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Com ampliação do saneamento, Capitão Enéas, em Minas, quer ir à COP30

A intervenção ampliou a rede de tratamento de esgoto local. Ideia agora é levar o serviço também à zona rural, ainda desassistida

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Capitão Enéas – A implantação de sistema de coleta e de tratamento de esgoto garante a melhoria de vida da população, reduzindo as doenças de veiculação hídrica. O exemplo dos bons resultados do investimento em saneamento básico é constatado em Capitão Enéas, município de 11.173 habitantes, no Norte de Minas. Com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,639, a cidade conta com redes de coleta e uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na área urbana do município, onde residem 80% de sua população.

“O tratamento de esgoto significa proteger nossas famílias de bactérias, vírus e parasitas, que antes circulavam no mesmo espaço onde bebemos, cozinhamos e convivemos. Os efeitos aparecem em várias frentes: queda expressiva de doenças diarreicas, menor contaminação de rios e poços, alívio para as unidades de saúde e proteção especial às crianças, que sempre foram as mais vulneráveis”, afirma o secretário municipal de Saúde de Capitão Enéas, Alex Borém.

“O esgoto tratado torna-se um aliado da própria vigilância em saúde, servindo como termômetro para identificar surtos antes que eles fujam do controle e virem epidemias. Além disso, viver em uma sociedade saneada fortalece a autoestima coletiva”, completa o secretário.

Ele salienta que o saneamento básico também resulta em economia para os cofres públicos. “Significa menos internações por doenças transmitidas pela água, então podemos direcionar os recursos disponíveis para outros investimentos”, diz.

Prefeito reconhece

Por sua vez, o prefeito de Capitão Enéas, Reinaldo Teixeira (Solidariedade), que é formado em engenharia civil e fez curso de especialização na área de saneamento na Espanha, lembra que um estudo feito pela Copasa, há alguns anos, apontou que para cada R$ 1 aplicado em saneamento básico há economia de aproximadamente R$ 4 em gastos na saúde, devido à redução das verminoses, hepatites virais e outras enfermidades de veiculação hídrica.



O chefe da administração municipal considera que o sistema de coleta e de tratamento de esgoto representa um “privilégio” para seu município, pois o saneamento básico ainda é uma carência em grande parte das pequenas cidades, sobretudo no Norte de Minas, que sofre com a falta de recursos. “Mas, este é um privilégio conquistado, resultante de um projeto do qual cuidamos lá atrás”, afirma.

O prefeito garante que a proposta de implantação do sistema de saneamento na cidade foi prioridade desde o seu primeiro mandato na prefeitura, iniciado em janeiro de 2005. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) informou que o Sistema de Esgotamento Sanitário de Capitão Enéas envolveu recursos da ordem de R$ 18,4 milhões, a partir do Programa de Revitalização do Rio São Francisco, e foi concluído em 2012.

Números contradizem

Ainda assim, dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa), mantido pelo Ministério das Cidades, apresentam uma realidade diferente da apresentada pelo prefeito e sua equipe. Segundo o levantamento mais recente, divulgado no ano passado com dados de 2023, Capitão Enéas registra 46,1% de sua população com acesso ao esgoto tratado. Na área urbana, esse índice aumenta para 56,8%, segundo a mesma fonte. Quanto ao abastecimento de água, 65,8% dos moradores do município têm acesso ao serviço, número que sobe para 81% no recorte urbano.

Questionado, o prefeito de Capitão Enéas, Reinaldo Teixeira, garantiu ter um projeto para levar o tratamento de esgoto às comunidades rurais da cidade, especialmente a dois distritos: Caçarema e Santana da Serra – o Sinisa aponta para uma total ausência do serviço nessas localidades, o que puxa a média geral da cidade para baixo.

Ainda assim, ele diz estar satisfeito com os resultados do tratamento de esgoto, o uso da energia solar pela municipalidade e a destinação correta dos resíduos sólidos, a partir de um projeto municipal.

Teixeira tem planos de levar as experiências positivas de Capitão Enéas à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que será promovida em Belém em novembro. “Queremos montar uma tenda para mostrar a sustentabilidade que estamos promovendo em um município do Norte de Minas, região que sofre com a seca”, diz.

Transformação na prática

A mudança na vida das pessoas, proporcionada pelo sistema de coleta e tratamento de esgoto em Capitão Enéas, foi experimentada na prática pela comerciante Jane Cardoso Vasconcelos, moradora do município.

“É de suma importância ter o saneamento básico. O tratamento de esgoto evita a proliferação de doenças”, diz ela, que é casada e mãe da menina Maria Lavínia, de 8 anos. A comerciante disse que a vida mudou em Capitão Enéas depois da chegada da Estação de Tratamento de Esgoto.“Temos uma qualidade de vida melhor do que a de nossos pais. Com certeza, temos uma qualidade melhor ainda para oferecer para os nossos filhos”, assegura.

Obras em detalhes

A Codevasf informou que, no período entre 2008 e 2024, por meio do Programa de Revitalização do Rio São Francisco, foram instaladas Estações de Tratamento de Esgoto em 54 municípios da bacia do Velho Chico em Minas Gerais, com um total de investimentos de R$ 451,4 milhões. Esse recurso beneficiou, segundo a companhia, cerca de 610 mil pessoas no estado.

Das cinco unidades da federação banhadas pelo Rio São Francisco, Minas foi a aquela com maior quantidade de municípios contemplados com as ETEs do programa, sendo os demais: Bahia (36), Pernambuco (17), Sergipe (sete) e Alagoas (seis).

Os efluentes da ETE de Capitão Enéas vão para uma área de decantação e caem no Córrego Serafim. Depois, chegam ao Rio Verde Grande, afluente do Rio São Francisco. O nível de eficiência da estação de tratamento, hoje, está na faixa de 95%, segundo a prefeitura.

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