Enquanto a BR-040 entre Minas Gerais e Brasília tem mais acidentes e feridos, o caminho para o litoral fluminense cobra mais vidas. Nos períodos que coincidem com recessos escolares de julho nos últimos três anos, foram 225 acidentes, 15 mortes e 292 feridos no caminho entre as praias do Rio de Janeiro e a capital mineira.


A rota é marcada pela drástica variação de cenários: saída urbana densa ao Sul de Belo Horizonte, trechos de serra com curvas fechadas e neblina (Nova Lima, Itabirito, Congonhas e Cristiano Otoni), longas sequências de trajeto em planície na Baixada Fluminense com múltiplas faixas e retas onde motoristas desenvolvem alta velocidade na chegada ao litoral.


No percurso, há predominância de acidentes nas sextas-feiras e nos fins de semana, um indicativo forte de influência do tráfego de lazer e turismo. Mas as ocorrências variam conforme o trecho. No início e no fim de áreas urbanas como as de Belo Horizonte, Nova Lima, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Santos Dumont, Juiz de Fora, Itaipava (RJ), Duque de Caxias (RJ) e Rio de Janeiro, predominam colisões traseiras e laterais por falta de reação adequada de motoristas e mudanças de faixa sem a segurança necessária. Em trechos de serra, os acidentes mais graves são tombamentos, capotagens e saídas de pista por velocidade incompatível e condições climáticas adversas.


Em Itabirito há vários trechos curtos onde curvas fechadas ao fim de fortes descidas favorecem acidentes nos Kms 585, 587, 588 e 577. No percurso, motoristas enfrentam riscos acentuados em descidas sinuosas, que exigem máxima atenção, especialmente em relação a veículos pesados e durante a noite.


A principal ameaça é a perda de controle nessas curvas de pista simples, como evidenciado pelo grave acidente com uma carreta que tombou no Km 587 em 21 de julho do ano passado, um domingo, deixando dois mortos e quatro feridos e envolvendo ao todo cinco veículos no fim da tarde. As causas fundamentais para acidentes como esse, segundo o histórico de ocorrências da Polícia Rodoviária Federal, são a alta velocidade e a reação tardia ou inadequada do condutor diante das exigências da estrada, um risco potencializado pela combinação de descida, curva e baixa visibilidade noturna.


Em Cristiano Otoni, o trecho entre o Km 652 e o Km 654 foi marcado por três acidentes com três mortos e três feridos no período. Um deles foi um atropelamento de pedestre em área urbana, quando a vítima entrou subitamente na pista no período noturno. Outra morte ocorreu devido a uma saída de pista em curva durante o dia, na qual foi constatada ausência de reação do condutor. Outra pessoa não resistiu a uma batida de veículo contra um animal em uma reta, durante a noite.


Perigo na Serra de Petrópolis


Já no Rio de Janeiro, na Serra de Petrópolis, um dos trechos críticos fica entre o Km 70 e o Km 85, onde ocorreram 15 acidentes, com duas mortes e 16 feridos no período avaliado de julho nos últimos três anos. Predominaram acidentes durante o dia, em curvas de pistas duplas. A maioria foram capotagens devido à alta velocidade e chuva, além de tombamentos associados a velocidade incompatível e ausência de reação adequada do motorista.


Um dos mortos foi um pedestre que cruzou a pista em local indevido durante a noite e em meio a nevoeiro. Outro risco é a perda de controle seguida de capotagem ou tombamento, ameaça que é amplificada pela chuva e neblina frequentes na região.


Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, praticamente chegando à capital do Rio de Janeiro, um longo segmento de 20 quilômetros, do Km 104 ao Km 124, apresenta histórico sequencial e praticamente equilibrado de 74 acidentes distribuídos nessa longa reta de múltiplas pistas que, apesar da aparente simplicidade, apresenta altíssimo risco devido ao tráfego intenso e veloz.


O padrão indica colisões traseiras e laterais em dias claros, majoritariamente causadas por reação tardia do motorista e mudanças de faixa imprudentes. A gravidade desse cenário ficou evidente em quatro grandes engavetamentos no período, mostrando que o principal perigo não é a via, mas a falha do motorista em manter distância segura e atenção em fluxo de alta densidade.


Quem segue para a Região dos Lagos, com destino a municípios como Cabo Frio, precisa tomar a direção de Magé, passando pela rodovia BR-493 (Duque de Caxias a Itaboraí). A estrada é conhecida como Arco Metropolitano e se trata de uma via expressa de alta velocidade, com altos riscos em pontos de acesso e retornos. O trecho em Magé (Km 22 ao Km 24), por exemplo, tem um histórico de colisões laterais graves causadas por motoristas que fazem conversões proibidas ou entram na pista sem a devida observação.

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O último trecho de estrada federal antes da via até a Região dos Lagos é a BR-101 (Itaboraí a Rio Bonito). O padrão de acidentes, com ênfase nas colisões traseiras e laterais durante o dia, incluindo dois engavetamentos no período, revela que a principal causa é a falha humana, especificamente a falta de reação adequada do motorista e a não manutenção de distância segura em rodovia rápida de múltiplas pistas.

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