Estamos na semana de comemorações do centenário de chegada do beato Padre Eustáquio (1890-1943) ao Brasil, onde ficou por 18 anos plantando sementes da fé e cultivando terrenos com ações sociais. Pois da sua passagem pelo país brotaram frutos na forma de “saúde e paz”, palavras que formavam seu lema e sua habitual saudação.
Em processo de canonização, Padre Eustáquio, holandês, ensinava à população como fazer pomadas, chás e outros produtos caseiros, e a referência estava em um livro que trouxe da terra natal, datado de 1925. Mais tarde, ele adquiriu uma edição (1935) sobre o assunto, em português. Estudos sobre os livros têm o olhar atento do pesquisador da Causa de Canonização, o cientista da religião Leandro Castro.
A obra em holandês sobre plantas medicinais e farmácia natural pertence ao acervo do Santuário Arquidiocesano da Saúde e da Paz, mais conhecido por Igreja Padre Eustáquio, em BH. Herança simples e preciosa de um homem que tem uma legião de devotos e já se tornou santo no coração do povo. Em Romaria (antiga Água Suja), na Região do Alto Paranaíba, onde viveu o beato logo que chegou ao Brasil, em 1925, seus ensinamentos se mantêm atuais. “Há uma horta com plantas medicinais que ele cultivava, e as pessoas fazem chás”, contou Zuely das Graças Nicolau Santos, a Zali, que esteve em BH, até ontem, para as homenagens a Padre Eustáquio, falecido em 30 de agosto de 1943.
Já uma moradora de Patrocínio, na mesma região, disse o seguinte: “Tudo o que o Padre Eustáquio ensinou passa de geração a geração, virou tradição de família, a gente escuta nas novenas, nas rezas. Então, as pessoas fazem chás, unguentos, pomadas. Contam que ele não podia ver uma pessoa doente que procurava ajudá-la na cura”.
Encontro
As celebrações em memória de Padre Eustáquio, que viveu em BH por pouco mais de um ano e quatro meses, vindo a falecer em 30 de agosto de 1943, incluem a realização do Simpósio Internacional Saúde e Paz, realizado de hoje a quinta-feira, na PUC Minas Coração Eucarístico, com atividades também no Teatro Padre Eustáquio (na Igreja Padre Eustáquio). Antes de chegar a BH, o holandês percorreu o interior mineiro e de estados vizinhos, onde colheu e catalogou informações sobre medicina popular. Agora, o potencial curativo do conhecimento adquirido pelo sacerdote holandês, que unia espiritualidade e sabedoria popular no tratamento de enfermidades, merece atenção de médicos, farmacêuticos, biólogos e teólogos.
Em mesas redondas, conferências e debates, estarão em pauta análises sobre vida, espiritualidade, legado pastoral e processo de canonização do beato, destacando sua relevância histórica e religiosa; e o diálogo entre saúde e religião/espiritualidade, explorando suas interseções com temas como medicina integrativa, experiências de sofrimento/doença e práticas de cuidado. Também reflexões sobre o tema da paz a partir do encontro entre diferentes tradições religiosas, ressaltando seus significados, perspectivas e formas de engajamento no mundo contemporâneo.
Entre os participantes do simpósio, estão o médico psiquiatra, professor e um dos fundadores do curso de medicina da PUC Minas, Renato Diniz Silveira; a diretora do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da PUC Minas, Soraya de Mattos Camargo Grossmann; a professora no departamento de farmácia da PUC Minas, Marina Pereira Rocha; o vice-postulador da Causa de Canonização do Beato Padre Eustáquio, Padre Vinicius Maciel; o coordenador do programa de pós-graduação em Ciência da Religião da PUC Minas, Roberlei Panasiewicz; e o sobrinho do beato, Will van den Boomen.
Leia Mais
Espaço para contar histórias...
Novidade – ao vivo e em cores – na Escola Municipal Monsenhor Rafael, no distrito de Miguel Burnier, em Ouro Preto. O muro da unidade de ensino se transformou num mosaico cheio de histórias, com destaque para o painel de mais de 20 metros que enriquece o patrimônio cultural da região. Estão, agora, retratados a Pedra do Vigia, a fachada da Igreja Sagrado Coração de Jesus e o conjunto da Estação Ferroviária de Miguel Burnier. Durante quatro dias, o artista visual Caio Ronin se juntou à comunidade escolar para viver uma experiência unindo criatividade, aprendizado e troca de saberes. A prática, diz Ronin, gerou momentos de reflexão sobre a importância da arte como ferramenta de expressão, pertencimento e preservação da memória coletiva. “O período de imersão permitiu que eu, ao lado das crianças e das trabalhadoras da escola, pudéssemos construir, coletivamente, o painel que enaltece a identidade local”, diz o artista.
