A Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) pediu à Justiça que os dados telefônicos de Renê da Silva Nogueira Júnior e sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, sejam compartilhados com o órgão de controle interno. A medida, conforme representação cautelar feita nessa terça-feira (26/8), tem objetivo de comprovar, ou não, a relação da servidora no homicídio do gari Laudemir de Souza Fernandes, em 11 de agosto. 

A quebra do sigilo telefônico e telemático de Renê foi aprovada três dias após o crime, em 14 de agosto. Na época, a investigação oficiou a empresa BYD do Brasil, montadora do carro usado pelo suspeito, e a operadora Claro. O pedido inclui o repasse de informações do sistema de rastreamento das companhias referentes ao dia 11 de agosto, no período entre 7h, duas horas antes dos fatos, e 16h, próximo ao horário da prisão. 

De acordo com o pedido da 4ª subcorregedoria de Polícia Civil, nos autos ficou comprovado que Ana Paula e Renê mantiveram contato durante o dia do crime. Por isso, as informações poderão comprovar se a delegada já “emprestou, cedeu ou forneceu sua arma de fogo” para o companheiro. Além disso, os dados poderão esclarecer se a servidora chegou a saber do envolvimento do investigado no caso e se houve algum “favorecimento” para ele “se eximir da responsabilidade criminal”.

Investigação 

Desde 11 de agosto, a Corregedoria instaurou um procedimento administrativo para investigar a participação da delegada no crime. No dia, Ana Paula foi levada até a sede do órgão correcional para ser ouvida em relação ao uso de sua arma pessoal no possível crime. 

Na ocasião, segundo repassado à imprensa pelo porta-voz da corporação, o delegado Saulo Castro, a servidora afirmou que o marido não tinha acesso aos dois artefatos. Além disso, a delegada afirmou que não tinha nenhuma informação em relação ao crime em que o companheiro foi preso por suspeita de participação.

Durante coletiva de imprensa no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em 12 de agosto, o chefe do departamento, Álvaro Huerdas, afirmou que as provas adquiridas até aquele momento pela corporação não indicavam a participação da servidora. O delegado explicou que o fato da arma usada no homicídio estar no nome da servidora “não necessariamente” a coloca como co-autora ou partícipe da ocorrência. 

A participação só será indicada caso fique constatado que a mulher entregou o armamento para o marido. “O que nós temos é uma arma de fogo regularmente registrada em nome de uma delegada de polícia que foi entregue tanto ao departamento quanto à corregedoria”. 

Quais dados a Corregedoria pediu acesso?

  • Ligações telefônicas;
  • Ligações de Whatsapp; 
  • Mensagens escritas de Whatsapp;
  • Mensagens de SMS; 
  • Arquivos de áudio;
  • Vídeo e fotos de Whatsapp; 
  • Vídeos e fotos eventualmente excluídos e/ou apagados.

Afastamento 

Dois dias depois da morte do gari Laudemir, a delegada Ana Paula foi afastada de suas funções para tratamento de saúde no Hospital da Polícia Civil, por 60 dias. O pedido, conforme a PCMG, segue “os termos da lei”. 

A decisão foi publicada no Diário Oficial do estado no último sábado (23/8), sob assinatura do diretor-geral da unidade médica da corporação e pode ter o prazo prorrogado por mais dois meses, conforme avaliação médica. O documento não especifica a condição de saúde da servidora. 

Como tudo aconteceu?

  • Equipe de coleta de lixo trabalhava na Rua Modestina de Souza, Bairro Vista Alegre, em BH, na manhã do dia 11 de agosto.
  • Motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, 42 anos, manobra para liberar passagem, após ver uma fila de carros se formar atrás dela.
  • Eledias e os garis acenam para Renê da Silva, que dirigia um carro BYD, permitindo a passagem.
  • O suspeito abaixa a janela e grita que, caso encostasse em seu veículo, ele iria "dar um tiro na cara" da condutora.
  • Na sequência, ele segue adiante, estaciona, sai do carro armado; derruba o carregador, recolhe e engatilha pistola, segundo o registro policial.
  • Ele faz um disparo que atinge Laudemir no abdômen.
  • O gari é levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, na Grande BH, mas morre por hemorragia interna.
  • No local, PM recolhe projétil intacto de munição calibre .380.
  • Horas após o crime, a PM localiza e prende Renê no estacionamento de academia na Av. Raja Gabaglia.
  • Flagrante convertido em prisão preventiva em audiência de custódia, no dia 13 de agosto, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais
  • Renê está preso no Presídio de Caeté, Grande BH

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

compartilhe