri); Capelinha (Jequitinhonha); Unaí (Noroeste); Janaúba, Januária e Jaíba, no Norte de Minas; Guaxupé, Paraguaçu, Três Pontas, Cambuquira e Passos, no Sul de Minas; Lima Duarte (Zona da Mata), Patrocínio (Alto Paranaíba).
Essas ações focam na redução de danos gerados pelo material instalado clandestinamente, segundo a gerente de Eficiência Energética e Receitas Acessórias da Cemig, Amanda Mascarenhas. "A Cemig tem reforçado a notificação das empresas que operam de forma irregular e trabalhado em conjunto com os municípios para promover ações de conscientização que visam educar sobre os riscos e a necessidade de regularização", detalhou.
Os riscos à população vão além da poluição visual. Cabos baixos, partidos ou abandonados podem provocar acidentes, especialmente em vias de tráfego intenso. “Muita gente confunde os cabos com fios da Cemig, mas a maioria está na parte inferior dos postes, abaixo da iluminação pública, onde são instaladas as redes de telecomunicação. É nesse espaço, de apenas meio metro, que as empresas devem atuar, mas sem organização ou manutenção, esses fios se tornam armadilhas”, afirmou o coordenador.
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Vilela alerta que o esforço excessivo sobre os postes causado pelo acúmulo de cabos pode levar ao colapso da estrutura. “Um caminhão alto, por exemplo, pode se enroscar em um fio, puxar vários outros e derrubar um poste inteiro. Além do risco físico, isso pode afetar o fornecimento de energia elétrica à população”, exemplificou.
No primeiro semestre deste ano, a companhia retirou 16,2 toneladas de fios irregulares de seus postes em 66 municípios do estado. Os técnicos vistoriaram mais de 46 mil postes e coletaram a fiação de 45 empresas que atuavam de forma clandestina no sistema de distribuição.
16,2 Toneladas
Total de fios e cabos de terceiros recolhidos pela Cemig no primeiro semestre, em 66 municípios mineiros
Nesses seis meses, a Cemig notificou 17 mil empresas de telecomunicações, o que equivale a um aumento de 61,54% em relação às 10.524 de todo o ano de 2024. Hoje, mais de mil empresas são cessionárias da Cemig, ou seja, têm contratos para utilizar a infraestrutura dos postes. Segundo Vilela, praticamente todas apresentam algum tipo de irregularidade técnica. “Desde grandes operadoras até pequenos provedores, todas elas têm alguma irregularidade técnica. O principal problema é a falta de identificação dos cabos”.
Para as empresas clandestinas, que não têm contrato com a Cemig, a penalidade é mais direta. “A Cemig pode remover as redes sem aviso prévio, porque (a empresa) está utilizando de forma irregular aquela infraestrutura, podendo trazer risco à prestação do serviço”, disse.
A Lei Municipal n° 11.392/2022, que tratava da remoção de fios e cabos excedentes ou inutilizados por empresas de telecomunicações em Belo Horizonte, foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria Geral do Município informou que, atualmente, a fiscalização de fios soltos é de responsabilidade das concessionárias e autarquias reguladoras, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A população também pode contribuir com denúncias e reclamações. A Cemig disponibiliza o site www.cemig.com.br/compartilhamento, onde é possível relatar problemas com cabeamento de telecomunicação, inclusive anexando fotos. “Essas informações nos ajudam a mapear melhor os riscos e agir com mais rapidez”, conclui o analista.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho