O policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos, suspeito de matar a facadas a namorada, a auxiliar administrativa, Priscila Azevedo Mundim, de 46 anos, no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de Belo Horizonte, já teve um boletim de ocorrência registrado por uma ex-namorada, que o acusava de persegui-la, por não aceitar o fim do relacionamento deles. 


Em dezembro do ano passado, a mulher, de 47 anos, disse à Polícia Civil que o relacionamento durou cerca de 1 ano e meio e que já estavam separados há 1 ano. Relatou que ele ficava ligando e mandando mensagens para ela, depois do término.  


Em 3 de dezembro de 2024, por volta das 16h30, o policial ficou cerca de 2 horas na porta do prédio em que ela trabalhava, esperando que ela saísse. Porém, neste dia, a mulher conta que havia trocado de horário de trabalho e cumpriu seu expediente na parte da manhã. Uma amiga relatou o fato a ela por mensagem, com fotos dele no local de trabalho delas. 


No mesmo dia, o policial penal mandou mensagem dizendo que ia até a casa dela, já que a mesma não respondia a suas mensagens. A mulher pediu ainda uma medida protetiva contra ele e informou que o homem tinha fácil acesso à armas de fogo por ser policial penal.


Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou que a mulher fez o requerimento de medida protetiva na Delegacia de Plantão Especializada em Atendimento à Mulher em Belo Horizonte.    


A reportagem entrou em contato com a Justiça para saber se a medida foi concedida. Também em nota, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais informou que processos que envolvem violência doméstica tramitam sob segredo de justiça.


O crime 


O crime aconteceu no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de Belo Horizonte. A vítima foi encontrada morta no apartamento do suspeito, na tarde de sábado (16/8). O policial estava afastado do cargo por “problemas psiquiátricos".  


À imprensa, o cunhado de Priscila, Leonardo Alves de Souza, contou que a vítima e o namorado estiveram em uma confraternização em família na noite de sexta-feira (15/8) e, às 22h, resolveram ir embora. A família tentou contato para saber se o casal chegou bem em casa, mas não conseguiu resposta.


Na manhã seguinte, Leonardo e a esposa Fabíola Mundim, irmã da vítima, seguiram sem resposta. Os dois foram à casa do policial procurar por Priscila. Em uma ligação, Rodrigo confessou que “fez merda” e pediu que chamassem a Polícia Militar.


O casal foi encontrado na cama. A mulher tinha marcas de estrangulamento e facadas, enquanto o homem estava com a blusa suja de sangue e com uma faca na mão, dizendo que iria se matar.


Ele foi socorrido com um corte na região do abdômen e encaminhado ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na Região Centro-Sul da capital, onde segue internado sob escolta policial. 


O corpo de Priscila foi encontrado em um dos cômodos da casa com marcas de facadas. À reportagem, vizinhos relataram terem ouvido gritos e chamado a polícia, mas nenhum militar compareceu para averiguar. A suspeita é que o feminicídio tenha acontecido de madrugada.


O velório e sepultamento da auxiliar administrativa ocorreu no Cemitério Parque da Colina, no bairro Nova Cintra, na Região Oeste de Belo Horizonte, nesse domingo (17/8). Ela deixa dois filhos: um jovem de 22 anos e uma menina de 11.


Afastado das atividades


Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) informou que o policial penal estava afastado das atividades desde o início de 2024 por “motivos psiquiátricos”. Desde então, a arma institucional do servidor já havia sido recolhida.


A pasta, por meio do Departamento Penitenciário (Depen), instaurou um procedimento administrativo pela Corregedoria para auxiliar a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) ao longo do inquérito que vai investigar o crime.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia


"A gente não sabia de questões de que ele (Rodrigo) estava afastado por problemas psicológicos. Não temos informação sobre histórico de agressão (contra mulheres)", afirma o cunhado. "Na sexta-feira, quando esteve na minha residência, ele disse que estava atendendo à ocorrência da morte do gari, no Ceresp Gameleira", contou à reportagem a prima-irmã de Priscila, Thais Angélica Azevedo Mundim.

compartilhe