O policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos, foi indiciado pelo assassinato de Priscilla Azevedo Mundim, de 46 anos. O crime ocorreu no dia 16 de agosto, no apartamento da vítima, no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de Belo Horizonte.

Segundo a delegada Iara França, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Priscilla conheceu o policial penal por meio de um de seus irmãos, que era amigo dele.

Os dois se conheceram cinco meses antes do crime. “Priscilla tinha sido casada duas vezes e não queria mais se envolver com ninguém, pois estava desiludida. Mas cinco meses antes de ser morta, eles se conheceram. Ele é divorciado e tem um filho de cinco anos. Ela se encantou por ele, pois ele dizia que iria cuidar dela”, diz a delegada.

Mas a primeira impressão não é a que ficou. Aos poucos, segundo a delegada Iara, aos poucos, o policial penal passou a mostrar como era na verdade. “Um homem possessivo, controlador”.

O perfil do policial penal, segundo a delegada, é o mesmo de outros autores de feminicídio: “São homens que procuram por mulher submissa”.

Ele passou, segundo depoimentos de parentes e amigas de Priscilla, a tomar conta da vida dela. Por exemplo, segundo a delegada, ela não podia, sequer, postar foto sozinha. Tinha de ser com ele. “Além disso, ele queria, sempre, saber de tudo o que ela estava fazendo.”

Os depoimentos das testemunhas indicam que Priscilla passou a se sentir sufocada pelo namorado. Ela resolveu, então, terminar o relacionamento. E pediu uma medida protetiva contra o policial penal”.

Caldas se revoltou. Ele teria dito, segundo a delegada, que estava sendo prejudicado com a decisão de solicitar a medida protetiva contra ele. Disse que poderia ser preso.

Depois do pedido de medida protetiva, ele se afastou de Priscila. Mas reapareceu dois meses depois. No dia 14 de agosto último, Priscilla deu um basta na situação, colocando um fim, definitivo, na relação.

Foi quando, segundo a delegada Iara, contou para familiares que ele era possessivo, a ponto de controlar suas postagens nas redes sociais. Disse que se sentia sufocada. Que o namorado não lhe dava, mais, tempo para viver.

Decisão fatal

Na véspera do crime, Priscilla, no entanto, resolveu dar uma nova chance a Rodrigo. Contou que ele parecia uma criança, que estava diferente. Nesse encontro, ele chorou; foi quando ela decidiu voltar.

Em uma festa na casa de um parente de Priscilla, os dois foram e ela foi alertada que o policial penal a vigiava. Contaram que ela saía para ir ao banheiro e ele ficava observando de longe, com quem conversava. “Diziam que ele tinha um olhar estranho”, diz a delegada.

Priscilla comentou, na oportunidade, que entre os vários problemas, Caldas tentou fazer com que ela cortasse o relacionamento e não conversasse com os pais de seus filhos, um de 22 e outro de 11. Ela não aceitou, não permitiu.

E nessa festa, o policial penal discutiu com um cunhado de Priscilla, por causa de futebol. E que ele teria ficado chateado com a situação

Foi quando ela tomou a decisão, segundo conta a delegada, de ir para a casa do policial penal, pois acreditava que ele estava muito chateado e que assim, poderia acalmá-lo.

Os dois saíram da festa e foram para um bar, próximo à casa dele. Mas lá, aconteceu uma discussão e os dois foram, separados, para a casa do policial penal. Um chegou antes do outro, segundo mostram as imagens da câmera de segurança do prédio.

Uma irmã de Priscilla está desconfiada e resolve mandar uma mensagem para a irmã. Isso acontece às 23h do dia 15 de agosto. Priscila responde que está bem.

Mas isso não foi o bastante para a irmã, que por volta de 1h do dia 16 de agosto, envia outra mensagem. Não obtém resposta, mas fica tranquila pois aparece na tela a marca de que a pessoa recebeu e viu a mensagem.

“Ela não imaginava o que tinha acontecido”, diz a delegada. Pela manhã, manda outra mensagem, mas não obtém resposta. “O celular mostrou a marca de visualização, só que não era Priscilla, pois já estava morta. Era o policial penal quem tinha visto”.

A irmã decide, então, ir, com o marido, até a casa de Caldas. Chamam pelo interfone, pedindo para falar com Priscila. O policial penal responde dizendo que naquele momento não seria possível.

A irmã e o marido conseguem entrar no prédio e vão direto para o apartamento. Lá batem campainha, mas não obtém resposta. Percebem um movimento no interior do apartamento.

Nisso, um primo dele liga para o policial penal. Está preocupado com ele. Chama para irem a um jogo de futebol, que era o que ele gostava. Só que Rodrigo diz para o primo que tinha feito uma coisa “muito ruim”. E teria dito, segundo o primo: “Estou com a faca na barriga”.

O primo decide, então, ir para a casa do policial penal. Antes de sair de casa, chama a Polícia Militar. Chegam juntos ao apartamento.

A PM e o primo chamaram por Caldas, que não respondia. Decidem arrombar a porta e quanto o fazem encontram o policial penal, com a barriga já cortada e ameaçando fazer novos ferimentos. As vísceras, segundo a delegada, já estavam expostas.

E caído, ao lado da cama, está o corpo de Priscilla. Ele disse que não queria matá-la. O policial penal resolve falar e conta que os dois haviam discutido, por motivo fútil, mas que isso lhe deu muita raiva e ele acabou agarrando Priscilla, pelo pescoço e a enforcou.

E, ainda, segundo a delegada, Caldas disse que resolveu tirar a própria vida, tomando remédios controlados e bebendo detergente. No entanto ele vomitou, o que segundo a delegada, limpou seu organismo dos remédios. Ao acordar, viu Priscila caída, morta e resolveu se matar com uma faca.

O corpo de Priscila foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), para exames, que confirmaram que ela tinha vários hematomas, no rosto, braços e mãos.

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O policial penal foi levado para um hospital, onde passou por cirurgias. Recuperou-se e hoje está preso.

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