BEBIDAS ALCOÓLICAS DESTILADAS

Metanol: clientes evitam pedir drinques em bares de BH

Com 225 casos de intoxicação por metanol no Brasil, entre investigados e confirmados, mineiros estão receosos e escolhem cervejas ou bebidas enlatadas

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O primeiro fim de semana depois do início das ocorrências de intoxicação por metanol no Brasil foi marcado por queda nos pedidos de drinques em bares e restaurantes de Belo Horizonte.

Até a noite do último domingo (5/10), o Ministério da Saúde contabilizava 225 casos de contaminação após a ingestão de bebidas alcoólicas. Em todo o país, são 16 casos confirmados e 209 em investigação. Ao todo, 12 estados e o Distrito Federal registraram notificações: Ceará (CE), Goiás (GO), Mato Grosso do Sul (MS), Mato Grosso (MT), Pernambuco (PE), Paraná (PR), Rondônia (RO), São Paulo (SP), Piauí (PI), Rio Grande do Sul (RS), Rio de Janeiro (RJ) e Paraíba (PB).

Do total de registros, 192 são de São Paulo (14 confirmados e 178 em investigação). Em relação aos óbitos, o país contabiliza 15 notificações, sendo dois confirmados no estado de São Paulo e 13 em investigação — sete em SP, três em PE, um no MS, um na PB e um no CE.

“O conhecimento de bebidas é muito pouco no Brasil. Estamos no país em que as pessoas estão mais acostumadas a beber rótulos do que realmente saber o que estão bebendo”, explicou o mixologista Conrado Salazar.

Em entrevista ao Estado de Minas, o especialista em bebidas explicou que o mercado paralelo de destilados é muito vivo no país. “Sempre existiu aquela coisa da ilegalidade. Só que existem vários tipos de falsificação. Uma coisa é colocar uma bebida barata em outra garrafa, o que é crime, errado e óbvio. Mas não vai te matar”, disse. “Outra coisa é você pegar um produto que é letal para a saúde, principalmente se consumido em grande escala”, completou.

Ele também está à frente de alguns estabelecimentos em BH, prestando assessoria no bar e café Bença Bençoi, por exemplo. O comércio, localizado na Região Noroeste de BH, registrou queda de quase 50% nos pedidos de drinques. “A queda foi bem grande. A galera está assustada, mas também existem aqueles que estão fazendo piadinha, falando ‘você quer com ou sem metanol?’ Mas a gente percebe que, mesmo quando vem a piada, ela vem de um medo intrínseco. A gente percebe isso nas pessoas”, contou.

Na tentativa de minimizar a situação e compartilhar informações verdadeiras sobre o assunto, o mixologista publicou um vídeo em suas redes sociais, explicando como os estabelecimentos estão trabalhando neste cenário, além de detalhar como os clientes podem se conscientizar sobre o tema.

“Tentei preparar as equipes de todos os bares que dou assessoria, fiz reunião com as equipes de garçons e expliquei o que era o problema, mas dei argumentos para eles falarem com os clientes”, disse. “Inclusive, no último sábado, no Bença Bençoi, tomei a liberdade de pegar o microfone, durante a pausa do show ao vivo, para falar com os clientes sobre isso. Acho que é a nossa obrigação. Trabalhamos também com hospitalidade, estamos cuidando dos clientes, não só vendendo”, finalizou.

A queda nos pedidos de drinques com destilados também foi registrada no Baixaria, bar localizado no Centro de BH. Ao EM, o sócio-proprietário do estabelecimento, Antônio Mello, descreveu a situação como algo “surreal” e “bizarra”. “Vendemos 30 drinques na sexta e no sábado. Normalmente, a gente venderia 200 em cada dia. Foi surreal, muito consumo de cervejas e bebidas em lata”, contou.

Cenário é preocupante, mas há empresários otimistas 

“Acredito que, neste cenário, o produtor local ainda sai na frente. Uma pessoa que falsifica esse tipo de bebida vai utilizar o nome de marcas grandes, conhecidas. Uma dica é o cliente começar a buscar produtos que tenham mais segurança, que têm essa parte comercial: os produtos locais, né? Que é a compra feita diretamente com o produtor”, explicou o mixologista Conrado Salazar.

Para o proprietário do “Bebedouro - Bar e Fogo”, na Região da Pampulha, Diogo Manfredini, a queda no número de clientes foi pouco expressiva no estabelecimento. “As pessoas compareceram, mas uma boa parte do público optou por vinho e chopp. Elas preferiram não tomar os destilados, por mais que saibam da procedência dos produtos que a gente oferece; em função dessa incerteza, optaram por outras opções de bebida”, contou.

A variedade de drinques foi o diferencial para driblar a crise, explicou Diogo. “Temos vários drinques que não são feitos com destilados. Temos, por exemplo, com espumante, que inclusive saiu bastante. As pessoas conseguiram consumir com tranquilidade, porque a nossa carta é bem completa”, disse.

Já na Região Leste da capital, o bar Ofélia também registrou uma queda de 30% no número de clientes no último fim de semana. Mas quem visitou o local bebeu normalmente, explicou o diretor criativo do estabelecimento, Bruce Moreira. “Quem foi lá bebeu normalmente. Estamos há quatro anos no mercado, então as pessoas sabem que só compramos de fornecedores oficiais e homologados. A gente tem contato direto com as grandes indústrias e também trabalhamos com destilados nacionais”, disse.

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Porém, Bruce segue positivo e acredita que o fluxo de clientes deve voltar ao normal nos próximos dias. “Acho que houve esse primeiro susto das pessoas, mas acredito que, a partir de agora, ainda mais por não termos casos confirmados em Belo Horizonte, tudo isso vai se estabilizar.”

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