O influenciador Lucas Vinicius de Oliveira Reis foi condenado a pagar R$ 37.034 por dano material e R$ 100 mil por dano moral coletivo. Ele foi o responsável por realizar, em maio de 2024, uma “caça ao tesouro” na Praça do Papa, no Bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul da capital mineira, que resultou na depredação do espaço. À época, o influenciador divulgou que havia escondido a chave de uma motocicleta na praça e alegou que, quem a encontrasse, ficaria com o veículo. Cabe recurso à decisão.

A sentença, em 1ª instância, foi proferida pelo juiz Danilo Couto Lobato Bicalho, da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (10/11). A ação civil pública foi ajuizada pelo Município de Belo Horizonte.

O Executivo municipal pleiteou que o pagamento de indenização material fosse estipulado no valor de R$ 37.034 e o de indenização por danos morais coletivos no montante de R$ 370.346.

Na decisão, ao estipular os valores das indenizações, o magistrado explica que a multa por danos materiais refere-se aos custos de reparação da Praça Governador Israel Pinheiro, conhecida como Praça do Papa. Quanto ao dano moral, Bicalho afirma que foi estabelecida dada “a ofensa ao patrimônio cultural, estético e paisagístico da coletividade”.

O juiz determinou que o valor da condenação por dano moral coletivo seja revertido em favor do Fundo Municipal de Cultura.

O magistrado também confirmou a tutela de urgência concedida para proibir permanentemente o réu de “realizar ou promover qualquer tipo de evento, aglomeração ou atividade em espaços públicos no Município de Belo Horizonte sem a prévia e expressa comunicação e autorização formal dos órgãos municipais competentes”.

Estragos

Com o anúncio do “caça tesouro” de Lucas Vinicius de Oliveira Reis, que à época tinha cerca de 256 mil seguidores, dezenas de pessoas, na euforia para encontrar o prêmio, causaram danos à praça. Entre os estragos apontados na decisão que condena o influenciador, estão a “depredação do letreiro luminoso ‘Belo Horizonte’, tampas de caixas elétricas, grades de proteção de iluminação, piso cerâmico, plantas ornamentais e, de forma alarmante, a destruição de ninhos do pássaro João de Barro”.

À época, o então prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, publicou em sua conta no X (antigo Twitter) que havia tomado conhecimento "de que um influenciador digital, de maneira irresponsável, promoveu um evento que terminou com depredações na Praça do Papa. A prefeitura já está acionando o MPMG e tomando as medidas judiciais cabíveis para penalizar os responsáveis".

De acordo com o Município de Belo Horizonte, autor da ação civil, o evento foi realizado sem qualquer comunicação ou autorização prévia por parte dos órgãos públicos municipais ou autoridades de segurança.

Na decisão, consta que Lucas Vinicius de Oliveira Reis alegou que, ao perceber o risco de depredação, suspendeu a ação e se prontificou a repará-los. Contudo, argumentou que a praça já se encontrava em obras de revitalização e que os elementos danificados foram demolidos ou seriam reformados, tornando a pretensão ressarcitória inútil, conforme a sentença. O influenciador defendeu que não houve responsabilidade direta e atribuiu os danos exclusivamente a terceiros.

Em resposta, o Executivo municipal reconheceu que a empresa contratada corrigiu alguns danos durante as intervenções da revitalização, mas afirmou que os atos de depredação provenientes da “caça ao tesouro” “acarretaram custos adicionais para a execução das correções”.

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“O Ministério Público, em Parecer Final, opinou pela procedência integral da ação, ratificando a natureza objetiva da responsabilidade civil do Réu e a necessidade de indenização por danos materiais e morais coletivos, dada a lesão ao patrimônio cultural tombado”, consta na decisão.

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