... e valorizar o patrimônio cultural
Com dedicação e sensibilidade, Caio Ronin, de Santa Luzia (Grande BH), transformou cada dia em espaço de aprendizado. O resultado foi o processo colaborativo, no qual cada participante pôde descobrir novas possibilidades de criação. A ação integra o Projeto Educação Patrimonial Miguel Burnier ano II, patrocinado pela Gerdau, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. Gestão e produção de Cristina Cairo Arquitetura e Através Gestão Cultural, com apoio da Prefeitura de Ouro Preto. “É sempre gratificante apoiar projetos que reúnem a comunidade, em especial as crianças, para celebrar sua história. Esses momentos fortalecem e valorizam o patrimônio e a cultura local. É honrar o passado para moldar o futuro com coragem e responsabilidade”, afirma o gerente de Responsabilidade Social da Gerdau, Bruno Castilho.
Parede da memória
Em 1905, a Prefeitura de Belo Horizonte publicou um relatório apontando dificuldades para conter vândalos que sacrificavam, pisoteavam gramado e roubavam estaca das mudas. Pelo que se vê, 120 anos depois, a situação não mudou muito. Nessa luta para manter viva e de pé a arborização urbana, há um episódio que marcou a cidade e, vira e mexe, vem à tona. Na madrugada de 20 de novembro de 1963, armados de serrotes, funcionários da prefeitura, na gestão de Jorge Carone (de 1963 a 1965), começaram a cortar 350 ficus que, desde o início do século, embelezavam a Avenida Afonso Pena. A operação durou até dezembro, resultou em 2 mil metros cúbicos de lenha e deixou a via pública completamente “pelada”. Há várias versões para o caso. O motivo oficial para a derrubada do corredor verde estava na proliferação de insetos conhecidos popularmente como “amintinhas”, numa referência ao prefeito Amintas de Barros, que esteve à frente da cidade entre 21/1/1959 e 31/1/1963.
Serra da Piedade Virtual 1
Nesta temporada de peregrinações à Serra da Piedade, em Caeté, chega uma ferramenta importante para iluminar os caminhos dos visitantes e mostrar o vasto potencial do maciço. O Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais e a Associação de Desenvolvimento Integral (Aderi), ambos vinculados à Arquidiocese de BH, lançaram o aplicativo Serra da Piedade Virtual. Como objetivo, promover, em ambiente digital a educação para o patrimônio e a interpretação ambiental. A coordenação da Aderi está a cargo do professor da PUC Minas, Miguel Ângelo Andrade (foto), que, pelo seu trabalho em prol da Serra da Piedade e da Cordilheira do Espinhaço, foi homenageado pelo Ministério Público de Minas Gerais na premiação Guardião do Patrimônio.
Serra da Piedade Virtual 2
O aplicativo abrange vários conteúdos do complexo religioso, histórico, cultural, paisagístico e ambiental – fauna, flora, formação geológica, áreas protegidas –, trazendo informações sobre o Santuário da Piedade como espaço de espiritualidade. Ao fazer uma trilha, a pessoa poderá ler QRcodes ao longo do caminho, sendo, então, redirecionado a conteúdos de interpretação ambiental do local. Inclusivo, o app contribui para integrar as dimensões relacionadas à Serra da Piedade, com conhecimento qualificado na gestão de seus territórios.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Chica da Silva
Bela programação, neste mês, para moradores de Diamantina e do Serro, no Vale do Jequitinhonha, conhecerem mais sobre a vida de uma legítima filha da região e enaltecer seu valor na história de Minas. Trata-se da exibição do documentário “Chica da Silva – A descoberta do testamento”, realização do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A programação inclui ainda apresentação da Orquestra Jovem do TJMG. Em Diamantina, será na Praça do Bonfim, no dia 11, às 18h, enquanto no Serro, no dia 19, no mesmo horário, em frente à Igreja do Carmo.