Acusados de matar e concretar Clara Maria vão a júri popular
Dupla é acusada de crimes como feminicídio, vilipêndio de cadáver, furto mediante fraude e abuso de animal. Audiência ainda não tem data marcada
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Thiago Schafer Sampaio e Lucas Rodrigues Pimentel, acusados de matar e esconder o corpo de Clara Maria Venancio Rodrigues, de 21 anos, em março deste ano, vão enfrentar júri popular. A decisão é da juíza sumariante Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do 1° Tribunal do Júri de Belo Horizonte. A vítima foi morta e encontrada concretada nos fundos de uma casa do Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha, na capital mineira.
A dupla foi presa em flagrante e a denúncia do Ministério Público foi recebida em 3 de abril deste ano. Eles serão julgados pelos crimes de feminicídio com asfixia, em recurso que dificultou a defesa da vítima; motivo torpe; ocultação e vilipêndio de cadáver; furto mediante fraude e abuso de animal doméstico.
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Segundo a denúncia, Thiago decidiu matar Clara porque, em data anterior, a vítima resistiu a investidas amorosas dele. Ele também queria se livrar de uma dívida de R$ 400 que tinha com ela. Lucas se uniu a Thiago no crime porque queria retaliar Clara, uma vez que, também em data anterior, a vítima o teria repreendido após saudações, piadas e sinais de apologia ao nazismo.
Na sentença, a juíza de Direito Ana Carolina Rauen Lopes de Souza afirmou que há indícios suficientes da causa de aumento pelos itens identificados no crime de asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que a vítima foi surpreendida pelos acusados, golpeada com um “mata-leão” e asfixiada.
As prisões preventivas dos dois foram mantidas. Segundo a juíza, nenhuma medida cautelar é suficiente.
“O crime foi praticado contra mulher por razões de condição de sexo feminino, envolvendo menosprezo e discriminação à condição de mulher, manifestado pelo ódio e aversão que os denunciados vinham nutrindo em relação à vítima, desprezando-a como mulher. A vítima, uma jovem de apenas 21 anos de idade, era uma mulher empoderada, independente e dedicada ao trabalho, situação essa que incomodava os denunciados”, diz trecho da denúncia.
Concretada
Conforme o boletim de ocorrência da Polícia Militar, a jovem saiu da padaria onde trabalhava no bairro às 22h do domingo (9/3) e seguiu ao encontro de Thiago, que era um colega de trabalho que lhe devia R$ 400. Horas depois, um amigo de Clara recebeu mensagens do celular da amiga, mas desconfiou porque os termos utilizados não eram comuns ao vocabulário dela. Com isso, o amigo fez um boletim de ocorrência para registrar o desaparecimento da jovem.
Na quarta-feira, a polícia foi à casa do homem que Clara foi se encontrar e sentiu um forte cheiro de podridão. Na entrada da casa, os agentes perceberam um pequeno jardim coberto por cimento ainda molhado. Questionado, o homem afirmou que não havia nada no local, mas, logo depois, admitiu que o corpo de Clara estava escondido no jardim. O jovem recebeu voz de prisão e indicou a participação do colega Lucas. Suas prisões em flagrante foram convertidas em preventivas ainda na mesma semana.
Dinâmica
Segundo a denúncia do MP, Clara foi estrangulada e asfixiada com um pano. Depois do assassinato, Thiago e Lucas tiraram as roupas da vítima, a deixaram seminua e a deixaram deitada na sala da casa. Neste momento, Thiago, com apoio de Lucas, trouxe seu cachorro de estimação e o colocou para lamber as partes íntimas do cadáver da vítima.
Lucas, assim que viu que Clara já estava morta, pegou uma faca e golpeou a perna direita do cadáver, proferindo dizeres de baixo calão, como “Toma aí sua desgraçada, cadê que você vai falar alguma coisa agora? Discorda de mim agora!”. A dupla ainda tentou transferir o dinheiro que a vítima tinha no banco, a partir do uso da digital dela para abrir o telefone celular, mas não conseguiram acessar o aplicativo.
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No dia seguinte (10) os acusados ocultaram o cadáver de Clara em um pequeno canteiro. Na terça (11), Thiago percebeu que o corpo começou a exalar forte odor e começou a reaparecer na cova rasa. Com isso, ele concretou os restos mortais, a fim de que o corpo permanecesse oculto.