EM INVESTIGAÇÃO

Morte do gari: suspeito teria chegado ao trabalho 11 minutos após crime

Informações repassadas pela empresa dão conta de que Renê teria sido visto por câmeras de segurança entrando no local, em Betim, às 9h18

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As investigações a respeito da morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, ainda estão em andamento pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). O crime aconteceu na manhã dessa segunda-feira (11/8) e ainda deixa algumas lacunas para serem respondidas, entre elas a versão dada pelo principal suspeito, identificado pela polícia como Renê da Silva Nogueira Júnior, que nega sua participação.

Informações repassadas à corporação apontam que a curta diferença de tempo entre os horários registrados pelas câmeras de segurança no local do crime e os dados apresentados pela empresa onde o investigado trabalhava podem representar um desafio para o inquérito. 

O empresário prestou depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na noite do dia dos fatos, acompanhado de seus advogados. Segundo o delegado Evandro Radaelli, o homem negou ter cometido o crime. Renê afirmou que não estava no local no momento do crime e sim na fábrica da empresa de alimentos que trabalha em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

Ainda segundo a versão do suspeito, depois do expediente ele teria ido para casa, no Condomínio Vila da Serra, em Nova Lima, também na Grande BH, passeado com seus cachorros e em seguida ido para a academia. A narrativa voltou a ser repetida na manhã de quarta-feira (13/8) durante a audiência de custódia.

Conforme apresentado à reportagem, pela empresa em que o homem trabalhava há duas semanas, imagens de câmeras de segurança da unidade, no Bairro Pingo d’Água, registraram a entrada de Renê às 9h18 e sua saída às 12h30.

A entrada teria acontecido 11 minutos depois do registro do crime, às 9h07. Em nota, o empreendimento afirmou que as gravações foram encaminhadas para a PCMG. Agora elas serão analisadas. A distância entre os dois endereços, conforme simulação feita por meio do Google Maps, é de 30 quilômetros. 

No entanto, o álibi, conforme o delegado Álvaro Huerdas, chefe do DHPP, foi refutado pelas testemunhas do crime, que durante as oitivas afirmaram que o homem que disparou contra Laudemir se tratava de Renê. Agora, os investigadores da PCMG seguem em busca de imagens de câmera de segurança que indiquem o que teria acontecido. 

“O que nós temos são testemunhas presenciais que confirmaram, com certeza na visão deles, que ele seria o autor do disparo que matou a vítima”, afirma o delegado.

Como foi feita a identificação do suspeito?

Renê foi identificado pelos policiais militares a partir de números parciais da placa do carro que dirigia repassados pela motorista do caminhão e imagens de câmera de segurança. Em depoimento, a mulher afirmou que depois que Laudemir foi atingido ela tentou conferir a identificação do BYD pelo retrovisor, mas conseguiu ver que possuía uma letra J e os números 77.

Já no boletim de ocorrência, consta que os policiais perceberam, em gravações, que a chapa começava com SJ. Assim, durante as buscas os policiais fizeram buscas no sistema e descobriram que a combinação de números e letras.

Em seu depoimento na Central de Audiência de Custódia, o investigado alegou que o carro flagrado no local do crime não era dele. Ele justificou dizendo que seu veículo é híbrido - ou seja, tem motores elétricos e a combustão - e o da imagem mostrada a ele na abordagem policial se tratava de um modelo, da mesma marca, totalmente elétrico.

O empresário também alegou que o carro registrado nas imagens apresentava uma lateral cromada, detalhe que o veículo dele não teria. “Não são os mesmos carros”, disse o suspeito aos policiais, de acordo com depoimento dele. 

O boletim de ocorrência também informou que o carro flagrado na cena do crime era um BYD Song Plus cinza, modelo que a esposa do investigado, uma delegada da PCMG, tem registrado em seu nome. 

‘Não era para ele estar ali’

A morte de Laudemir continua gerando comoção nas redes sociais e entre seus colegas. De acordo com as testemunhas do crime, o gari fazia parte de uma outra equipe que trabalhava na Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Há dez anos na empresa, o funcionário foi realocado de rota após outro funcionário ter um imprevisto. Eledias Aparecida Rodrigues, a motorista do caminhão, contou que saiu da garagem da empresa sozinha e se encontrou com o gari na regional localizada no Bairro Salgado Filho, na Região Oeste da capital, às 8h15, e foram juntos até Vista Alegre, onde se reuniram com os outros três colegas e iniciaram o trabalho por volta de 8h40. 

Durante o trajeto, Laudemir contou a Eledias que tinha acabado de conseguir a guarda da filha. Ela relatou que o gari estava preocupado em chegar em casa antes das 18 horas, pois haveria uma visita do Conselho Tutelar para vistoriar a nova casa da menina. O expediente era para ter se encerrado por volta das 17h30, a tempo para a visita. 

Como foi o crime?

O prestador de serviços da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) trabalhava, junto com outras quatro pessoas, na Rua Modestina de Souza, por volta das 8h55, quando a motorista do caminhão, uma mulher de 42 anos, parou e encostou o veículo para que uma fila de dez carros pudessem passar.

A via de mão dupla, segundo relato de testemunhas, fica próximo da Avenida Tereza Cristina. Em determinado momento, o último veículo, identificou um carro, da marca BYD e de cor cinza, teria enfrentado dificuldades para passar pelo caminhão e, por isso, a motorista e um dos garis teriam indicado ao motorista que o espaço seria suficiente.

Em seu depoimento à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a condutora do caminhão de coleta, identificada como Eledias Aparecida Rodrigues, afirmou que enquanto recebia as instruções dos funcionários, o motorista do BYD pegou uma arma preta, fez movimento para engatilhar a arma e apontando para ela disse: “Se você esbarrar no meu carro eu vou dar um tiro na sua cara, duvida?”. 

Diante das ameaças feitas à colega, uma segunda testemunha afirmou que os demais trabalhadores tentaram acalmar o suspeito e pediram que ele seguisse seu caminho. Mesmo assim, segundo o boletim de ocorrência, o homem desembarcou com a arma em punho, deixando o carregador cair.

Ele então o recolocou, manobrou a arma e efetuou um disparo em direção à vítima. Laudemir chegou a ser socorrido e encaminhado para o Hospital Santa Rita, no Bairro Jardim Industrial, em Contagem, mas faleceu. 

Imagens de câmera de segurança flagraram o momento em que o gari saiu correndo já ferido. Na gravação é possível ver o momento que o carro que seria do investigado, vira na rua em que o caminhão de coleta estava parado.

O veículo então para por um segundo, segue em frente e os demais que estavam atrás passam a dar ré e sair da via. Na sequência, dois garis saem correndo e um deles coloca a mão na região do abdômen e cai no chão. Ele é amparado por um colega que segura sua cabeça. 

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O que acontece com a esposa do suspeito?

  • Logo após ser abordado por uma equipe da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), o suspeito afirmou que sua mulher era delegada;

  • Desde os fatos, Ana Paula Balbino Nogueira, identificada como a esposa do suspeito de homicídio, continua trabalhando;

  • A delegada foi ouvida pela Corregedoria da corporação onde trabalha;

  • As armas de serviço e pessoal foram apreendidas e estão sendo analisadas nos inquéritos administrativos e criminal;

  • A PCMG afirma que, até o momento, não há informações que incluem a delegada no homicídio do gari. 

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