LEVANTAMENTO

Intercâmbio: EUA ainda são o destino preferido, mas queda é sentida

Em Minas Gerais procura por instituições de ensino em outros países cresce 14%. Mudança nas regras para obtenção de visto nos EUA diminui procura.

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Os mineiros têm buscado, cada vez mais, acrescentar uma experiência internacional no currículo. Segundo um levantamento realizado pela CI Intercâmbio, empresa que atua na área há 37 anos, a busca por um intercâmbio aumentou 14% entre janeiro e setembro de 2025, comparada ao mesmo período do ano passado.

Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira das Agências de Intercâmbio (Belta) em 2024 aponta que os Estados Unidos é a escolha de 20,4% dos interessados brasileiros. Em seguida está o Canadá, com 15,1%, e, logo depois, o Reino Unido, com 15,1% Outros países europeus também se destacam, como Irlanda (6,1%), Austrália (6,1%) e Espanha (5,5%).

Entretanto, o sonho de uma formação nos EUA tem diminuído. Segundo a pesquisa, Minas Gerais registrou uma redução de 10% na procura por instituições americanas. Entre as possíveis causas está a mudança nas regras para obtenção de visto e de posicionamento em relação à política de imigração nos EUA, em especial sob a atual administração do presidente Donald Trump.

Em julho, o governo americano aprovou a aplicação de uma taxa adicional de US$ 250 (R$ 1.390) na emissão de vistos de turismo, estudo, trabalho, entre outros. A medida passará a valer a partir do dia 1º de Outubro. Para os estudantes, ainda há a nova exigência de que os perfis nas redes sociais devem estar abertos para análise.

“Os Estados Unidos estão deixando muito claro que querem um número extremamente limitado de pessoas entrando no país. Eu acho que desde quando o Trump ganhou a primeira eleição em 2016, o Canadá, a Austrália e a Inglaterra se beneficiaram muito disso. Mas todos os países, sem exceção, de cinco anos pra cá, estão mais cuidadosos com a concessão de vistos”, analisa Jan Wrede, diretor da CI Intercâmbio no Canadá.

Mulheres são maioria

O estudo da Belta também mostra que o setor movimentou R$ 4,6 bilhões em 2023 e que, neste ano, 58,1% dos intercambistas brasileiros eram mulheres e 41,9%, homens.

Em relação à duração, experiências de apenas um mês são maioria, sendo a escolha de 3 a cada dez intercambistas. Em seguida, aquelas que duram de 4 a seis meses, (17,9%). Pessoas que escolhem passar um ano no exterior somam apenas 9,8%.

Países com cursos em inglês são escolhidos pela imensa maioria dos estudantes: 77%. O segundo colocado é o espanhol, com 7,4%. Além disso, 23,6% dos entrevistados estão no seu segundo intercâmbio.

Importância de um intercâmbio

Manuela Siqueira, coordenadora da empresa ILAC no Brasil, que oferece serviços desde High School até Higher Education (ensino médio e superior, respectivamente), ressalta que, ao se encontrar em um ambiente diferente e longe do apoio da família, a pessoa precisa desenvolver novas habilidades para se adaptar à nova realidade.

“O aluno desenvolve mais atenção, criatividade, resiliência, porque afinal de contas ele está ali imerso em uma sala de aula com alunos de outras nacionalidades. Isso aumenta o repertório dele, o que é muito bacana em um mundo tão globalizado”, diz Siqueira.

Além disso, no aspecto técnico, estudar no exterior pode se tornar um diferencial na hora de buscar um emprego, tanto abrindo o horizonte de possibilidades do candidato para buscar vagas fora do seu país de origem, quanto fazendo conexões e contatos que podem ser estratégicos no futuro.

João Pedro Mesquita tinha 17 anos quando embarcou para um intercâmbio em Ottawa, no Canadá, em 2023. Ele conta que foi incentivado pelo pai, que também teve uma experiência internacional quando tinha a mesma idade, mas na Califórnia, nos Estados Unidos. “Eu queria ir para um novo país e teria que ser um de língua inglesa, que é a minha segunda língua. Aí tinha Inglaterra ou Austrália, mas eu queria muito conhecer o Canadá e pensei também na possibilidade de aprender uma terceira língua, que seria o francês”, diz.

Mesquita ficou hospedado com uma host family de origem filipina que recebeu um outro estudante alemão na mesma época. No Canadá ele também conheceu pessoas de diversas nacionalidades e conta que isso abriu seus horizontes. Hoje João Pedro estuda medicina e, no futuro, pretende ter novas experiências internacionais, seja para visitar os amigos, fazer uma especialização ou conseguir um possível trabalho.

“A melhor parte é que tinha gente literalmente do mundo inteiro e, chegando lá, acaba que está todo mundo no mesmo barco. Então foi muito fácil de fazer amizade. No final eu já estava com um grupo super consolidado e foi uma troca cultural absurda”, conta. “O intercâmbio foi essencial para esse networking porque eu continuo conversando com essas pessoas e já visitei várias delas nos últimos anos”, completa.

Leque de opções

Enquanto os EUA vêm perdendo espaço como destino para os intercambistas, outros países têm se mostrado opções promissoras. É o caso da Coreia do Sul, que atraiu a atenção de 4,9% dos intercambistas, e Japão, com 3,1%, posicionando-se como 7º e 10º colocados no ranking mundial de destinos mais procurados.

Wrede explica que essa diversificação de destinos reflete um amadurecimento da população brasileira em relação à educação internacional. “O brasileiro está colocando o intercâmbio no seu planejamento, como uma etapa realista do seu ensino. Minas Gerais de uma maneira geral, principalmente Belo Horizonte, tem crescido nessa busca do High School (Ensino Médio) e do Higher Education (Graduação) de uma maneira bastante consistente”, diz.

Devido à disseminação, a língua inglesa é uma das mais faladas do mundo. Por isso, países como Alemanha, Dinamarca, Holanda e Itália, que não tem o idioma como língua oficial, têm oferecido disciplinas e até cursos completos em inglês.

Atrativos para além das questões acadêmicas também têm ganhado espaço na hora de escolher um destino, conciliando instituições reconhecidas com crescimento pessoal. Segundo a pesquisa, o principal objetivo para participar de um intercâmbio é “realizar o sonho de conhecer países e culturas diferentes”, representando 39,6% das respostas, já o “interesse de investir em idioma” aparece em segundo lugar, com 27,9%.

Países como Malta e África do Sul estão sendo procurados pela beleza natural. Já a Coreia do Sul atrai o público mais jovem interessado pela cultura, especialmente depois da popularização do Kpop mundo afora.

Intercâmbio para todas as idades

A ILAC é especialista em intercâmbio para instituições em Toronto e Vancouver, no Canadá, e oferece uma gama de intercâmbios que vão desde poucas semanas até anos. A empresa atende estudantes desde os 7 anos de idade, com o Summer Camp (acampamento de verão), até cursos de poucas semanas para o público 30+ nas áreas de liderança e marketing digital.

“Os pais, por exemplo, dos alunos que foram para um Summer Camp, também têm vontade de ter essa experiência. Então temos programas voltados para esse perfil mais maduro, que eles buscam fazer essa experiência do intercâmbio para aperfeiçoar o idioma. A gente sempre prioriza que eles fiquem numa turma com alunos da mesma faixa etária”, diz a coordenadora.

Segundo Manuela, muitas vezes este público busca crescimento acadêmico vinculado a atividades como harmonização de vinho, visitas a museus, cursos de culinária, entre outros.

Como escolher um destino

Ao escolher fazer um intercâmbio, Wrede enfatiza que é importante estudar o país de destino considerando aspectos como: regras de obtenção de visto, moeda utilizada, cultura, custo de vida.

“A questão das regras imigratórias interferem efetivamente na escolha, e até na viabilidade, porque de repente precisa de mais comprovação financeira, por exemplo. Os países que são mais flexíveis com isso tendem, em tese, a serem mais escolhidos porque mais se habilitam a fazer isso”, diz.

Segundo a CI Intercâmbios, lugares que oferecem facilidade burocrática e benefícios acadêmicos são decisivos para impulsionar o crescimento do setor e ampliar a procura por destinos que unem qualidade, segurança e conveniência.

Manuela ainda aponta que vivemos em um momento político complicado no mundo todo, e que isso também deve ser levado em consideração. “A gente percebe até uma questão de xenofobia em alguns países com o aluno internacional. O Canadá é uma boa escolha de destino, porque ele celebra muito essa diversidade cultural, proporcionando para o aluno um ambiente seguro”, declara.

Feira Internacional de Educação

Para quem deseja conhecer as oportunidades de perto, a CI Intercâmbio vai realizar a Feira de Educação Internacional em Belo Horizonte no dia 23 de setembro. O evento reunirá representantes de mais de 15 países, palestras e condições especiais para quem deseja realizar o sonho de estudar fora.

Serão mais de 50 universidades e escolas internacionais de países como Estados Unidos, Canadá e França, apresentando programas de Ensino Médio, Graduação, Pós-Graduação, Mestrado, Colleges e MBA. Com isso, os interessados poderão tirar dúvidas sobre os destinos, o processo, obtenção de visto e valor do investimento diretamente com a agência e as instituições.

“O que a gente quer fazer nesse evento é, primeiro, apresentar as possibilidades para o trazendo as escolas e universidades de diversos países para que o público conheça diretamente. Teremos palestras para desmistificar o processo. Isso pode significar encontrar caminhos diferentes, que de repente a pessoa nunca imaginou”, diz Jan Wrede.

Serviço

  • Data: 23 de setembro de 2025
  • Horário: 16h às 21h
  • Local: Hotel Caesar Business Belvedere - Rod. Stael Mary Bicalho Motta Magalhães, 421 – Belvedere

Mais informações e inscrições estão disponíveis no portal da Feira Internacional de Educação.

Duração

  • Até 1 mês - 18,4%
  • Entre 2 e 3 meses - 31,0%
  • Entre 4 e 5 meses - 2,4%
  • Entre 6 e 7 meses - 26,2%
  • Entre 8 e 9 meses - 9,5%
  • Entre 10 e 11 meses - 3,0%
  • 12 ou mais meses - 9,5%

Tipo de intercâmbio desejado

  • Curso de Idioma com trabalho temporário 23,7%
  • Curso de Idioma 19,0%
  • Pós-graduação (MBA, Especialização, Mestrado ou Doutorado) 17,6%
  • Graduação 10,4%
  • Curso profissional, certificado ou diploma 5,7%
  • Estágio (work experience) 5,5%
  • Curso de férias (verão/inverno) para jovens (teen) 5,1%
  • Trabalho voluntário 4,7%
  • Work no Estados Unidos (trabalho durante as férias) 3,7%
  • Au Pair 2,0%
  • Ensino Médio (high school) 1,6%
  • Outro 0,8%

País de destino desejado

  • Estados Unidos 20,4% 23,9%
  • Canadá 15,1% 25,3%
  • Reino Unido 8,2% 8,0%
  • Irlanda 6,1% 4,4%
  • Austrália 5,9% 5,6%
  • Espanha 5,5%
  • Coreia do Sul 4,9%
  • Portugal 4,9%
  • Itália 4,5%
  • Japão 3,1%
  • Alemanha 2,8%
  • Argentina 2,7%
  • França 1,9%
  • Nova Zelândia 1,7%
  • África do Sul 1,3%
  • Suíça 1,3%
  • Malta 1,0%
  • Chile 0,8%

Gênero dos clientes que viajaram

  • Feminino - 58,1%
  • Masculino - 41,9%

Fonte: pesquisa da Associação Brasileira das Agências de Intercâmbio (Belta) feita entre março e abril de 2024 em todo o Brasil.

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